Bom dia,
Hoje é sexta-feira (24.04). O Brasil acordou hoje superando a barreira dos 3.000 mortos em decorrência da Covid-19. Mais que isso, os dados de vítimas fatais, e de pessoas comprovadamente infectadas acelera a ocorrência, demonstrando que ainda estamos muito longe do pico da pandemia. E como o Brasil é um país muito estranho, esta aceleração da pandemia do Covid-19 ocorre exatamente quando a polêmica questão do isolamento social vai sendo progressivamente abandonada, especialmente, no que se refere às maiores cidades brasileiras. São Paulo, por exemplo, maior cidade do país e centro nevrálgico da pandemia, registrou ontem, apenas 48% de isolamento das pessoas. Suas principais ruas, avenidas e logradouros (inclusive, a famosa Cracolândia, que está apinhada de usuários e traficantes) estão cada dia mais gente e veículos.
E enquanto a economia brasileira continua quase parada, mesmo com a minguante prática do isolamento social, os políticos tupiniquins não param de criar crises. Hoje, o país acorda com mais uma notícia, que pode resultar em mais confusão no âmbito do governo. Depois de um dia de idas e vindas, ainda na madrugada de hoje, o Diário Oficial da União (DOU), que agora é só eletrônico, e por isso circula com mais rapidez, publicou decreto presidencial com a exoneração de diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. E embora a demissão tenha sido, oficialmente a pedido, e assinada também pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, informações de bastidores dizem que ela ocorreu à revelia do ex-juiz.
INDÍCIOS Parece que, decididamente, o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (sem partido), está querendo mudar o perfil de seu governo, mesmo nestes tempos de pandemia da Covid-19. No começo do atual governo, dois nomes eram considerados como referência na composição do ministério: Sérgio Moro – o principal juiz da operação Lava Jato, e utilizado como sinal de que o combate a corrupção e à violência no país seriam prioridades de governo-; e Paulo Guedes, como o czar da economia, e sinal de que o controle das contas públicas continuariam como prática na administração federal. Pois bem, os dois estão sendo fustigados pelo próprio governo.
GUEDES 1 Já comentamos neste espaço, que Paulo Guedes dificilmente continuaria no governo Bolsonaro depois da pandemia do Covid19. E aí, não se tratava de questões pessoais, ou políticas, mas, em decorrência de suas ideias a respeito de como funciona a economia. Paulo Guedes é liberal, monetarista e um defensor das forças de mercado como capazes fazer a economia funcionar adequadamente. A pandemia provocada pela Covid-19 exigiu o aumento dos gastos públicos, especialmente, do governo federal, e o controle destes gastos era a pedra angular da política econômica de Guedes e sua de equipe. E isso, decididamente, exigirá um novo comandante da política econômica do governo Bolsonaro, que pense diferente do atual ministro.
GUEDES 2 E antes mesmo que o cenário da economia brasileira ficasse mais agravado -existe uma previsão de que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil tenha uma queda de 5% este ano-, o presidente da República mudou, na prática, o comandante da política econômica de seu governo. Tirou de Guedes a função de ideólogo e guru econômico -e ele, Bolsonaro, disse várias vezes isso de seu ministro da Economia-, e colocou no seu lugar, o chefe da Casa Civil, o general Braga Neto, que defende o aumento dos gastos e do endividamento, se isso for necessário para a retomada da economia brasileira Guedes deve estar apenas aguardando o momento mais oportuno para deixar o governo.
MORO 1 Quando anunciou Sérgio Moro como ministro da Justiça e Segurança Pública, o presidente Jair Bolsonaro disse que ele teria carta branca para formar sua equipe ministerial. Já o deixou em saia justa, ao anunciar também que o ex-juiz seria indicado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) na primeira vaga que surgisse com a morte ou aposentadoria de uma dos onze atuais ministros. Aos poucos, Bolsonaro foi sinalizando que apesar da autonomia dada a Moro, ele não abriria mão de vetar, ou mesmo indicar, alguns nomes da equipe do ministro. Além disso, chegou a vetar dispositivos legais em leis aprovadas pelo Congresso Nacional contra a orientação de seu ministro da Justiça.
MORO 2 Não é de agora a insatisfação do presidente da República, e de sues familiares, com a presença de Maurício Valeixo à frente da Diretoria-Geral da Polícia Federal. Sua demissão só foi adiada por conta da pressão do ministro Sérgio Moro e isso incomodava o presidente e as pessoas que lhes são mais próximas. A exoneração oficializada hoje é uma espécie de recado para Moro, que se quiser ficar, terá de entender que seu papel de protagonista no governo Bolsonaro já passou, e aparentemente, sem resultados muito expressivos. Ah! Sim, um dos nomes mais cotados para ser diretor-geral da Polícia Federal é Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Nacional de Inteligência e que já foi superintendente da PF em Roraima.
LOCAIS Por aqui, a única novidade é o rebatizado do Auxílio Alimentação, que agora passar a ser chamado de Renda Cidadã. É só.