Bom dia!
Hoje é terça-feira (28.04). E os brasileiros e as brasileiras acordam este manhã sabendo que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) ensaia um recuo estratégico no seu governo para amainar a crise criada em torno de demissão barulhenta de seu ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Como todos sabem, Moro fugiu à regra, quase sempre prevalecente entre os políticos, e resolveu dar sua versão para a saída do governo; e fez mais ainda, revelou pressões que teria sofrido do presidente para mudar o diretor-geral, e alguns superintendentes regionais da Polícia Federal em função desses agentes de Estado adotarem condutas que contrariavam a condução de processos apuratório que feriam os interesses do presidentes, correligionários e familiares de Bolsonaro. A forma como Moro saiu atirando criou uma enorme confusão e consequências que podem resultar em dores de cabeça para o presidente.
Aconselhado por seus auxiliares mais leais e próximos Bolsonaro decidiu que estava na hora de apagar um início de outro incêndio que ameaçava seu governo. O mercado e muitos políticos já davam como certa a demissão do poderoso ministro da Economia, Paulo Guedes, depois que Bolsonaro criou uma força tarefa, comandada pelo general Braga Neto, chefe da Casa Civil da Presidência da República, encarregada de elaborar o programa Pró-Brasil, um conjunto de propostas para reanimar a economia brasileira após a pandemia do Covid-19. Essas propostas, ainda sem ideia de conjunto, indicavam que o governo afrouxaria o controle dos gastos públicos.
Sem ser convidado para opinar -sequer compareceu à cerimônia de lançamento no Palácio do planalto-, Guedes e sua equipe “rosnaram” e ameaçaram abandonar o barco. Ontem, segunda-feira (27.04), um constrangido Jair Bolsonaro, realizou uma cerimônia no Palácio do Planalto, para dizer aos brasileiros e às brasileiras que no seu governo o único a decidir sobre matéria de economia era Paulo Guedes, que lépido e faceiro após o pronunciamento presidencial, voltou a falar em combate a pandemia e ao receituário de contenção dos gastos públicos e a necessidade de reformas a serem negociadas com o Congresso Nacional. Na retaguarda dos presentes, um sorriso amarelo marcava a face do ministro Tarciso de Fretas, que anunciara R$ 10 bilhões a mais de gastos públicos por conta do Pró-Brasil.
Na outra ponta, Bolsonaro recuou também na nomeação de um amigo dileto, o atual chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República -uma pessoa de estreita ligação do presidente, e de seus familiares-, para o lugar de Sérgio Moro. Jorge Oliveira, advogado e major da reserva da Polícia Militar de Brasília, chegou a ser anunciado como novo ministro da Justiça e Segurança Pública, mas o Diário Oficial da União, que foi publicado eletronicamente esta madrugada traz o nome de advogado-geral da União, André Mendonça para substituir Sérgio Moro. O recuo foi em decorrência de pressões que vieram do interior do governo e do Congresso Nacional.
FILIAÇÃO E o presidente Jair Bolsonaro deu mais uma prova de aproximação com o chamado Centrão, um grupo de partidos da direita conservadora e de práticas fisiológicas, que fazem maioria tanto na Câmara dos Deputados e Senado Federal. Os filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro e deputado federal Eduardo Bolsonaro assinaram a ficha de filiação do Republicanos, depois da inviabilização da criação do Aliança Pelo Brasil, partido idealizado pelo Palácio do Planalto. O Republicanos é um dos principais partidos do Centrão, sendo presidido nacionalmente pelo deputado federal Marcos Pereira, que foi ministro do extinto Ministério da Indústria e do Comércio, no governo de emedebista Michel Temer.
AQUI A filiação dos filhos do presidente no Republicanos deve ter reflexos na política local, e nas eleições municipais de Roraima. Presidido no estado pelo senador Mecias de Jesus, o partido já definiu como candidato à Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV) o atual secretário estadual de Planejamento e Desenvolvimento, Marcos Jorge. Denílson Bolsonaro, tipo como representante dos Bolsonaro em Roraima também se filou ao Republicanos. E tudo indica, por isso mesmo, que o governador Antonio Denárium (ainda sem partido), mas que segue estritamente as vontades presidencial deve ter Marcos Jorge como candidato governista à PMBV. Amanhã contamos mais.
NÃO RECUOU Mas, o presidente da República não recuou da nomeação do delegado federal Alexandre Ramagem para a Direção-Geral da Polícia Federal, embora as pressões contra esta nomeação fossem ainda maiores que aquelas existentes sobre a indicação de Jorge Oliveira. Ramagem teve passagem por Roraima, como superintendente regional da Polícia Federal. Foi ele, a maior autoridade da polícia judiciária eleitoral nas eleições da 2010, que foi marcada entre outras coisas, pela apreensão de uma mala com cerca de R$ 150 mil, jogada num matagal por um motorista de um veículo que saía do escritório eleitoral do então senador Romero Jucá (MDB), candidato à reeleição. Apesar das robustas evidências, os juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) mandaram arquivar o inquérito feito pela Polícia Federal por falta de provas.