MARECHAL RONDON E A ESPADA MACUXI
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O Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, no dia 02 de novembro de 1927, veio à esta região do vale do rio Branco (Roraima), em viagem de inspeção à “Linha demarcatória de Fronteira ao Norte” e também fiscalização nas tarefas ligadas ao “Serviço de Proteção aos Índios – SPI”, que funcionava no prédio da Fazenda São Marco, na área da Raposa/Serra do Sol.
Rondon escalou o Monte Roraima até o seu ponto mais alto, onde deixou dentro de uma garrafa lacrada com cera de abelha, ao lado de um Marco de fronteira, uma cópia do seu “Diário de Viagem”. Em seguida, desceu o Monte e explorou o vale do rio Uraricoera e toda a região do Parima, onde visitou e fez amizade com várias tribos.
O Marechal Cândido Rondon e o Etnógrafo João Batista de Faria, elaboraram o “Glossário Geral das Tribos Silvícolas da Amazônia e das tribos de Mato-Grosso e do Norte do Brasil”, publicado em 1948 pela Imprensa Nacional, no Rio de Janeiro, sob o nº. 76 – Anexo nº. 5 – Etnográfica /Tomo I.
No dia 24 de maio de 1930, Rondon retornou à Roraima, desta vez, chefiando a “Comissão Brasileira de Demarcação de Fronteira (CBDF), Setor Norte, turma do rio Maú”, registrando com marcos feitos de cimento a nossa fronteira com a Venezuela e Guiana.
Em visita à aldeia Maturuca, na área indígena Raposa/Serra do Sol, onde foi colocado também um marco, Rondon deu de presente ao tuxaua-geral da comunidade “Ticoça”, Melchior Gregório da Silva, um fardamento completo e uma Espada (na qual tem gravada a efígie do próprio Rondon) em reconhecimento ao apoio recebido. Pelo mesmo motivo, também presenteou com uma espada ao tuxaua Amaro, da aldeia Pedra Preta – próxima da Vila Água Fria.
Em suas andanças pela região do Maú, Rondon manteve contato com Severino Mineiro (fundador do Uiramutã); com o fazendeiro “velho Dandãe”; com Pedro Rodrigues e com outros que lhe serviram de guia.
À época de Rondon, quem guarnecia as fronteiras do Brasil pelo rio Maú era o paraibano Severino Mineiro (Severino Pereira da Silva) que havia fundado a Vila Socó, em 1908, e a Vila Uiramutã em 1911. Severino era um paraibano-roraimado: casou com a índia de nome Semari, da etnia Macuxi e, quando enviuvou, casou com a sobrinha desta, chamada Vitória. E, o cearense “velho Dandãe” (João Evangelista de Pinho), casou com a índia Amélia; depois com a índia Paula; depois com Luiza dos Remédios; e, por último, com a viúva de Cícero Gelb Lima, a senhora Estela Souza Cruz Lima (filha de Dejanira e de Moisés de Souza Cruz). E, o Cici Mota (filho de Vitor Mota), casou com a Mariinha, filha de Severino Mineiro com a índia Semari.
Quanto a Cândido Rondon, este nasceu a 05/05/1865, em Mimoso, próximo a Cuiabá, Mato Grosso. Era filho de Cândido Mariano da Silva e Claudina de Freitas Evangelista da Silva. Rondon perdeu o pai antes de seu nascimento e a mãe quando tinha dois anos de vida, tendo sido criado por seu avô e um tio, de quem herdou e incorporou o sobrenome “Rondon”. Aos 16 anos de idade Rondon ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha (Rio de Janeiro) E, aos 23 anos, foi promovido a Aspirante-a-Oficial.
Durante sua vida Rondon dedicou-se a ligação dos mais afastados pontos da fronteira e do sertão brasileiro aos principais centros urbanos e à integração do indígena à civilização. Desbravou mais de 50.000 km de sertão, e estendeu mais de 2.000 km de fios de cobre pelas diversas regiões do país, ligando as mais longínquas paragens brasileiras pela comunicação do telégrafo.
Como indigenista, pacificou tribos, estudou os usos e costumes dos habitantes dos lugares percorridos, e participou da criação de medidas legais de proteção aos silvícolas. Tanto que, no dia 07 de setembro de 1910, foi nomeado diretor da Fundação do Serviço de Proteção aos Índios-SPI, instituição precursora da atual Fundação Nacional do Índio – FUNAI.
Rondon teve a glória de ter o seu nome escrito em letras de ouro maciço no Livro da Sociedade de Geografia de Nova Iorque, como o explorador que mais profundamente penetrou em terras tropicais. E, no Brasil, na Sessão Solene do Congresso Nacional de 5 de maio de 1955, já com 90 anos de idade, Rondon recebeu as insígnias do posto de Marechal.
O bravo militar faleceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de janeiro de 1958, aos 92 anos. Por merecimento recebeu o título de Patrono da Arma de Comunicações do Exército Brasileiro, sendo a data do seu aniversário (05 de Maio), tomada como o Dia Nacional das Comunicações. Seu nome abrilhanta o 8º Batalhão de Engenharia de Construção – sediado no Amapá.
Também, em sua homenagem, o antigo Território Federal do Guaporé mudou o nome para: “Território Federal de Rondônia e depois para Estado de Rondônia”. Há, ainda, cidades, escolas, praças e ruas que tem seu nome.
Em Boa Vista, a Rua Marechal Rondon está situada ao lado da Escola Barão de Parima, no Bairro Calungá.
Rondon nos deixou a célebre frase: “Morrer, se preciso for. Matar, nunca”.