Bom dia, Hoje é quinta-feira (07.05). Muitos brasileiros e brasileiras acordam hoje assustados com o número recordes de mortes provocadas pelo covid19. Foram mais de 600 nas últimas 24 horas, e hoje o número total de mortes deve ultrapassar 9.000. E quase todos, especialistas ou palpiteiros, estão convencidos de que o registro dessas mortes está longe de espelhar a realidade, ou seja, já morreu muita mais gente por conta do Covid19. O pior é que além da dor dos que já perderam entes queridos soma-se a angústia daqueles que não sabem com segurança quando serão infectados; e qual a intensidade de reação de seus organismos depois de infectados pelo vírus. Estamos tateando uma estratégia para o enfrentamento dessa tragédia, sem ninguém com conhecimento suficiente para indicar o caminho. Temos imprecisão de atitudes por parte do governo federal, que trocou de ministro da Saúde, mas não resolveu a polêmica entre o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e sua própria equipe de governo em torno do chamado isolamento social. Henrique Mandetta -que tinha controle e liderança absoluta de sua equipe-, foi demitido por discordar abertamente do presidente da República quanto à extensão do isolamento social; seu sucessor, Nelson Teich -que está sendo cercado de assessores militares, muitos dos quais sequer conhece-; até hoje não disse, claramente, qual sua posição quanto a estratégia de utilizar o isolamento social como principal arma para combater a pandemia. Como técnico não quer contrariar a esmagadora maioria de cientistas e especialistas; como gestor não pode partir para o enfrentamento com seu chefe, o presidente Jair Bolsonaro, que já mostrou não aceitar com facilidade ser contrariado. E nós, aqui em Roraima? Embora tenhamos o registro de 14 mortes causadas pelo Covid19, que em termos absolutos parece pequena -mas quando relativizada ao tamanho da população o estado é o segundo com mais mortes, perdendo apenas para o Amazonas-, a situação parece ser grave, e com possibilidade de agravamento. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), principal instituição encarregada de gerenciar o enfrentamento da pandemia em Roraima, está de secretário novo – que sequer pode se dedicar inteiramente ao cargo, pois é também secretário de Segurança Pública-, o anterior foi abatido por conta das denúncias de corrupção em compras de respiradores mecânicos e de máscaras, sem licitação e com indícios de superfaturamento nos preços. E tome superfaturamento nisso. Estamos numa nau sem rumo, e sem comandante.
SEM CONSEQUÊNCIAS As denúncias feitas por alguns deputados estaduais, que integram o chamado Bloco da Maioria -conjunto de 10 parlamentares formado no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado (ALE)-, sobre os indícios de corrupção nas compras e contratos firmados pelo governo estadual, sem licitação, para aquisição equipamentos e serviços necessários ao enfretamento do Covid19, não pode ficar sem consequências. Elas são muito graves, e partem de parlamentares que têm acesso a documentos, e que conhecem como as coisas funcionam no atual governo. E as consequências vão muito além de respostas evasivas do governo, mas alcançam os órgãos de fiscalização e controle que têm a obrigação de conferir a eventual responsabilidade de quem não respeita a dor e a angústia de milhares de pessoas.
NOMINARAM Os deputados Dhiego Coelho (PTC) e Jânio Xingu (PSB) nominaram presumíveis responsáveis -um secretário e o próprio governador-, pela prática de corrupção na compra de equipamentos, máscaras e contratação de serviços por parte do governo estadual. Como dirigentes públicos, os acusados têm o dever de provar que estão sendo acusados injustamente -é bom lembrar a velha história do imperador romano César-, podendo até mesmo recorrer à justiça. Os acusadores têm a obrigação de aprofundar as investigações para provar que falam a verdade. A única alternativa é inaceitável: esperar o tempo passar, para empurrar a sujeira para debaixo do tapete e fazer com que tudo seja esquecido. Sem esquecer a responsabilidade que têm para continuar o enfrentamento à pandemia, essa gente, acusados e acusadores, tem de levar à cabo, o que dela se espera.
AMEAÇAS Essa história de deputados estaduais acusando, nominalmente, integrantes do governo estadual de prática de corrupção em compras e contração de serviços para enfrentamento da pandemia causada pelo Novo Coronavírus, faz lembrar as acusações trocadas reciprocamente entre o deputado estadual Renato Silva (Solidariedade) e o chefe da Casa Civil do governo, Disney Mesquita. O primeiro, disse da tribuna da ALE, que havia sido ameaça de morte a mando do segundo; já o segundo acusou o primeiro de práticas não republicanas nos entendimentos com o governo. Ambos prometeram provar, o que disseram. Mas, o tempo passou, e tudo continuou como dantes, neste quartel de Abrantes. Os políticos têm a absoluta convicção de que o povo tem memória curta. Será?
DEPOIS Ah! Sim. Alguns leitores pediram que fossem feitos comentários, cá na Parabólica, sobre o pacote de ajuda do governo federal, especialmente quanto a Roraima. Como o presidente ainda vai sancionar as medidas, vamos esperar para ver de vetos serão feitos.