Bom dia!
Hoje é sexta-feira (08.05). O Brasil, e Roraima não é diferente, acorda nas últimas semanas contanto os mortos e os contaminados com o Novo Coronavírus. Os números assustam especialmente por conta da forma como boa parte da imprensa faz questão de mostrar uma realidade, que por si só já é aterrorizante. Especialmente, a televisão, procura catar cenas e enredos fortes para induzir a população mais pobre, a manter o isolamento social, já definido consensualmente como a única estratégia para evitar a aceleração do contágio. Além da criação de um ambiente tenso e triste entre os brasileiros e brasileiras, a massificação dessas informações tem o condão de obrigar, especialmente os mais pobres a optar entre tentar evitar o contágio e ver filhos sem ter mais o que comer por falta de renda. Tanto que essa gente faz filas quilométricas nas agências da Caixa Econômica Federal (CEF) para receber o auxílio de R$ 600/1.200 criado em boa hora, pelo governo federal, muitos sem máscaras e sem guardar a distância prudencial entre si.
De qualquer forma, a semana termina com a sensação de que o governo federal ainda tenha recursos financeiros suficientes para enfrentar a pandemia. A transferência do chamado Coronavaucher para mais de 50 milhões de pessoas; a ajuda bilionárias aos bancos -eles sempre são muito bem protegidos-; e o auxílio as empresas -pequenas, médias e grandes-, bem demonstram a força do governo federal em termos da disponibilidade de recursos. E para completar, vai chegar nos próximos dias à mesa do presidente Jair Bolsonaro, o Projeto de Lei aprovado pelo Congresso Nacional que fixa valores (R$ 120 bilhões) e regras, para a transferência de dinheiro para estados e municípios. E neste caso, a vítima principal serão os funcionários públicos, que ficarão até o final de 2021 sem reajuste salarial. E, sem as exceções criadas pelos congressistas, conforme promessa do presidente da República, sob inspiração do ministro Paulo Guedes.
TODO PODEROSO
Pelo menos, uma consequência é bem visível depois da demissão do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro: o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a ser o todo-poderoso comandante da economia brasileira. Quase fora do governo Bolsonaro, depois que o presidente criou por decreto um grupo de trabalho comandado pelo chefe da Casa Civil, General Braga Neto, para elaborar o natimorto programa Pró-Brasil; Guedes tem aparecido sorridente ao lado do chefe do Executivo, e recebido publicamente o reconhecimento de que é ele quem manda na política econômica do governo federal. Tomara que ele amplie seu conhecimento sobre a realidade brasileira.
MOSTRADA
Aliás, a verdadeira realidade brasileira é esta que está sendo mostrada como consequência da pandemia da Covid-19. São milhões de pobres, desempregados estruturalmente -e não só em decorrência da pandemia-, ou vivendo no subemprego, que não lhes permite ficar poucos dias sem auferir renda. O Brasil, e Guedes e sua equipe, precisam enxergar; vai muito além dos chamados desejos e expectativas do mercado. O Brasil é uma população de cerca de 150 milhões de pessoas fora, ou parcialmente fora, do mercado consumidor interno. E aqui, não se trata do debate intenso entre esquerda e direita, que se verifica hoje no país. Trata-se de enfrentar uma situação insustentável, do ponto de vista social e econômico. Puro e simples.
GRANA
Os dirigentes públicos, do estado e dos municípios, roraimenses não têm do que reclamar em matéria de recursos disponíveis -e que serão disponibilizados-, pelo governo federal para o enfrentamento da Covid-19. Segundo estimativas do Senado Federal, para Roraima serão disponibilizados nada menos de R$ 472 milhões -R$ 363 milhões para o Governo do Estado e R$ 109 milhões para os municípios) que serão transferidos pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). A transferência dar-se-á em quatro parcelas -será injeção direta de dinheiro novo no caixa do estado e dos municípios-, que não estavam no orçamento em vigência. “É dinheiro prá Dedéu”, diria nosso colunista e refinado intelectual, o mestre Afonso Rodrigues.
CORRUPÇÃO
Existe tanto dinheiro público à disposição dos governos estaduais e municipais para o enfrentamento da Covid-19, que escândalos de corrupção pipocam em todos os cantos do país. No Rio de Janeiro, meia dúzia de gestores e funcionários públicos já estão presos pela polícia civil de lá. Aqui, alguns deputados estaduais dizem ter provas robustas de compras superfaturadas, contratos de prestação de serviços milionários e equipamentos pagos e não entregues, pela administração estadual. Eles precisam dar consequências a tais acusações para que não cresça a impressão de que estão fazendo isso, apenas por estar fora do banquete.
ATINGIDOS
Segundo o Sindicato dos Servidores de Profissionais Enfermagem do Estado de Roraima, até ontem, nada menos que 120 profissionais do setor de saúde (60% são enfermeiros) já estão infectados pelo Covid-19. O sindicato também denuncia que esses profissionais não estão recebendo o teste necessário para verificar a contaminação.