Opinião

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COISAS DE MOACIR AUGUSTO

Walber Aguiar*

“Eu não tenho ídolos. Tenho admiração por trabalho, dedicação e competência” (Ayrton Senna)

Era inverno. Corríamos pela rua Coronel Mota, comíamos ingá e tomávamos banho de chuva, juntamente com todos os outros curumins. As peladas eram nosso principal passatempo, naquele tempo de lazer e ludicidade. Afinal, a mente é sã, dentro de um corpo são, pronto a resistir às intempéries, dificuldades e adversidades da vida. Era o tempo de buscar saúde física e psicológica.

Moacir era o grande corredor da turma, um atleta amador, um adolescente cheio de qualidades e capacidade física, embora magro e sem porte atlético de competidor. Depois foi para Batatais, São Paulo, onde concluiu o curso de Licenciatura plena em educação física, com mestrado na Universidade de Matanzas Camilo Cienfuegos, em Cuba. Obteve cursos de Especialização em Comércio Exterior, na Universidade Católica de Brasília. Também teve contato com a terra, ao concluir o Curso Técnico na Escola Agrotécnica Federal de Manaus.

Com os pés e as mãos na terra, o atleta ganhou várias medalhas, por seu desempenho e participação nos mais variados eventos dentro e fora de Roraima. Inúmeros certificados de honra ao mérito, por sua dedicação e galhardia em todas as maratonas e congressos por esse Brasil e mundo a fora.

Também colecionou ao longo de sua carreira nos desportos, variadas publicações, no que diz respeito à educação física, desde o trato com crianças até análises de futsal e natação, o que corrobora sua grandeza nesse universo do corpo são em mente sã e outras especificidades do trabalho magisterial com a saúde do físico e da alma, pois o esporte é antídoto para o ócio, o qual é a raiz de todos os vícios.

Sempre representou o IFRR como diretor de extensão, em programas especiais e ação inclusiva, chefe de gabinete e ex- pró-reitor de extensão e relações institucionais do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul. Também foi coordenador do curso de licenciatura em educação física, do Instituto Federal de Educação de Roraima, entre outros.

Moacir, sempre companheiro e pronto a ouvir os amigos e alunos com serenidade, busca aperfeiçoar o diálogo e  a vida, enquanto salta por sobre os obstáculos e adversidades que se apresentam, as pedras no caminho, de Carlos Drummond de Andrade.

Vizinho de uma vida inteira na Rua Coronel Mota, cresceu  numa contínua grandeza e lealdade no trato com as palavras e com a experiência, durante o discurso e a prática, quando embarcou na arte, no ofício de ensinar e aprender , de reter e portar o conhecimento e a sabedoria de lidar com gente, com aqueles que se dispõem a amealhar todo tipo de vivência boa e aprendizado.

Moacir, o Augusto, o iluminado, pelo fato de portar a luz do conhecimento e a vontade de cumprir sua missão nesse mundo: clarear a escuridão da ignorância no que tange ao aprendizado da vida e da política do corpo, que faz com que vivamos mais tempo e com maior qualidade de vida…

Diante de todo esse quadro pintado pelo existir, e dessa trajetória quase irretocável, porém simples e ética, reitero o nome do professor e amigo Moacir Augusto de Souza para Diretor Geral do Instituto Federal de Roraima.

Era inverno, a vida se deixava regar e desenvolver por gente boa, leal, interessante; por um roraimense orgulho de sua terra, dessa terra de muito verde e esperança…

*Advogado, historiador, poeta, professor de filosofia, membro do Conselho de Cultura e membro da Academia Roraimense de Letras. Email: [email protected]

AGUENTA FIRME 

Marlene de Andrade*

“Não furtem; Não mintam; Não enganem uns aos outros” (Levítivo 19:11)

Aqui no Brasil, bandidos transvestidos de políticos, matam a população há anos, delapidando o cofre público, deixando assim o povo, na sua grande maioria, sem ter acesso a uma saúde de boa qualidade e por que isso não dá em nada? Educação? Deveria ser denominada de deseducação, pois é de baixíssima qualidade. Será que podemos fazer o que, frente essa nova era que se aproxima e que vem pouco a pouco se instalando no mundo inteiro, onde os precursores do anticristo estão atuando a todo vapor? 

Aqui no Brasil malas encontradas com 52 milhões não é crime; a China de olho nas nossas riquezas pode; pessoas falecidas por motivos variados com diagnóstico da Covid-19 é válido; dezenas e centenas de crimes prescrevendo nos Tribunais Superiores é justiça; Lula condenado, mas estando  solto também é justo; ivermectina agora só pode ser vendida com receita, mas a maconha e outras drogas ilícitas rolam descaradamente às soltas; “barões” do mundo político respondendo a processos sem que nada lhes aconteça é normal e justo; sindicalista do Sindicato dos Bancários de Mossoró lamentou  que Bolsonaro não tenha levado mais três facadas e isso não é crime; dinheiro na cueca é porque não deu tempo de depositar e por isso fica justificado; prisão arbitrária de críticos tá de boa; cerco à liberdade de expressão pode e entre outros: usurpação de poderes, dizem os corruptos: nada a ver… Sendo assim, nos resta engolir tudo isso e pagar essas contas quietinhos, sem dizer nada?  

Quanto à roubalheira, a qual se institucionalizou em nosso país à custa dessa maldita pandemia, os corruptos, nada dizem.  Aqui é o país que tudo pode inclusive roubar a merenda escolar e ficar tudo por isso mesmo. É uma baderna institucionalizada de forma, literalmente espantosa. Estamos debaixo do “poder” legislativo, o qual “governa” juntamente com o STF em causa própria e aí, como sair dessa desgraça toda? Continuar caminhando, para não surtar é o jeito, ou podemos fazer alguma coisa para mudar esta nossa triste realidade? 

Parece que o Brasil está caminhando a passos enormes para se transformar num país comunista aos moldes da China e entre outros, Venezuela. Volto então a perguntar, a quem souber responder: fazer o quê?  À luz desta realidade, escandalosa e maldita, fico a me perguntar: será que esses ladrões institucionalizados não têm medo das mãos de Deus? Será que eles pensam que nunca irão pagar por seus erros e roubos?  

*Médica do Trabalho

APRENDENDO COM A VIDA

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo, e nunca se arrepende” (Leonardo Da Vinci)

Confesso que me preocupei, ontem, no café da manhã. E no silêncio da comodidade me perguntei: será que estou envelhecendo? Aí olhei pra a Salete e ela me olhava, em rabo do olho. Contive o riso, sem mastigar o cuscuz. Pensando se deveria comer, lembrei-me de episódios que venho vivendo, há muito tempo. O que me deixa na dúvida. Acho que já falei pra você, do dia em que fiquei um tempão procurando, no guarda roupa, uma camisa que não fosse branca. Eu não queria sair com camisa branca. Tive que recorrer à dona Salete. Ela gritou lá da cozinha: – Aí tem uma, verdinho claro.  – Tem não. – Tem sim!

Depois de longo tem-não tem-sim, ela veio até mim, tirou a camisa, do guarda roupa, e falou quase a esfregando no meu nariz:  – O que é que é isso? O que é que é isso?  Rimos, vesti a camisa e saí. Ontem no café aconteceu o pior. Em um prato à nossa frente estava um cuscuz lindão. E adivinha quem o fez. Esfreguei as mãos e falei para a dona do pedaço:  – Passa aí pra mim. – Passar o quê? Apontei para o cuscuz e falei, mandão: – A água, claro! – Mas que água? Aqui não tem nenhuma água! Já brabo, apontei para
o cuscuz e falei quase gritando: – E o que é que é isso? Não é água não? Ela não falou nada. Apenas ficou me olhando pra ver se eu estava brincando. Mas eu não estava. E só me toquei quando ela, de olhos arregalados, falou: – Ai… Meu Deus! Ele está envelhecendo! 

E só aí a ficha caiu. E não pude evitar a explosão do riso. E ele foi tanto que não consegui mais comer o cuscuz que confundi com água. Ela percebeu que eu não estava brincando, e caiu no riso. Rimos muito e, com certeza, a família toda, em Roraima, São Paulo, Natal, Rio de Janeiro, já está sabendo disso. E pra não preocupar você, estou me antecipando. 

Deixei o cuscuz para a tarde e logo fui para a varanda. É ali que ponho os pensamentos e as ideias a voarem, buscando o que tive de melhor em minha juventude que anda, sei lá, por onde. Mas não se preocupe. Nada está me preocupando. Ainda tenho muito cuscuz pra fazer e comer. E nunca mais vou confundi-los com água. Daqui a pouco irei ligar o televisor e, aí sim, irei me preocupar. Não comigo, mas com o mundo. Porque este, sim, está envelhecendo e me fazendo confundir cuscuz, com água. Mas vamos em frente. O horizonte está bem ali. E é do lado de lá dele que está o que você procura. Mas, cuidado pra não envelhecer antes de chegar lá. Desculpe-me pela brincadeira tola, mas acredite: confundi mesmo o cuscuz, com água. Tenha um bom dia. Pense nisso.

*Articulista Email: [email protected] (95) 99121-1460