Opinião

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O HOMEM QUE CONVERSAVA 

Walber Aguiar*

A falsa força de um cartão de crédito ao invés de um fio de bigode (Zé Geraldo)

Era um sábado. Podia até ser um desses dias chatos em que nada acontece. Ou mesmo um dia de desejo e efervescência. Mas era um sábado lutuoso. Um dia de perda, tristeza, lamento, dor. Afinal, partira aquele que amava e era amado por muitos. Aquele que se dera por completo à família e à existência.

Seu Aristeu Pinheiro Gomes foi um dos fundadores da Colônia Fernando Costa, ou Mucajaí, como melhor se conhece. Um homem que sabia de todos os moradores antigos daquela localidade; um cidadão que conheceu o colono Genésio da Costa Aguiar, mais tarde músico e professor. Conheceu também Valdecir Reis, o homem sério, pai de Charles Martins dos Reis, que também se aventurava naquelas paragens.

Além de profundo conhecedor da história de Mucajaí, seu Aristeu era um homem do diálogo, da conversa, do papo solto, da vontade de dizer tudo aquilo que portava consigo. Um desejo de não reter aquilo que conhecia, ou seja, de partilhar com os outros um pouco do muito que possuía.

Ora, seu Aristeu nunca quis trabalhar para os outros; preferia ganhar a vida no comércio, vendendo tudo o que fosse lícito. Aturava bêbados e orientava aqueles que estavam perdidos rumo ao nada, na direção de um caminho etílico, de uma trilha cheia de pedras, espinhos e destinos sombrios. Assim, era um homem franzino, mas cheio de bondade, pequeno, mas enorme em caráter, retidão e fidelidade à mulher que amava.

Teve filhos e filhas. Aristeu, João. Antônio Moacir, Mozart, Janari e mais duas belas moças. Depois que deixou o comércio, que funcionava debaixo de um cajueiro velho, numa esquina da Mário Homem de Melo, ele ficou meio perdido, sem ter o que fazer. E isso tornava seus dias mais longos, sua vida mais parada e rotineira.

Um homem de 90 anos precisa ocupar a mente, senão fica inquieto, sem rumo, sem projeto. No entanto, o maior projeto de seu Aristeu era a família e as longas conversas que tinha com todos aqueles que entravam pelo portão da Rua Romeu Magalhães, na tentativa de entender melhor a vida, vinda dos lábios daquele senhor simples, ordeiro e honesto.

À semelhança do velho e saudoso pastor Raimundo, usava e abusava dos inclusive, quando queria exercitar a arte da conversa.

Descanse em paz, grande Aristeu Pinheiro Gomes. Um dia sentaremos à sombra de um grande pé de manga e conversaremos uma tarde inteira, sem ninguém pra interromper. Uma tarde eterna…

*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras E-mail: [email protected]

METROSSEXUAL  

Marlene de Andrade*

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.” (1 Coríntios 13:4,5) 

Essa questão que evolve o empoderamento da mulher começou no século XIX e para entendermos o que ocorreu temos que dar um salto bem mais atrás e raciocinar como tudo isso aconteceu. Nesse andar da carruagem, temos que entender, minimamente, qual é a relação do movimento sufragista, o qual ocorreu em alguns países democráticos pelos idos do final do século XIX e o início do século XX. 

Esse movimento tinha como meta organizar a luta das mulheres pelo direito de votar, reivindicação legítima e foi galgando para metas mais avançadas, pois as mulheres foram querendo também ter acesso ao mercado de trabalho e a universidade e isso não estava errado. 

Essa luta das mulheres representou a primeira onda do feminismo e daí muitos homens passaram imitar as mulheres e como, exemplo, pode ser citado o uso de calças bem apertadinhas, raspar o tórax, uso de bijuterias, fazer sobrancelhas, pintar as unhas e, entre outros, usar cada vez mais roupas bem femininas, e isso tudo sem serem homossexuais e sim metrossexuais. É como se o homem estivesse se sentindo por baixo, diminuído e a mulher ter se “tornado a da vez”. 

Nesse tom, o movimento se alargou e começaram aparecer algumas mulheres como a Betty Fridan e a Simone de Beauvoir. Essas filósofas se revoltavam porque as mulheres tinham que cuidar dos filhos e fazer a comida da família sem mais nenhum outro direito. Toda essa revolta justa da mulher deu início ao movimento intelectual do feminismo, inclusive bastante ousado. 

Após essa luta surgiu uma maneira nova das igrejas evangélicas enxergar o mundo, quando então algumas denominações começaram, pouco a pouco, ordenar pastoras, mas o interessante é que não vimos surgir padres mulheres.  

Há que ficar claro que o machismo e feminismo não são alternativas corretas, mas o homem ser o protetor da mulher é muito adequado, pois ele tem um papel protetivo de suma importância e o porquê disso? Deus lhe deu testosterona em grau mais elevado do que na mulher. 

A testosterona tem várias funções no organismo humano e entre elas, é regular a massa muscular, a qual no homem é muito mais forte do que na mulher, que tem testosterona, mas em grau bem menor do que no homem. No entanto, no meu ponto de vista, a mulher deve ser feminina e não feminista e o homem, macho e não machista. 

Tem que ficar esclarecido também, que o homem tem mais força para enfrentar perigos e por isso Deus o colocou como protetor da mulher, contudo não podemos confundir tarefas diferentes com perversidade tanto masculina quanto feminina. Agressividade e arrogância? Jamais.      *Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT-AMB-CFM 

É APRENDENDO QUE SE APRENDE

Afonso Rodrigues de Oliveira* 

“É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.” (Aristóteles)       E como somos todos aprendizes da vida, vamos aprender a viver a vida. Simples pra dedéu. O importante é que não percamos tempo com os erros. Eles fazem parte da vida. O que devemos é aprender com os erros. E nunca iremos aprender com eles, ficando presos a eles. Infelizmente a maioria dos seres humanos vive, sem perceber, presa no círculo dos elefantes de circo. Não sabemos, como animais de origem racional, qual a nossa origem. E o pior é que não sabemos onde buscar o conhecimento que nos leve à eternidade. E ficamos, eternidades, esperando que os outros nos digam o que devemos fazer para aprender a fazer certo. 

Comece a tarefa acreditando, e confiando no seu potencial. Todo o poder de que necessitamos para vencer na vida está dentro de cada um de nós. “O reino de Deus está dentro de nós.” Verdade que pouquíssimos aceitam, porque ainda não aprenderam a verdade. E a verdade está na simplicidade. Só nos enganamos, quando complicamos. Inicie sua tarefa a caminho da imunização racional, vivendo mais os momentos mais simples dos seus dias. É nas coisas mais simples que está a beleza. E é na beleza, que está a felicidade. 

Pode até lhe parecer vulgaridade, ou coisa assim, mas é riqueza e espírito. Todas as pessoas que contemplaram os Montes de Iguape, hoje pela manhã, devem ter se encantado com a imagem. As nuvens brancas, fortes e imensas, cobriam o Monte como se estivessem escorregando para baixo. Uma beleza natural, não por ser comum, mas por ser da Natureza. A diferença que faz a diferença. Que nem todos os seres considerados racionais, pela sua origem, percebem. E por isso nem todos são felizes.

Vamos pisar no breque. Nada de correrias nem arrufos. Estamos sobre este planeta há mais de vinte e uma eternidades. Tempo suficiente para que aprendêssemos a aprender. Mas c
omo no Universo de onde viemos, e para onde voltaremos, não há unidade de tempo, vamos com calma. Deus não está nem aí para o tempo que você irá passar por aqui. A força de que você necessita para vencer, Ele já lhe deu, quando você chegou aqui. E faz tempo pra dedéu. E cabe a cada um de nós, fazer sua parte. E só a faremos quando aprendermos a fazer. Somos nossos próprios mestres. Todo o poder de que necessitamos está dentro de cada um de nós. De nada adiante sairmos por aí procurando o caminho da racionalidade. Somos todos de origem racional. As veredas, mesmo as com espinhos, estão abertas e à nossa disposição. Só precisamos aprender a atravessar o perigoso campo minado. Pense nisso.

*Articulista E-mail: [email protected] (95) 99121-1460