Bom dia,
Hoje é quarta-feira (09.09). Faz quase quatro anos, o então presidente nacional do MDB e influente amigo de Michel Temer (do mesmo partido), o notório senador Romero Jucá -um dos parlamentares mais citados em casos de corrupção no Brasil, disse: “É preciso estancar a sangria da Lava Jato”. Ele se referia ao processo de apuração, quase em seu início, que revelou o maior esquema de corrupção já montado na história republicana brasileira, envolvendo empresários, servidores da petrolífera Petrobrás e políticos -muitos parlamentares-, dos principais partidos da base de sustentação dos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e dos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff, que resultou na condenação, e prisão de vários deles, inclusive, do ex-presidente, fato inédito na história do Brasil.
À época, Jucá chegou a dizer que era possível parar as apurações da Lava Jato, e citou como estratégia para tal, a costura de um entendimento com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que disse conhece-los bem, à exceção de um deles, o falecido ministro Teori Zavascki -morto em acidente aéreo-, exatamente o relator na Suprema Corte dos processos advindos da Lava Jato, sobre o qual disse não ter como chegar. Naquela ocasião, muitos atribuíram como simples bravata as declarações do notório senador.
Pois bem, quatro anos depois, o processo de estancar os efeitos da Lava a Jato está em sua plenitude. E para o desgosto de muitos de seus eleitores, no governo de Jair Bolsonaro (sem partido) eleito, entre outras coisas, com o discurso de combate à corrupção. Dois fatos foram predominantes nesse desmonte da Lava Jato: tudo começou pela atração do então respeitado e prestigiado juiz federal Sérgio Moro, para participar como ministro, aparentemente poderoso, do governo de Bolsonaro; em segundo lugar pela escolha do Procurador Geral da República (PGR), Augusto Aras, declaradamente um adversário dos métodos adotados pelos agentes federais (juízes, procuradores e policiais federais) instalados em Curitiba (PR), o epicentro das ações da Lava Jato.
E esta quarta-feira amanhece com o anúncio da punição pelo Conselho Nacional de Procuradores, de Deltan Dallagnol, o procurador que coordenou a equipe de procuradores da República, que esteve à frente na capital paranaense da operação Lava Jato. O irônico, para não dizer trágico, nesta punição, é que Dallagnol foi punido, com censura, por ter feito declarações contra a eleição para a presidência do Senado Federal, do senador Renan Calheiros (MDB-AL), um campeão de citações em casos de corrupção, que nunca chegaram a ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Depois contamos mais.
VICE
Ontem, a Parabólica informou que até sexta-feira próxima o PDT, da ex-senadora Ângela Portela, indicaria o candidato a vice na chapa encabeçada pela ex-secretária nacional do Ministério da Saúde e de administração do estado, Gerlane Baccarin (Progressistas), que disputará a eleição majoritária para a Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV). Acertamos precisamente: hoje, Gerlane Baccarin deve anunciar que Eduardo Matias, um servidor público federal (concursado) é seu companheiro de chapa. Matias tem 33 anos, tem especialização (Universidade Estadual de Campinas) e mestrado (Universidade de Lisboa) em Gestão e Políticas Públicas, e trabalha no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
LICENÇA
O pré-candidato Ottaci Nascimento (Solidariedade) protocolou ontem (terça-feira), junto à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados um pedido de licenciamento do mandato de deputado federal, por quatro meses. Segundo seus assessores, a medida tem como objetivo a dedicação, em tempo integral, à campanha pela Prefeitura de Boa Vista. Quem assume a vaga de Ottaci é o atual vereador de Boa Vista, Renato Queiroz, do MDB, primeiro suplente da coligação. Renato Queiroz é filho da ex-secretária municipal Simone Queiroz (PSB) e enteado do deputado estadual Marcelo Cabral (MDB), que é líder do governo de Antonio Denarium (sem partido) na Assembleia Legislativa do Estado (ALE).
COMPENSAÇÃO
O licenciamento do deputado federal Ottaci Nascimento e a posse de Renato Queiroz para um mandato de quatro meses -que pode ser prorrogado por mais dois anos, se Ottaci virar prefeito-, é vista por alguns deputados estaduais da base de apoio do presidente da ALE, Jalser Renier (Solidariedade), como uma espécie de compensação ao PSB, por conta de sua ligação com Simone Queiroz, e eventual vice indicada pelo socialistas. Por conta disso, esses deputados estaduais querem, eles mesmos, indicar a vice de Ottaci Nascimento, e nessa hipótese sai fortalecido o nome da deputada estadual Lenir Rodrigues (Cidadania).
APOIO?
Na convenção do PSL, que indicou o deputado federal Antônio Nicoletti como candidato à prefeitura de Boa Vista, o assessor especial do Ministério da Saúde, o ex-deputado federal Aírton Cascavel -que é suplente de Nicoletti-, afirmou o apoio de Bolsonaro ao candidato do PSL. Inconformado, um internauta mandou o vídeo da convenção para rede social do presidente da República, relembrando votações de Nicoletti contra o governo, e indagando se era verdade que o presidente o apoiaria.
RESPOSTA
O questionamento foi respondido por Bolsonaro que afirmou que quem disser que ele declarou apoio está mentindo, pois ele não tem tempo para se dedicar as eleições municipais e que no primeiro turno não vai declarar apoio a ninguém. Os adversários de Nicoletti aproveitaram para viralizar nas redes sociais o desmentido.