Bom dia,
Hoje é segunda-feira (05.09). Hoje é dia de comemorar o nascimento do estado de Roraima, transformado de Território Federal com a promulgação da Constituição de 1988. Foi uma conquista de todos, mas não foram muitos os que lutaram por isso, desde o minguante e último governo militar, presidido por general João Figueredo. Muitos eram contra a transformação, especialmente os que aproveitaram a situação de Território Federal para por aqui aportaram nas asas dos privilégios emanados do governo federal, desde Brasília. Um pequeno grupo de políticos locais, alguns muito jovens, liderou a campanha do “Estado é a Solução”, que foi aos poucos convencendo até mesmo as vozes mais resistentes que resultou na vontade dos constituintes de 1988.
Passados 32 anos, um olhar pelo retrovisor da história não deixa dúvidas: valeu à pena. Primeiro porque, decididamente, a complexidade da sociedade local, nascida sob o Território Federal, não comportava mais os estreitos limites de uma justiça -emprestada do Distrito Federal, com apenas juízes destacados-; a falta de segurança jurídica dos governadores -demissíveis por decreto presidencial-; e falta de um poder legislativo para dar limites e legitimidade as ações dos governadores, inviabilizavam a vida no então Território Federal. Com todos os problemas, Roraima tem ganhado muito nestes 32 anos.
Somos hoje uma população que ultrapassa a casa dos 600 mil habitantes, número que está muito próximo de permitir o aparecimento de várias atividades econômicas que exigem um mercado mínimo para serem sustentáveis. A infraestrutura básica do estado -incluindo estradas federais, estaduais, municipais e vicinais-; além da estrutura básica do governo estadual e dos municípios, se não é a ideal, é suficiente para sustentar o início de um processo de desenvolvimento econômico. O resto vem depois, aliás, muito já veio: temos uma estrutura de comércio que não fica devendo a qualquer cidade brasileira de médio porte; uma complexa e variada economia de serviços; e uma economia agrícola que começa a diversificar-se.
A decisão de transformar Roraima em estado, foi como se disse acima, fruto da luta e da vontade política de um pequeno grupo de políticos verdadeiramente locais. Não foi resultado da vontade popular. Tanto que se fosse realizado um plebiscito na época, provavelmente a maioria consultada votaria pela manutenção do Território Federal. O tempo mostrou que aquele grupo de políticos tinha razão -nem sempre, como se sabe, a vontade do povo é a razão-, tantos foram os benefícios trazidos desde então. Agora sim, tudo depende da população, para escolher políticos com olhos e compromissos efetivos para transformar a economia de Roraima. Falta só isso.
HISTÓRIA
Morreu na semana passada, quase no anonimato, Joca Magalhães, um personagem marcante no governo do primeiro governador eleito de Roraima, Ottomar Pinto. Ainda quanto Ottomar era governador do Território Federal, Joca Magalhães foi figura central no cenário político local exercendo tarefas delegadas pelo governador que iam de controle eleitoral nas comunidades indígenas, até o puro e simples desvio de urnas que seguiam das cabines eleitorais diretamente para o fundo das águas do Rio Branco. Anos depois, foi Joca Magalhães quem denunciou Ottomar Pinto, por desvio de dinheiro público na antiga Companhia Brasileira de Abastecimento (Cobal), resultando inclusive, em inquérito policial, nunca concluído.
ENCERRAMOS
A Rádio Folha FM 100.3, através do programa Agenda da Semana, encerrou ontem, domingo (04.10), o ciclo de entrevista com quase todos os 11 candidatos à Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV). Faltou apenas entrevistar o candidato do MDB, Arthur Henriques -que não respondeu ao convite da emissora-; e o candidato do Podemos, Isamar Ramalho -que depois de aceitar o convite, desmarcou a vinda à emissora, alegando outros compromissos de campanha. Ontem, foram entrevistados o candidato Wilson Précoma (PC)) e a candidata Sheridan Oliveira (PSDB/Republicanos/Democratas.
PRÉCOMA
Wilson Ferreira Précoma, é um advogado aposentado da Advocacia Geral da União. Gaúcho de nascimento, ele está em Roraima faz quase 40 anos e tem uma longa atividade profissional trabalhando como servidor público em favor das comunidades indígenas do estado. Dentre as principais ideias de governo explicitadas ontem, na Rádio folha FM 100.3, Précoma defende a extinção de todas as atividades terceirizadas no serviço público -as tarefas de prover serviços públicos devem ser executadas por servidores concursados-; a estatização dos serviços de transportes de passageiros; o fim do pagamento de salários para vereadores -que ganhariam apenas jetons, por sessão realizada-; e o pagamento pelo governo federal, do per capta do sistema Único de Saúde (SUS) em valor atualizado. Sobre a discriminação contra a população mais pobre, Précoma disse: “Boa Vista é uma cidade boa para se ver; mas, difícil de se viver”.
SHÉRIDAN
Sheridan Oliveira, que é deputada federal, disse que está indignada com o baixo nível da campanha de alguns adversários que fazem uso de redes sociais para fazer circular mentiras e injúrias contra sua pessoas e sua honra, mas que isso não será capaz de abater seu ânimo e a vontade de governar a capital roraimense. Disse que a marca de seu governo vai ser o cuidado com as pessoas, especialmente quanto a programas de distribuição de renda e de saúde pública. “Vamos levar a saúde do município para dentro da casa das pessoas, especialmente as crianças e os idosos”, disse. A candidata destacou que sua eventual administração na PMBV vai contar com forte apoio parlamentar em Brasília, que hoje já conta com dois senadores (Chico Rodrigues e Mecias de Jesus) e dois deputados federais (Haroldo Cathedral e Jonathan de Jesus). “Vou buscar diálogo com todos disse”, Sheridan Oliveira.