Bom dia,
Hoje é sexta-feira (30.10). Os brasileiros terminam a semana com a sensação de que preço o dólar norte-americano vai bater os seis reais, mesmo com a intervenção do Banco Central que esta semana já vendeu a moeda estadunidense na tentativa de acalmar o mercado. E, de fato, o real foi a moeda nacional que mais perdeu valor em relação ao dólar, mais de 42% só este ano. O índice Ibovespa, que mede o desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve também a pior performance dos últimos tempos. Esta semana fechou abaixo dos 99,000 pontos. A inflação, embora ainda localizada, ameaça a maior conquista dos brasileiros, o Plano Real, que desde 1994, devolveu a estabilidade de preços e a dignidade da moeda nacional, e estancou o violento processo de concentração de renda que levou o Brasil a vergonhosa posição de um dos países mais desiguais do mundo. E tudo isso não pode ser debitado apenas à pandemia do Covid19, o vírus chinês apenas agravou uma situação estrutural que há muito clama por correção.
Apesar de todo este cenário nada alvissareiro os políticos, as academias e os órgãos de imprensa, inclusive as redes sociais, adotam um tipo de discussão que, às vezes parece bizarra. É o caso recente da questão envolvendo a compra e a aplicação da vacina contra o Covid19. Concretamente, não é possível falar da existência de vacinas contra o vírus chinês, todas, rigorosamente todas, as pesquisas ainda não foram concluídas, e por conseguinte, nenhuma restou liberada pela Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa) para utilização pela população. Apesar disso, dois políticos de estatura nacional, o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador do estado de São Paulo João Dória (PSDB) trocam farpas pesadas em relação à possível aquisição de uma vacina produzida na China, e desenvolvida em parceria com o Instituto Butantã: Bolsonaro diz que seu governo não comprará a Coronavac (vacina chinesa) e defende que a população não seja obrigada a tomar a tal vacina.
Ora, se a vacina chinesa, ou qualquer outra aprovada pela Anvisa, obter eficácia e efeitos colaterais semelhantes, o governo federal terá de optar por comprar aquela com menos preço de oferta. É isso, pelo menos, o que reza a legislação pátria ; dai restar inócua essa celeuma ridícula e, no mínimo, inoportuna. Apesar da celeuma já ter sido levada à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF); nem Dória pode obrigar Bolsonaro a comprar a vacina chinesa, e nem o presidente da República pode vetar a compra pelo governo federal de uma vacina apenas por capricho ou veto ideológico. Simples assim.
A celeuma sobre tornar, ou não, obrigatória a vacina contra o Covid19 é igualmente inoportuna e, por enquanto desnecessária. Recentes pesquisas de opinião pública colhida junto à população brasileira mostra que a esmagadora maioria das pessoas, quase 80%, diz que está esperando o surgimento de uma vacina para voltar à normalidade da vida; o que indica ser desnecessário obrigar os brasileiros e as brasileiras a se vacinarem. Se no futuro, quando existir a vacina, e ela for colocada à disposição da população, e o índice de vacinação voluntária for muito abaixo da expectativa, aí sim, seria hora de discutir a necessidade, ou não, de torná-la obrigatória. Por enquanto parece mais razoável discutir outras pautas mais urgentes e inadiáveis para tirar o Brasil do buraco em que foi metido.
CONVITE
Mesmo no leito de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde se encontra em recuperação do Covid19, o deputado federal Hiram Gonçalves (Progressistas) foi convidado a participar de uma tele-conferência internacional sobre saúde em todo o continente americano. O painel de que participará o parlamentar roraimense vai tratar sobre o “Covid19 e a transformação digital da medicina brasileira”. Do evento, promovido pelo Council of the Americas, participarão o ministro da Saúde do Equador e renomados técnicos na área de saúde do continete e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O Council of the Americas é uma organização sem fins lucrativos fundado por David Rockefeller, em 1965.
IMPIEDOSOS
Enquanto luta num leitor de UTI contra o Covid19, o deputado Hiran Gonçalves, e sua esposa Gerlane Bacarin, candidata a prefeita de Boa Vista, pela coligação Progressistas/PDT, são vítimas de conhecidos políticos que aproveitam qualquer evento para tentar angariar votos. Por conta da hospitalização de Hiran Gonçalves, em grupos de redes sociais, usuários, quase sempre pagos com dinheiro público, espalharam a falsa notícia de que administradora Gerlane Bacarin teria desistido de sua campanha para apoiar o candidato do MDB, Arthur Henriques. Do leito hospitalar, Gerlane e Hiram desmentiram a informação e reafirmaram a disposição da candidatura continuar lutando para vencer a eleição. Tem políticos, que decididamente, utilizam qualquer arma para ganhar votos.
BILHÕES
Enquanto o governo brasileiro continuam ignorando o inegável potencial de desenvolvimento da República Cooperativista da Guiana, decorrente da exploração de poços de petróleo em sua Costa Atlântica, os Estados Unidos não perdem tempo. Diversas agências de financiamento estadunidenses estão oferecendo, em conjunto, US$ 200 bilhões, cerca de R$ 1,2 trilhão, para empresas interessadas em investir no vizinho país. As autoridades brasileiras sequer voltaram a discutir com o novo governo guianense a conclusão do asfaltamento da estrada que ligará Boa Vista a Georgetown, cujo investimento deve beirar a um bilhão de reais. É uma cegueira geopolítica e geoeconômica que não se explica.
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