Bom dia,

Hoje é terça-feira (23.02). No rumo do que escrevemos ontem, aqui neste espaço, as ações da Petrobras derreteram -para usar uma linguagem dos especialistas em mercado de capitais-, aqui na Bolsa de Valores de São Paulo e na Bolsa de Valores de Nova Iorque. No conjunto as ações da petroleira brasileira caíram pouco mais de 21%, o que provoca uma perda contábil de patrimônio de algo ao derredor de R$ 100 bilhões. É claro, ao final do ciclo de expectativas negativas as ações da empresa tendem a se valorizar, quando a poeira levantada pela mudança brusca de sua presidência for sendo acalmada, o que ocorrerá mais rapidamente, quanto for mais rápida a posse, e as primeiras medidas tomadas pelo novo gestou indicado pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido).

Embora seja esperada uma recuperação no preço das ações da Petrobrás, ninguém garante que ele chegará ao nível daquele vigente antes da decisão atropelada do presidente da República. Mas, o prejuízo da petroleira não pode ser medido apenas pela perda contábil de seu patrimônio. A possibilidade do uso político de uma empresa, que recém-saída de uma quase idêntica intervenção na sua política de preços nos governos petistas; e também de seu aparelhamento político que resultou no maior esquema de corrupção da história brasileira, resulta na fragilidade de suas finanças. É sabido que a Petrobrás precisa ir buscar no mercado financeiro nacional e internacional os recursos para bancar seus investimentos, para aumentar a produção e continuar a prospecção especialmente no chamado pré-sal. A intervenção presidencial na direção da empresa, seguramente vai aumentar os juros cobrados nesses empréstimos.

Para além da discussão rasteira que tem marcado o embate entre os apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro e seus adversários o que parece certo é que o episódio da Petrobrás, e suas consequências, parece ter colocado uma pá de cal no discurso governamental, encabeçado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de uma política econômica liberal e sintonizada com o chamando mercado, um dos pilares da campanha presidencial. Como lembra o economista e escritor Eduardo Giannetti; em quase 30 anos como deputado federal, Jair Bolsonaro sempre votou afinado com as ideias de estatização e intervencionismo na economia; e não iria mudar repentinamente de comportamento apenas porque virou presidente da República.

ATÉ QUANDO?

No meio do alvoroço motivado pela troca de comando na Petrobrás, o maior silêncio até agora vem do ministro da Economia, Paulo Guedes, a expressão maior da política econômica liberal do governo de Jair Bolsonaro. Guedes foi quem indicou o economista Castello Branco para a presidência da petroleira, e seu silêncio para indicar que ele sequer foi consultado sobre a mudança determinada pelo presidente da República. Isso motiva uma bolsa de apostas para saber em que momento ele pedirá o boné. Muitos analistas políticos acreditam que ele aguardará os desdobramentos na aprovação, pelo Congresso Nacional  do Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que vai recriar o Programa de Auxílio Emergencial. Se o que for aprovado implicar que o governo adotará uma conduta populista com relação aos gastos públicos, Guedes não terá nada mais afazer no governo Bolsonaro.

BODE NA SALA 1

Pois é, o senador emedebista do Acre, Márcio Bittar, deixou vazar ontem, segunda-feira, uma minuta de parecer que deve apresentar no Senado Federal, sobre a PEC Emergencial. Nela, o parlamentar acreano admite a possibilidade do Congresso Nacional desobrigar o governo federal (União) a gastar os limites constitucionais destinados à Saúde e à Educação, e daí sairia parte dos recursos para financiar o novo Auxílio emergencial. Alguns senadores já veem nessa proposta uma ideia de acabar inclusive com a obrigação da União Federal destinar mais recursos para o Fundeb, medida constitucional recentemente aprovada, e pela promessa desses parlamentares vem muita confusão pela frente.

BODE NA SALA 2

Parece ser consenso entre o governo e o Congresso Nacional a ideia de que o novo Programa Emergencial deva ter início ainda no mês de março, ou seja, daqui a pouco mais de uma semana, Por isso, muitos parlamentares acreditam o texto do Projeto de Emenda Constitucional deva vir sem muita polêmica, para evitar o risco de demora na aprovação. Nesse sentido, a proposta do relator Márcio Bittar de aproveitar da oportunidade para tentar desvincular a obrigatoriedade da União Federal de cumprir os gastos mínimos com Saúde e Educação, é apenas um tentativa de colocar o bode na sala: ou seja, ele mostra aos seus pares que a coisa poderia ser muito pior, mas deverá apresentar um relatório menos polêmico.

APOIO

O governador Antônio Denárium (sem partido) viajou, ontem, para Brasília, entre uma visita e outra a ministérios, Denárium deve conversar com o ex-deputado federal Luciano Castro (PL). Objetivo é atrair o ex-parlamentar federal -que declarou apoio ao então candidato Arthur Henrique (MDB) no segundo turno da eleição em 2020-, para apoiar o governo estadual, e por via de consequência levá-lo ao palanque de reeleição do governador Denárium. Nos bastidores, é dada comoh grande a possibilidade de Luciano Castro ser convidado para assumir a Desenvolve-RR, a agência de desenvolvimento no estado.