De apagões a prejuízos aos consumidores, assim caminha o setor energético
Jessé Souza*
Enquanto a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Energia, iniciada ainda em 2019 pela Assembleia Legislativa, não chegou à conclusão nenhuma até o momento, os problemas só se ampliam no setor energético roraimense, especialmente no interior do Estado.
A qualidade na prestação de serviço não avançou, mostrando que a empresa responsável pela geração e distribuição não tem feito o investimento necessário para melhoria do sistema energético. Os apagões seguem tanto na Capital quanto no interior. E a CPI entrou em um sono profundo.
O Município do Amajari, Norte do Estado, que é pequeno populacionalmente, serve como parâmetro sobre o serviço prestado pela empresa. Nas localidades desse município, além dos constantes blecautes, a instabilidade tornou-se um tormento, pois são vários os relatos de moradores que perdem eletrodomésticos.
No Amajari fica o único ponto turístico realmente consolidado de Roraima, a Serra do Tepequém, que sofre as duras consequências dos problemas no fornecimento, não bastassem os outros entraves impostos aos empreendedores que geram emprego e renda sem o apoio devido dos governos.
Para se ter uma ideia, no mais recente apagão, o fornecimento de energia sofreu interrupção antes da meia-noite de sábado e só foi retomado perto das 8h de domingo. E não houve nenhuma manifestação pública por parte da empresa para dar satisfação sobre o que ocorreu, já que o problema é recorrente e nunca há uma explicação plausível para a população saber o que realmente ocorre no sistema de geração e distribuição.
O problema se repete em várias outras localidade do interior, sem que as autoridades deem uma posição ou tome providências para aliviar o sofrimento dos consumidores, cujas contas no final do mês chegam religiosamente a um preço absurdo.
Enquanto isso, outro silêncio preocupante diz respeito à questão da energia de Tucuruí, que travou na terra indígena entre os estados de Roraima e Amazonas, cuja linha de transmissão é a única esperança de solução definitiva para os problemas energéticos do Estado.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conhece muito bem os problemas do Estado, pois quando ainda estava em campanha passou por aqui e não se cansava de citar Roraima em seus discursos, o que o fez ser eleito com expressivo votos da população roraimense.
A maioria expressiva da bancada roraimense, em Brasília, apoia o governo de Bolsonaro, mas nem isso tem sido suficiente para que esses parlamentares transformem o massivo apoio em benefícios para o Estado, tanto na questão energética quanto no apoio à imigração desordenada e nos investimentos necessários para aliviar o sofrimento da população.
O governo local segue nesta mesma procissão do comodismo, ora apresentando propostas requentadas (redução de ICMS para combustível de avião, que beneficia especialmente aeronaves que fazem voos clandestinos para garimpos ilegais), ora sancionando lei que libera garimpo com uso de mercúrio, lei esta barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Enquanto isso, a população que paga caro por um serviço ineficiente continua sendo castigada devido aos constantes apagões e pelos prejuízos financeiros decorrentes dos blecautes.
E a CPI não consegue dar as respostas necessárias para apontar e resolver problemas, muito menos esclarecer se realmente há uma ingerência política no sistema, como há tempos se afirma nos bastidores.
Com a volta das restrições mais duras por causa da pandemia, que obrigam o trabalho em casa e força as pessoas a não saírem de suas residências, a tendência é esse problema piorar. O povo precisa de respostas urgentes das autoridades. É para isso que elas foram eleitas e são bem pagas.
*Colunista
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