Não é só isso nem tudo aquilo; tem a imbecilidade também
Jessé Souza*
Não há o que contestar. É fato. Nossos governantes, em vez de se prepararem para a segunda onda do coronavírus, pois eles já haviam sido alertados sobre isso, mantiveram os pés no palanque eleitoral e não tomaram as devidas medidas para evitar a crise que estamos assistindo hoje.
Enquanto essa nova onda avança, os políticos já estão também na segunda onda de uma campanha eleitoral antecipada, em vez de estarem buscando entendimentos rápidos para a vacinação em massa, que é a única forma de conter o avanço do vírus.
Também não se pode esperar muito do Governo Federal, comandado pela pior raça do negacionismo e que de tudo fez para retardar a vacinação da população. O Ministério da Saúde segue em constante crise, a mais recente delas é a fritura pelo qual passou o titular da pasta, Eduardo Pazuello, até ser demitido ontem. Esse governo não conseguiu entender que lugar de militar é no quartel e que lugar de produtor de frutas é na agricultura.
Não se trata de mais uma pequena crise. Mas de uma crise generalizada desde o início da pandemia, quando o Ministério da Saúde optou pela incompetência em vez de chamar especialistas e os profissionais de saúde para buscar soluções. Enquanto isso, não se consegue sequer resolver a questão da vacina. Faltou até oxigênio nos hospitais.
Nem a campanha eleitoral pela qual passamos serviu para abrir debates sobre a necessidade desse comprometimento prioritário com a saúde pública. Muito pelo contrário, sequer os políticos foram cobrados pelos eleitores e, pior ainda, foram os responsáveis pelos maiores atos de aglomerações, alimentando nas pessoas o “liberou geral”.
Não há mais para onde correr. Somente a vacina é a solução. Israel já provou que esta é a saída. Os Estados Unidos, com o novo presidente, também caminham a passos rápidos para a imunização. O Brasil… bem, o país ainda corre atrás de um spray milagroso em Israel e, lá, o máximo que os diplomatas bolsonaristas aprenderam foi sobre o uso da máscara em eventos públicos.
Roraima, um Estado pequeno populacionalmente e que tinha até ontem um ministro que já foi secretário estadual e que tinha um assessor que foi político por muito anos, deveria ser exemplo de vacinação em massa para o país. Mas parece que está tudo muito conveniente manter o colapso total do sistema de saúde, para driblar licitações e pedir mais grana da União.
Enquanto tudo isso ocorre, tem ainda a imbecilidade que toma conta de parte da população. Em plena Era da informação ainda tem gente que acredita que a vacina pode transformar o ser humano em algum bicho ou que pode lançar um chip no corpo capaz de levar a pessoa para o colo do diabo, ultrapassando a barreira do que é teoria da conspiração e a imbecilidade humana.
É o Brasil sendo vencido não apenas por um vírus maldito e mutante, mas por vários vírus alimentados pela politicalha e pela falência de nossa educação formal.
*Colunista