Letras Saborosas

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Olá queridos leitores!

Na próxima semana celebramos a Semana Santa, e antes de falar em delícias para a Páscoa, quero fazer uma proposta para vocês.

Tirem pelo menos 10 minutos por dia, começando na quinta feira, e façam uma oração pelas inúmeras vidas perdidas nessa pandemia, por todos que estão sofrendo por causa desse vírus.

Temos que alimentar o espírito também, não só o estômago.

Mas mudando o assunto, a receita de hoje foi escolhida pela simplicidade do preparo e porque pode ser uma entrada bem saborosa para o churrasco de Páscoa. A idéia é que sirvam a cebola recheada com bacalhau no início e depois continuem celebrando com as carnes de sua preferência.

E como na cozinha tudo é permitido, quem não gosta de bacalhau, pode substituir por pirarucu salgado ou até por frango. Quem sabe inventam um novo prato?

A receita é do churrasqueiro José Almiro, apresentador do canal CHURRASQUEADAS – www.churrasqueadas.com.br. Ele fez a versão da famosa receita onde o bacalhau vai dentro da cebola, criada pelo bar do Genezio, em Poços de Caldas (MG).

Façam e depois me marquem nas redes sociais para ver o resultado. Não esqueçam, @letrassaborosas .

E também, continuem com as orientações da Organização Mundial de Saúde, usando máscara, lavando as mãos, usando álcool em gel, fazendo distanciamento e ficando em casa por você e por sua família.

Até a próxima semana!

PRATO DO DIA

Bacalhau que Chora

Churrasqueiro José Almiro

INGREDIENTES: 

500g de bacalhau dessalgado e desfiado

01 kg de batata

12 azeitonas picadas

01 pimenta dedo de moça

Noz-Moscada a gosto

08 cebolas grandes

05 colheres de queijo catupiry

05 fatias de mussarela

Azeite a gosto

MODO DE PREPARO:

– Retirar o miolo da cebola e em uma panela, cozinhe o bacalhau com o miolo da cebola. 

– Retirar a água, e misturar com as batatas amassadas, as azeitonas, a pimenta dedo de moça e a noz- moscada. 

– Rechear as cebolas com esse purê, intercalando com o queijo catupiry.

Ao final, colocar a mussarela e gratinar.

Em forno 200°C até derreter bem o queijo, ficar gratinado. Ou faça na churrasqueira usando uma panela própria para a brasa.

“LÁ EM CASA”- ENCERRA-SE UMA HISTÓRIA DE AMOR À COZINHA PARAENSE

Sabem aquela notícia que ninguém quer dar? Pois essa semana o restaurante paraense Lá em Casa, um ícone da gastronomia papa-chibé, emitiu um comunicado dizendo que depois de 49 anos, isso mesmo, 49 anos, iria encerrar suas atividades na Estação das Docas, se tornando mais uma vítima dessa terrível pandemia.

Tenho muitas estórias desse restaurante e dessa família que levou e elevou seus ingredientes, temperos e sabores para o mundo, mostrando as delícias que existem na nossa floresta amazônica.

Depois de um ano de pandemia, tenho assistido ao encerramento das atividades de diversos estabelecimentos de alimentação fora do lar, aqui em Roraima e em outros estados.

Uma das estórias que sempre conto sobre o restaurante Lá em Casa, é que na década de 90, eu sempre tinha que viajar para Belém para reuniões de trabalho, e o grande prazer de todos eram os almoços e jantares no restaurante. Naquela época ele funcionava no porão da casa da família, e numa dessas viagens, o chef Paulo Martins me convidou para ir até a cozinha ver os panelões de maniçoba sendo preparados. Cada panela estava em uma fase da preparação, pois a maniçoba leva dias para ser preparada, por conter alto teor de ácido cianítrico, que é venenoso na folha da maniva, da mandioca brava, que é o principal ingrediente. O chef Paulo gostava de mostrar os ingredientes tradicionais do Pará e explicar para seus clientes que vinham de outros estados. Nunca mais me esqueci dessa aula, da gentileza do chef e dos sabores que experimentei no restaurante.

Foram muitos anos sem ir ao Pará, mas em 2013 fui ao Festival gastronômico Ver o Peso da Cozinha Paraense, idealizado pelo chef Paulo Martins, que infelizmente faleceu em 2010. Mas as filhas e a esposa estavam dando continuidade ao legado familiar.

Em 2013 estive novamente no restaurante Lá em Casa, agora em novo endereço, na turística Estação das Docas, em frente ao Rio Guamá. O restaurante agora comandado pela filha Daniela.

Acompanho desde então a saga das mulheres da família Martins em manter vivo todos os sonhos do chef Paulo Martins.

A partir do restaurante Lá em Casa e da vontade de continuar o trabalho de valorização dos ingredientes e sabores paraenses para o mundo, nasceram a empresa Manioca (@maniocabrasil) que leva os ingredientes amazônicos para o mundo comandada por Joanna Martins, e a empresa É Pra Levar (@epralevar) que vai continuar levando a boa comida caseira com ingredientes locais para as casas dos paraenses, comandada pela chef Daniela Martins.

Os sabores, os saberes e o legado não serão esquecidos, pois muito foi feito pela cozinha paraense e amazônica pelas mãos dos grandes chefs: Dona Anna Maria Martins (in memorian); pelo seu filho, arquiteto dos sabores, Paulo Martins (in memorian) e continuado pela terceira geração através da chef Daniela Martins.

Claro que muitos terão saudades dos pratos ícones do restaurante Lá em Casa, como a Muçuã de Botequim, da Silveirinha de Camarão, do Pato do Imperador, do Filé Marajoara, e das sobremesas Mundico e Zefinha ou da Castanhada, para citar algumas delícias. Quem sabe em algum momento da história eles estarão presentes em festivais gastronômicos ou no cardápio do É de Levar da chef Daniela.

Deixo aqui a minha admiração, respeito e apreço a família Martins, e a essas mulheres que são uma fortaleza: Tânia (agora a matriarca), Helena (irmã de Paulo), e as filhas Paula, Daniela e Joanna. Estarei sempre por perto para divulgar e para trabalhar junto com vocês pela
cozinha amazônica.