A última tarde
Walber Aguiar*
É tão estranho, os bons morrem jovens
Renato Russo
Era um dia como outro qualquer. Talvez nem fosse. Um urso polar no Saara, um camelo no Ártico. Tudo tão estranho. Ali, naquela tarde, a vida desenrolava-se feito carretel de linha de menino, totalmente esticada, com a vontade de atingir o inatingível. Ali declamávamos a vida, nos deixávamos fascinar com a grandeza do poente, fotografado por nossas retinas quimericamente fatigadas.
Era uma tarde quente, na verdade. Muito quente. Nos encontrávamos todos, eu, ele, e todos os que a ele pertenciam e eram pertencidos. Os gêmeos lindos, Sony Ferseck, sua mulher poeta, com Amora, a fruta mais deliciosamente inquietante que um dia tocamos. Também Débora estava lá, com seus olhos profundos e cheios de todo mistério. Ali estava o dono do estabelecimento da praia da polar, seu Manel, que o saudava de forma simples e reverente.
Devair era um homem grande, cheio de estatura e grandeza de ser. Era um jovem senhor, um esteta, um cultuador do belo, do simples, do singular e do inusitado. De repente estávamos na beira d água, sob o guarda sol da grandeza, do delírio e da esperança. Sim, do delírio, da intensidade quimérica, do desejo de que a vida nos desse asas e nos transformasse numa espécie de Ícaro, a fim de que voássemos por sobre todos os problemas do existir. Dos problemas que tentavam diminuir, apequenar a vida. Mas, mesmo com as asas cortadas pela dor da injustiça, do ódio e do esmagamento da felicidade, conseguíamos planar por sobre a exuberância das flores, da arte de falar bem e de escrever sonhos com tinta sangue.
Ali, na praia da Polar, caminhávamos serenamente com um pássaro no bolso e a imensidão no olhar. Ele fotografava com os olhos e me mostrava o crepúsculo dos deuses e o resfolegar da grandeza, ainda que a dor de ser nos arrancasse os cabelos do belo e nos tentasse enfurnar nas masmorras da angústia e do trágico. Depois veio Jama, uma beleza selvagem, uma sinceridade no olhar. Nosso diálogo era uma brincadeira de roda, uma parixara existencial, uma tentativa de mensurar o amor, o sonho, a ternura da poesia, um Deus estranhamente delicioso.
Estávamos ali, sob o olhar traquino de Macunaíma, sob a ingenuidade e a inocência do existir. Éramos parte da água, da areia, do barro, da árvore da vida, cura para os povos.
Meu menino grande mergulhou nas palavras e emergiu na canção de Belchior, nas léguas tiranas que muitas vezes não conseguiu andar, ou que se arrastou na tentativa de alcançar o inalcançável, de atingir o inatingível.
Vai, meu irmão, vai meu querido mestre, meu orientador de vida. Um dia nos encontraremos sob as ingaranas do infinito. E ali não haverá nem morte, nem choro, nem dor. Onde o mais simples, finalmente, será visto como o mais importante..
Vá em paz, deixando teu exemplo. Por aqui ficaremos com a saudade e com tua grandeza de existir.
*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de
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CATAPORA
Marlene de Andrade
O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a secar os ossos. (Provérbios 17:22)
A catapora também conhecida como varicela é uma doença muito infecciosa ocasionada por vírus e é extremamente contagiosa, porém em crianças em geralmente, é uma infecção benigna e só ocorre uma vez na vida das pessoas.
Essa virose é causada pelo vírus Varicela-Zoster e existe vacina, oferecida pelo SUS, contra essa enfermidade, a qual mesmo sendo mais comum em crianças, adulto também pode contraí-la. Detalhe: ela pode atingir quase todo o corpo do paciente e se manifesta em forma de bolhas.
A catapora é adquirida pelo contato com o líquido da bolha que se instala na pele da pessoa adoecida por esse vírus e também através de gotículas espalhadas pela tosse, espirro, saliva e objetos contaminados.
Os sintomas são os seguintes: bolhas pelo corpo; cansaço; febre baixa; perda do apetite e dor de cabeça. Já nos adultos esses sintomas são bem mais agressivos podendo desencadear encefalite, infecções na pele e pneumonia.
Apesar das pessoas só adquirirem catapora uma só vez, esse vírus permanece no corpo de quem teve essa virose por toda a vida e ele pode ser reativado. Então perguntariam alguns, o seguinte: se o vírus fica no corpo de quem teve essa doença e pode ser reativado como é que a pessoa não sofre outra recidiva? Ocorre que esse vírus pode se reativar, mas ele não causará catapora e sim Herpes-Zóster, também conhecido como cobreiro, o qual é uma doença que afeta a pele de forma muito dolorosa.
Normalmente, o Herpes-Zoster ocorre após os cinquenta anos de idade. Existe vacina contra essa enfermidade, mas somente em que já teve catapora e já está na casa dos cinquenta anos em diante.
O Herpes-Zóster provoca lesões avermelhadas num único lado do corpo, porém pode atingir diferentes locais do nosso corpo e é acompanhada de muita dor, impedindo inclusive, o desempenho do paciente nas suas atividades habituais e laborais. Outro detalhe é que a vacina é cara, mas vale a pena tomá-la, mas não antes de consultar um médico e de preferência que seja infectologista. Uma observação importante é que a vacina contra o Herpes-Zóster é aprovada pela Anvisa, mas não se vacine, como já foi dito acima, sem consultar um infectologista, sendo que os pacientes que usam corticoide, constantemente, devem pedir orientação médica antes de serem vacinados contra esse vírus do Herpes-Zóster.
Em se tratando de saúde, prevenir é a melhor escolha.
Marlene de Andrade
Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT-AMB-CFM
Técnica de Segurança no trabalho
CRM/RR-339 RQE-431
A magia do empreendedorismo
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Dois a cada três clientes que você perde estão insatisfeitos com o serviço que recebem”. (John C. Maxwell)
O empreendedorismo onde quer que esteja está nos negócios. Porque estamos sempre vendendo nossa imagem, na nossa postura. A postura é nosso cartão para o sucesso. Temos em Roraima um número positivo de grandes empreendedores. Admiro-os de verdade. Não vou mencioná-los aqui por falta de espaço. Mas vou dedicar-me ao que mais admiro, e para o qual tiro o chapéu: VITORINO PERIN.
Há mais de vinte anos escrevi, na Folha de Boa Vista, uma matéria sobre meu primeiro encontro com o Perin. Não nos conhecíamos nem nunca nos tínhamos visto. Mas seu comportamento no atendimento que me deu, chamou-me a atenção para o engrandecimento no empreendedorismo. E como meu espaço aqui é restrito, vou me limitar. Foi em 1984, quando o Império Perin ainda se limitava ao “Rei dos Colchões”. Eu participava de uma exposição de artesanato, com uma cama esculpida. Por sugestões do Centro de Artesanato, procurei o Perin, para ele me emprestar um colchão para a exposição. Apesar da minha experiência, àquela época, no ramo do empreendedorismo, fiquei pasmado com o comportamento do Perin.
Vou ser restrito por falta de espaço. Mas bastou que eu me apresentasse e lhe dissesse o que queria, ele chamou um dos empregados da loja e mandou que ele colocasse um colchão no carro, e o levasse até ao Centro de Artesanato. Quando lhe perguntei se eu iria assinar algum documento, ele falou sorridente: “Depois da exposição é só trazer o colchão”. Você pode até achar que esse foi um gesto vulgar para um empreendedor. É o contrário. Um empreendedor jamais faria isso sem primeiro ler nos olhos do cliente. E a leitura pode até ser involuntária. Mas é natural e própria do empreendedor.
Lembrei-me disso, ontem, quando entrei numa loja do Perin, para comprar um chuveiro. O crescimento da empresa do Perin é um exemplo notável do poder, no empreendedorismo. Há mais de duas décadas, Vitor Perin deu uma entrevista a uma grande jornalista de Roraima, na qual ele falou: “Tudo que ganhei aqui investi em Roraima, que é um dos Estados para se viver e trabalhar. Acredito que ele tem um futuro glorioso que ainda está nascendo, e que ainda vai ser uma grande fronteira agrícola. Estou a quase 25 anos em Roraima, que hoje considero minha terra e que aprendi a amar, desde quando cheguei”.
Roraima deve muito a você, Perin. E aqui vai meu abração tipo quebra-costela, para você e toda sua família. Estou de volta a Roraima e ainda não fui visitá-lo porque não quero encontrá-lo sem aquele abraço. Pense nisso.
99121-1460