COMO OS RIOS, NÓS SEREMOS VENCIDOS PELO OURO
Sebastião Pereira do Nascimento*
Os impactos ambientais são consequência das atividades humanas na natureza. E diante de muitas fontes de impactos, a mineração é uma das principais atividades econômicas que alteram drasticamente o meio ambiente. Diferente de muitos outros recursos naturais, os minerais são vistos como recursos esgotáveis, isto é, não se renovam naturalmente e tendem a acabar quando há excessiva exploração. Portanto, na maioria das vezes, o processo de extração mineral, que pode ser desde a retirada de areia do leito do rio à garimpagem de metais preciosos, sempre causa diversos impactos ambientais.
Engano nosso se pensarmos que os impactos dessas atividades, se resumem apenas durante o processo de extração. Pois, mesmo depois de extraídos esses elementos minerais – para que sejam utilizados na indústria ou no comércio –, em sua maioria necessitam passar por processos de limpeza ou beneficiamento, onde se utilizam substâncias químicas, geralmente nocivas à natureza, sem contar com os danos causados diretamente aos humanos.
No Brasil, esses impactos socioambientais são recorrentes e remontam muitas histórias abomináveis. No caso particular da Amazônia, podemos citar alguns exemplos como a exploração de manganês na Serra do Navio (AP), pelo consórcio de empresas brasileiro/estrangeira que explorou a região levando o esgotamento do mineral e deixando uma herança de prejuízos socioambientais aos amapaenses.
De forma semelhante, foram a extração de bauxita no vale do rio Trombetas, pela mineradora Rio do Norte; a extração de ferro “grande carajás”, executada pela Vale do Rio Doce (ambas no Pará) e a exploração de cassiterita pela mineradora Taboca/Paranapanema (AM). Essas espoliações minerais, apoiadas pelos governos estaduais e federal, deixaram (ou ainda causam) imensos estragos ambientais e usurparam a riqueza do povo da Amazônia. O que tem de coincidência nesses eventos, é que sempre geram grandes impactos ao meio ambiente, não oferecem benefícios aos povos locais, fortalecem a concentração de renda e aquecem os bolsões de misérias.
Assim, essa massa falida, abriu espaço para a devasta corrida do ouro na Serra Pelada, um garimpo a céu aberto, palco de muitas violências físicas e socais: assassinato, prostituição, pobreza, etc. Concomitante, outras atividades mineradoras surgiram na região até o final dos anos 80. Nesse período, se deu a invasão garimpeira na TI Yanomami, uma tragédia para os índios, muito desgaste ambiental e sérios problemas sociais em Boa Vista.
Portanto, essas experiências passadas nos aproxima de um futuro sombrio e desconhecido, aqui em Roraima se ver novamente a desenfreada invasão garimpeira em vários recantos do Estado, iniciada pela política reacionária imposta pelo governo Temer, e agora acirrada pelo governo Bolsonaro, que vem fazendo uma gestão ambiental desastrosa, deixando o país num estado de desordem catastrófica. Esses episódios mostram uma patética semelhança com os tempos da ditadura militar, quando o governo apregoava propostas indecorosas, apoiando latifundiários, incentivando o desmatamento, destruindo os rios e massacrando os povos da floresta.
Esse (des)governo atual negligencia os problemas e desmonta os avanços ambientais que tivemos no Brasil a partir da redemocratização do país. E para sacramentar suas artimanhas, há um contingente de congressistas que ao se apossar das suas cadeiras, sem nenhum escrúpulo ou trauma de consciência, não se envergonham de legislar contra o dever constitucional de proteger um bem coletivo: o patrimônio ambiental brasileiro.
Em Roraima, a garimpagem ilegal se afirma ainda mais agressiva pelo fato das autoridades locais se ajustarem ao que podemos chamar de conluio para um genocídio previsível Onde os agentes públicos se omitem do dever de controlar, fiscalizar, preservar e cuidar do meio ambiente.
Os garimpeiros, ainda que vítimas do fracasso social, são responsáveis por si e por suas ações. E no afã de “bamburrar”, sugam o ouro da terra de maneira mais cruel possível, sem se importar com a vida humana ou com o gemido das florestas e dos rios. Neste meio estão os “financiadores do ouro”, os mesmos que levam toda riqueza e deixam os garimpeiros (exauridos) apenas com as migalhas. Por certo, esses financiadores, se a terra fosse feita de ouro eles morreriam por um punhado de lama.
Aqui em Roraima, se nada for feito, tudo resultará numa catástrofe ambiental, já sinalizada pelo estado mórbido que se encontram os rios Uraricoera, Mucajaí, Ajarani, Apiaú, etc. Isso associado ao grave quadro que se encontram os povos Yanomami e Ye’kuana, assim como os Macuxi, já que a frente garimpeira também atingiu as áreas indígenas do lavrado (nordeste do Estado), provocando devastados impactos no rio Maú e outros. Logo, assim como os rios, os animais, a floresta, o lavrado, os índios e os garimpeiros, todos nós (vítimas do caos) seremos vencidos pelo ouro.
*Zoólogo e Filósofo
Firmes nas Provações
Debhora Gondim*
Tiago 1:2
Provações, a etimologia desta palavra vem do Latim PROBATIO, que é prova, exame, experiência. Tendo como significado ato ou efeito de por à prova. Como o próprio significado nos faz refletir, é em meio às provações que nossa fé e nosso caráter são postos à prova e revelado.
Deus nos prova, colocando em situações difíceis para ver onde está nosso coração. Se está voltado para Ele ou para o pecado, questionamentos, murmurações, rebeldia e incredulidade. È nas lutas, aflições que nossa confiança Nele é testada. Somos colocados no deserto do sofrimento para ver se seremos firmes, se confiamos mesmo em Deus. Se construímos nossa casa na areia ou na rocha, Cristo (Mateus 7:24 e 25).
A história de Jó está repleta de provações, no qual Deus permitiu, mesmo ele sendo considerado por Ele íntegro. Apesar de justo ele teve sua fé e seu caráter testado, com a permissão de Deus. Foi refinado como o crisol (recipiente que recebe metal, ouro e prata, aquecidos em temperatura até 1.500°. Isto é necessário para retirar as impurezas e assim torná-los mais valiosos). Assim, Deus faz conosco, a fim de nos tornar puros e nos santificar em meio às provações. Veremos a seguir dois resultados que as provas produzem, são elas:
1. Fé Aprovada:
Abraão é considerado o pai da fé. Ele provou ter fé quando Deus o chamou para ir em busca da terra que lhe foi prometida (Hebreus 11:8); quando Deus pediu o seu filho Isaque, mesmo tendo esperado 25 anos para tê-lo em seus braços, como Deus havia prometido, ele não questionou (Hebreus 11:17). Abraão em esperança creu, em meio às circunstâncias que iam contra toda a esperança (Romanos 4:18) e os propósitos que Deus tinha para ele se cumpriram.
A fé é aquela que produz perseverança (Tiago 1: 3 e 4). Quando ela é genuína o crente continua confiando em Deus, caminhando sempre em frente, contendo uma fé inabalável. Mesmo quando a dor não passa, a doença não é curada, o desemprego e as dificuldades financeiras persistem, mesmo em meio aos lutos e crises existenciais. Como Paul Tripp traz em seu livro Sofrimento: Esperança Evangélica quando a Vida não faz Sentido: “Nossa esperança não está em entender por que Deus traz dificuldades as nossas vidas”.
2. Caráter Aprovado:
É quando a vida nos causa desconfortos que nosso caráter é provado. Você deve se lembrar de experiências dolorosas que mudaram o seu caráter para melhor. Eu lembro-me das minhas, inclusive, estou passando por uma neste momento. Tenho uma doença autoimune rara que não tem cura, segundo os médicos, que está se agravando. Dores são instrumentos de Deus para quebrar o nosso orgulho da autossuficiência. Por experiência sei que Deus as usa para refinar nosso caráter, mesmo que existam situações que seremos postos em uma fornalha ardente ou seremos como crisol. Claro que o transformar não está nas provações, mas sim no agir do Espírito Santo em meio a elas. Ele quer nos moldar (Salmos 66:10; Daniel 11:35, 12:10; Zacarias 13;9).
Por fim, mantenhamo-nos firmes nesta rocha que é Cristo, redirecionando nossa vida e renovado nossa mente para ouvir Sua voz com mais clareza, sabendo que nossos princípios e valores serão avaliados nas provas. Devemos valorizar estes momentos de construção e crescimento de uma fé e um caráter aprovado. Passemos por elas lembrando a promessa de que Deus estará sempre conosco em meio às lutas, tendo tudo que realmente precisamos, não nos faltando nada (Mateus 28: 20; Josué 1:5). Por isso, encontremos o caminho da alegria da nossa salvação e aceitemo-las com alegria e maturidade de saber os possíveis motivos de estarmos vivendo-as. Perseverando até o fim, firmes em quem Jesus é (Tiago 1:12), o que resultará em glória, quando Ele for revelado em seu retorno (1 Pedro 1:7).
*Teóloga e Professora
Passou, passou
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Não olhe para trás e também não sonhe com o futuro. O futuro jamais lhe devolverá o passado, nem satisfará os seus sonhos insensatos. O seu dever, a sua recompensa, o seu destino, estão aqui e agora”. (Dag Hammarskjoid)
Rompa o nó górdio com a espada da experiência. Napoleão Bonaparte fez isso enquanto os tolos insistiam em desfazer o nó. Porque a vida é assim mesmo. Enquanto você ficar pensando no impossível não vai realizar o possível. E tudo é possível dentro da racionalidade. E como você é de origem racional, viva racionalmente. Desfrute o presente, para degustar no fruto, amanhã. Então tenha em mente que você deve viver cada momento de hoje como preparativo para o amanhã.
Reflita sempre. Nada de ficar orando o tempo todo, esperando que as coisas mudem. Elas, as coisas, não mudam, nós sim, mudamos queiramos, ou não. E se é assim o importante é que nos conscientizemos disso e queiramos mudar sempre. E isso é possível quando achamos possível. Quando acreditamos no possível nada é impossível. A pobreza de espírito é o maior entreve para o desenvolvimento da humanidade. E nada é mais bloqueador do que o pensamento pobre. Que é quando ficamos esperando que os outros façam por nós o que nós mesmos deveríamos fazer. E todos nós temos o dever de fazer o melhor para o engrandecimento da humanidade. Para que chorar quando a desgraça chegar? Levante a cabeça, e a enfrente com dignidade. E você tem todo o poder para fazer isso.
Não sei se você já conhece o caso do Raimundinho. Ele está se tornando repetitivo, mas a Cultura Racional nos diz que o ser humano só aprende com repetições. E mesmo eu não querendo ensinar nada a ninguém, devo repetir, para quem ainda não conhece. Raimundinho foi do meu grupo de Escoteiros do Ar, na Base Aérea de Natal, nos anos quarentas e tantos. Certo dia, num treinamento, quando lhe perguntei o que ele faria se na caminhada encontrasse uma árvore caída, atravessando a estrada. Sem pestanejar, o Raimundinho respondeu: “Eu pulo pu riba”.
Faça isso sempre que a árvore do entrave estiver caída no seu caminho. Pule por cima. Se não der pra pular, rodei-a. Dê a volta em volta da árvore. Ela está caída. Não tem mais o valor que tinha quando de pé. E por isso não pode, nem deve atrapalhar sua caminhada. Siga em frente. Vá sempre na busca do que você quer. E o importante é que você saiba o que realmente quer. E procure no seu querer, o melhor para fortalecer os seus planos para um futuro melhor, independentemente do melhor que você tenha no presente. Sua riqueza está na riqueza dos seus pensamentos para o futuro. E você pode. Pense nisso.
99121-1460