Jessé Souza

JESSE SOUZA 11814

O BBB precisa ser levado mais a sério no país da plateia

Jessé Souza*

Eu mesmo teorizei que o Big Brother Brasil (BBB), da TV Globo, iria entrar em declínio com a popularização das redes sociais. Afinal, que espaço melhor para saber e dar pitaco na vida dos outros do que no Facebook, Instagram e Twitter? Mas não foi bem assim. Errei feio.

Esse reality show só ganhou forças na medida em que não se resume apenas a um programa para bisbilhotar a vida dos outros e fazer fofoca sobre um punhado de pessoas confinadas e monitoradas 24 horas por câmeras por todos os lados, fazendo intrigas e estratégias para não serem eliminados.

As pessoas não só participam eliminando quem não lhes convém ou não agradam como cancelam a vida aqui fora dos que saem odiados. É a prova mais concreta possível de que o brasileiro aprendeu a ser plateia, e não um cidadão consciente de seus deveres e direitos.

Não à toa o programa do Faustão, na mesma TV Globo, nas tardes e noites de domingo, resiste até hoje, com um babacão fazendo piadas sem graça, mesmo ainda na quarentena devido à pandemia, quando a plateia não pode mais estar presente no auditório para levantar, aplaudir e sentar de novo de bico bem fechadinho e rabinho entre as pernas.

Também não é por acaso que outra estrela de programa de auditório da mesma emissora, Luciano Huck, já pensa até em ser presidente do Brasil porque viajou o país para entregar casas reformadas para famílias sorteadas pelo programa. Só porque foi, de jatinho, em quase todos os estados, acha-se habilitado a ser o maior conhecedor do país.

É por isso que o BBB tem vida longa. Porque o brasileiro é plateia, e não um cidadão. Por isso mesmo que o BBB precisa ser levado a sério e definitivamente ser adotado oficialmente como o novo modelo de eleição para a escolha do presidente do Brasil.

Os candidatos lançados pelos partidos seriam confinados pelo mesmo período do processo eleitoral, de aproximadamente três meses. E os dois últimos que conseguirem se manter na casa ficariam na finalíssima, que seria uma espécie de segundo turno.

Como tivemos 14 candidatos a presidente nas eleições passadas, então isso já é uma garantia de que teremos um número satisfatório de brothers e sisters presidenciáveis confinados e interagindo entre si com diversidade de realidades, ideologias, propostas e propósitos partidários ou não, como é a política partidária.

Com todos confinados na casa do BBB, com tudo pago pelo contribuinte e com um prêmio ao ganhador na final, para que o vencedor não ficasse tentado a roubar o país quando assumir, com certeza o Brasil iria economizar muito recursos públicos para serem aplicados em saúde ou educação.

Para se ter uma ideia, o Fundo Eleitoral sancionado recentemente tem o valor de R$2 bilhões (bilhões!) para serem distribuídos aos partidos. Para bancar esse BBB eleitoral não se gastaria nem a metade desse dinheiro, já que esse reality eleitoral não terá fins comerciais.

Bancando o confinamento dos candidatos, premiando os participantes durantes as provas semanais e ainda pagando o prêmio do vencedor, ainda iria sobrar muita grana. Sem contar que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os demais Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) também iriam economizar uma fortuna, pois teriam que administrar apenas as ligações telefônicas e votos pela internet, com a contagem de votos por meio de um sistema bem mais barato.

E ainda poderia arrecadar muita grana pelas ligações realizadas pela plateia eleitora, recurso este que poderia ser usado para bancar o próprio BBB eleitoral posterior. Seria a nova forma de se arrecadar fundo eleitoral com os próprios candidatos atuando para isso.

Afinal, não faltariam fofoca, barraco, intrigas, conluios, mentiras, demagogias e muito pouca sinceridade, ingredientes suficientes para prender a grande plateia brasileira na histórica campanha eleitoral que atenderá as exigências de quarentena e distanciamento social exigidos em tempo de pandemia.

É por isso que o BBB precisa ser levado mais a sério. Ele poderia ser a saída contra a corrupção eleitoral, gastos absurdos com campanha e, além disso, todos os candidatos estariam disputando a preferência da plateia eleitora, sendo vigiado diariamente e por 24 horas. Não tem como dar errado. Porque o Brasil estaria satisfeito, já que o povo é uma grande plateia mesmo.

Por isso, eu apoio o BBB como novo sistema de campanha eleitoral brasileira. Seremos exemplos para o mundo. É sério! Logo eu que fui um crítico contundente desse reality…

*Colunista