Operação da PF desmonta a criminosa farsa contra o meio ambiente Jessé Souza*
A operação da Polícia Federal deflagrada ontem, para investigar suspeitas de crimes de corrupção e contrabando internacional de madeiras praticados por agentes públicos e empresários madeireiros, começa a desmontar a farsa desse governo em relação ao meio ambiente. Um dos investigados é o próprio ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusado de esquentar documentos fraudados de aquisição de madeira para exportação. Ele passou a ser investigado desde abril, quando foi acusado de atrapalhar uma megaoperação da PF no Amazonas contra o desmantamento, realizada em dezembro do ano passado. O acobertamento foi flagrante. Em vez de o governo tomar providências para apurar os fatos, decidiu exonerar do cargo o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, depois que ele apresentou um pedido de investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro do meio ambiente. Salles é o típico ministro na base do “um manda e outro obedece”, revelado pelo então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao confirmar que quem dava as ordens era o próprio presidente Jair Bolsonaro na questão da pandemia no país. É assim também com o meio ambiente e com os demais setores que estão sendo desmantelados por esse governo. Com relação ao meio ambiente, o discurso sempre foi o da teoria da conspiração, cuja a mentira pregada é a de que os países ricos querem se apoderar da Amazônia, quando, na verdade, está sendo feito não apenas um desmantelo das riquezas naturais, como uma ação entreguista para grandes madeireiras e mineradoras, como é o caso da garimpagem nas terras indígenas. Salles é o agente do desmantelo dos órgãos ambientais e de fiscalização, o qual foi desmascarado pelo então superintendente da PF no Amazonas, que passou a ser alvo de ataques de bolsonaristas por escancarar os crimes cometidos pelos agentes públicos, comandados pelo próprio ministro do Meio Ambiente, para favorecer empresas madeireiras. Não se pode cair no esquecimento que o delegado da PF do Amazonas também citou dois senadores roraimenses dentro de escândalo. Ele acusou o senador Telmário Mota (PDT) de ter tentado atrapalhar as investigações e apontou o senador Mecias de Jesus (Republicanos) como um dos articuladores que tentaram a liberação da grande carga de madeira ilegal apreendida. Não há mais como tapar o sol com a paneira. Este governo que aí está nunca escondeu sua voraz intenção de destruir o meio ambiente em nome de um desenvolvimento falacioso, além de atentar contra povos indígenas e qualquer tipo de minoria que busque seus direitos. É esperar o desenrolar dos fatos. A PF já está fazendo a sua parte por determinação do STF. Os partidos de esquerda pediram o afastamento e o impeachment do ministro do Meio Ambiente. Há uma esperança de que este desmantelo possa ao menos ser freado.
*Colunista