Jessé Souza

JESSE SOUZA 12126

A cada fala sobre a saúde pública, mais questionamentos surgem

Jessé Souza*

Embora improvável, há uma expectativa de que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que se desenrola do Senado, possa começar a passar a saúde pública em Roraima a limpo. Já existe uma investigação da Polícia Federal em curso, que inclusive resultou no caso do senador Chico Rodrigues (DEM) flagrado com dinheiro na cueca.

Porém, até agora, o governador Antonio Denarium (sem partido) ainda não foi chamado à responsabilidade. As investigações em curso na PF indicam que Denarium sabe muito mais do que ele vem dizendo, enquanto em dois anos e meio de mandato sua administração já está no oitavo secretário estadual de Saúde.

Até aqui, a CPI da Saúde em curso na Assembleia Legislativa de Roraima, que vai completar dois anos em agosto, fez de tudo para não envolver Denarium. Até mesmo o depoimento do ex-secretário de Saúde, Allan Garcês, relatando que o irmão do governador tentou dissiduadi-lo a favorecer uma empresa, foi ignorado pelos membros da CPI.

Cada fala sobre a questão da saúde estadual chama as autoridades à responsabilidade. Na sessão de ontem da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Jeferson Alves (PTB) foi à tribuna denunciar a precariedade do serviço e criticou duramente a indicação do ex-deputado e fruticultor Airton Cascavel como secretário estadual de Saúde.

Trata-se de uma posição forte do parlamentar, que chegou a afirmar que um fruticultor indicado para secretário daquela pasta entendia o mesmo que ele sobre saúde: “Nada”! De fato, uma consideração muito convincente. Porém, Allan Gacês, em seu depoimento à CPI da Saúde, chegou a dizer que o próprio Jeferson era um dos deputados que o procurou para tentar conseguir vantagen na Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).

Tal fato também foi solenemente ignorado pela CPI, o que indica que há uma memória seletiva nesta investigação, em que alguns citados acabam sendo ignorados e imediatamente esquecidos. Inclusive, à época do depoimento, os membros da CPI voltaram-se contra o depoente, tentando descrebilzar o que ele disse.

No entanto, hoje já sabemos que há muito mais a ser esclarecido, graças à operação da PF, a qual cita não apenas o senador do “caso da cueca”, mas também dois outros senadores, Mecias de Jesus (Republicanos) e Telmário Mota (PDT), os quais, por coincidência, também são citados no escândalo de favorecimento a uma madeireira do Amazonas.

Como é possível notar, há muito o que ser esclarecido ainda relação à postura do governador no escândalo da saúde pública. Como já se sabe que a CPI local mostra tendências governistas, então só resta esperança de que a CPI do Senado possa representar a esperança de que tudo seja esclarecido.

Afinal, muitas pessoas morreram de coronavírus enquanto alguns articulavam seus esquemas com recursos destinados ao combate à Covid-19. O primeiro secretário de Saúde a se demitir, Ailton Wanderley, saiu denunciando extamente isso, alerdeando em seu perfil na rede social de que havia uma grande esquema envolvendo parlamentares e empresas.

E o governador até hoje sempre dizendo que nada sabia…

*Colunista