Demitir-se é o mais sensato para a ex-prefeita, já que sua prioridade é outra
Jessé Souza*
O melhor que a ex-prefeita Teresa Surita (MDB) deveria fazer é se demitir como consutora-geral da Prefeitura de Boa Vista, uma vez que explicitamente ela decidiu ficar viajando para conhecer o interior do Estado, já que ela tem intenção eleitoral declarada e não tem tempo para tratar dos problemas que Boa Vista enfrenta, especialmente neste inverno rigoroso.
Desde que assumiu o cargo, no início do ano, Teresa tem usado suas redes sociais para destacar suas visitas sos municípios do interior, inclusive entregando luminárias que deveriam estar servindo para localidades da zona rural de Boa Vista, e para elogiar reiteradamente o Parque do Rio Branco, que inclusive está interditado parcialmente em menos de seis meses de inaugurado, como se essa obra bastasse em si para agradar o boa-vistense.
Enquanto isso, a cidade enfrenta sérios problemas que precisam de solução, a exemplo da Feira do Garimpeiro, que é a tradicional feira-livre que se forma na Avenida Ataíde Teive, na divisa dos bairros Asa Branca e Tancredo Neves, na zona Oeste da Capital, onde pulsa diariamente um dos centros comerciais mais movimentados da cidade.
Por causa da feira, aquele local se transforma em um grande problema por causa da falta de drenagem (as barracas ficam tomadas pela lama quando chove), do ordenamento das barracas (que dá impressão de uma favela), do recolhimento de lixo (durante e depois da feira) e de outras situações. Só se vê alguma autoridade por lá quando é para pedir votos.
Nos bairros periféricos, há regiões onde as ruas se transformaram em imensas lagoas e atoleiros, especialmente nos bairros Raiar do Sol, Alvorada, Senador Hélio Campos, Laura Moreira, Operário e outros mais pertos da área central, como Araceli. Nesses locais, moradores se veem largados a sua própria sorte, esperando pelas ações governamentais.
Na zona rural da cidade, os problemas são históricos: alagamentos, falta de iluminação pública, estradas e pontes precisando de manutenção, falta de posto de médico e a necessidade de toda sorte de ajuda para viver com o mínimo de dignidade. Esses moradores também ficam na fila de espera por uma visita qualquer, ao menos como consolo.
Em quase todos os bairros da Capital há uma carência muito forte de ordenamento no trânsito para se evitar acidentes corriqueiros em cruzamentos onde necessitam há anos de um semáforo. Essa carência acaba passando a impressão de que instalar um semáforo fosse algo de outro mundo e que precisasse de grandes investimentos.
A Prefeitura faz vistas grossas para o caos no trânsito que se forma há um certo tempo. Quando instala um semáforo na cidade, com anos de atraso e somente depois de vários acidentes e mortes, o ato é divulgado como se fosse algo extraordinário da administração pública. Chega a ser irônico, sabendo que a cidade clama por mobilidade urbana.
Os problemas no tráfego urbano se ampliam à medida que o número da frota de veículos aumenta, especialmente com inchaço da cidade com a chegada constante de imigrantes. Mas não se vê autoridades empenhadas em discutir soluções para estes problemas no trânsito boa-vistense.
O transporte público está vivendo uma balbúrdia, com o surgimento de táxi lotação e moto táxi clandestinos, já que o serviço de lotação e ônibus urbanos não atende as necessidades mais urgentes de quem precisa se locomover principalmente para trabalhar no Centro ou nos bairros da zona Leste.
A questão do lixo urbano é outra grande questão esperando por solução, pois o aterro sanitário há muito tempo se tornou um lixão a ceu aberto que não suporta mais a necessidade da Capital, além de poluir severamente o meio ambiente à margem de um igarapé que deságua no Rio Branco e a menos de um quilômetro do último bairro da Capital.
Enfim, há vários outros problemas que esperam por soluções imediatas, antes que seja tarde, os quais são adiados de acordo com os interesses políticos de nossas autoridades, como se está vendo agora. O que vemos é uma consultora, que deveria estar empenhada em apontar soluções para os graves problemas, que vive em constantes viagens para o interior do Estado tratando de seus interesses políticos e partidários.
Chega a ser um afronta ver uma política contratada como servidora pública, paga com dinheiro dos impostos dos cidadão para tratar dos interesses do contribuinte boa-vistense, explicitamente dedicada aos seus interesses políticos. Se suas viagens são muito importantes para o seu projeto pessoal ou de seu grupo, então que entregue o cargo que só onera os cofres públicos.
*Colunista