ANIVERSÁRIO DE BOA VISTA – 131 ANOS (1890 – 2021).
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Situada na região mais setentrional do Brasil e acima da Linha do Equador, Boa Vista está à margem direita do rio Branco. Esta cidade nasceu nas terras de uma fazenda (a Fazenda Boa Vista), fundada em 1830, pelo capitão cearense Inácio Lopes de Magalhães (ex-comandante do Forte de São Joaquim).
A Lei nº 092, de 09 de novembro de 1858, assinada pelo presidente da Província do Amazonas, Francisco José Furtado, estabeleceu a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo da Boa Vista do Rio Branco, mas as terras pertenciam ao Município de Moura, no Amazonas. Só oito anos mais tarde, com a Lei nº 132, de 29 de junho de 1865, é que se estabeleceram os limites definitivos entre as freguesias. Em 1887 o povoado foi elevado à condição de “Vila” de Boa Vista do Rio Branco.
PATRIMÔNIO.
Através de um Contrato de Compra e Venda, datado de 30 de janeiro de 1899, o Município de Boa Vista adquiriu do Estado do Amazonas uma légua patrimonial, consolidando assim, o patrimônio urbano de Boa Vista. Por meio desse documento, a Intendência (antiga Prefeitura) recebeu o Título Definitivo de sua área com 43.496.090 m². Sendo que, o Distrito-sede, no caso Boa Vista, possuía um perímetro de 28.154 m². Limitava-se ao norte com o rio Cauamé; a leste com o rio Branco; a oeste com os rios Caranã e Pricumã, tendo a frente, em linha reta, medindo 5.970m.
O Título Definitivo da sede do Município encontra-se registrado às folhas 23, do Livro 36, de Registro de Títulos, dos anos de 1890/1899, da Divisão de Arquivo Público do Estado do Amazonas.
A OCUPAÇÃO.
Em 1877 o Nordeste brasileiro enfrentou uma das maiores secas de sua história. Muitos nordestinos deixaram a região, migrando para outros estados em busca de melhores condições de vida. Grande parte foi para o sudeste do País, principalmente para São Paulo. Outros, no entanto, preferiram a Amazônia. Nessa época, várias famílias vieram para Boa Vista. Diariamente chegavam ao Porto do Cimento (hoje Orla Tauman), vários barcos trazendo pessoas do Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, até da própria região Norte, principalmente do Amazonas e do Pará. Estas famílias foram fundamentais para o desenvolvimento da agricultura e pecuária, que se tornaram as atividades econômicas mais importantes desta região durante várias décadas.
Paralelamente, o fluxo de migrantes ajudou a criar outra atividade, a do Garimpo. Cresceu muito a exploração e venda de diamantes, sendo os da região do Tepequém considerados de excelente qualidade.
O intenso comércio despertou a atenção da administração pública em Manaus para a necessidade de se criar uma coletoria fiscal-fazendária para a cobrança de impostos. Em face disso, o governador da Província do Amazonas, o general Augusto Ximenes de Villerroy, baixou o Decreto número 49, datado de 9 de julho de 1890, criando o “Município de Boa Vista do Rio Branco”, cujas terras foram desmembradas do Município de Moura.
A Lei Estadual amazonense de nº 1.262, datada de 27 de agosto de 1926, elevou o Distrito-sede do Município de Boa Vista do Rio Branco à categoria de “Cidade”.
E, por meio da promulgação do Decreto-Lei Estadual de nº 176, datado de 1º de dezembro de 1938, a cidade teve sua denominação simplificada para somente “Boa Vista”.
A CAPITAL.
Por ocasião da 2ª Guerra Mundial (1939 -1945), o Presidente do Brasil, Getúlio Dorneles Vargas, criou vários Territórios Federais nas áreas de fronteiras, alegando questão de Segurança Nacional. Um destes foi o Território Federal do Rio Branco, em 13 de setembro de 1943, através do Decreto-Federal de nº 5.812/43. A partir daquele momento, Boa Vista não mais pertencia ao Estado do Amazonas. A cidade se tornava a capital do novo Território
Ainda assim, mesmo com a criação do Território, ainda não tínhamos um governador. De 13 de setembro de 1943 até 20 de junho de 1944 (quando chegou o primeiro governador o capitão Ene Garcez dos Reis), Boa Vista ainda era um município administrado por pessoas indicadas pelo governador do Amazonas. O último prefeito, vindo daquele estado, foi o capitão da Polícia Militar Temístocles Henrique Trigueiros.
Com a chegada do novo prefeito (o primeiro do Território), Mário Homem de Mello (que veio junto com o governador Ene Garcez), a capital Boa Vista passou a ter administrador municipal próprio.
URBANIZAÇÃO.
Na época da criação do Território Federal, a cidade de Boa Vista era pequena, com poucas ruas e poucos Bairros, restringindo-se, praticamente, ao Centro da cidade com pequenos comércios na Avenida Jaime Brasil e, em seguida, um espaço aberto após a Avenida Getúlio Vargas, que um dia viria a ser o Centro Cívico. Mais a frente, a Praça da Bandeira e o bairro Rói-Couro (hoje o Bairro São Pedro). Havia o Porto da Intendência (este depois recebeu o nome de “Porto do Cimento”, onde hoje está a Orla Taumanan); e, em seguida, o Porto da Olaria (antigo Beiral), e o bairro Caxangá (denominação dada ao igarapé na Rua Professor Diomedes).
O governador Ene Garcez foi ao Rio de Janeiro (capital do Brasil, à época) e fez uma licitação entre empresas de engenharia para vir a Boa Vista e criar um Projeto de Urbanização.
A empresa vencedora da licitação foi a “Riobras Ltda”, do engenheiro Darcy Aleixo Derenusson. Este veio à Boa Vista, formou uma equipe com pessoas habilitadas em construção civil e topografia, e, juntos, empreenderam a urbanização da parte central da cidade, com o projeto de ruas em diagonais, como feixes do raio do Sol, partindo da área central (o Centro Cívico). Além disto, realizaram outras obras: esgotos sanitários, esgotos pluviais, abastecimento d’água, energia elétrica, com sua rede distribuidora cais de atracação às margens do Rio Branco; meios-fios, sarjetas e arruamento da Rua Floriano Peixoto (a que passa em frente à Escola São José); e em 1946 foi elaborado o primeiro Código de Obras de Boa Vista.
Também construíram 10 escolas rurais com sala de aula e residência para professor; construção da Praça de Esportes Capitão Clovis, constando de arquibancada com vestiário e instalações sanitárias, quadra de tênis, quadra de vôlei e basquete, etc; além da construção do Hotel Boa Vista (hoje o Aipana Hotel); construção do matadouro modelo; e construção de 20 casas para os funcionários do IPASE (em frente ao campo do Roraima, na Avenida Mário Homem de Melo – atrás do prédio Latife Salomão).
A empresa riobras, de Darcy Aleixo Derenusson, foi a responsável pela infraestrutura inicial da cidade de Boa Vista. O trabalho que iniciou em 1944, findou em 1951, com a saída de Darcy Aleixo e a chegada do governador Miguel Ximenes de Melo.
De lá pra cá, a cidade foi crescendo com a chegada de novos migrantes de várias partes do país; novos bairros foram criados, expandiu-se novas ruas; o comércio foi fortalecido, assim como a agricultura e a prestação de serviços por parte dos órgãos públicos.
Passou-se de Território Federal do Rio Branco (criado em 13/09/1943), depois mudou o nome para Território Federal de Roraima (em 13/12/1962). E, finalmente, Boa Vista
, que iniciou como Fazenda, hoje é a capital do Estado de Roraima, conforme o Art.14 das Disposições Transitórias da atual Constituição Federal do Brasil, de 1988.
O atual Prefeito de Boa Vista é o senhor Arthur Henrique Brandão Machado/MDB, eleito no ano passado (2020) com 116.792 votos, o equivalente a 85,36% do total do eleitorado boa-vistense. O vice-prefeito é o senhor Cássio Murilo Gomes. Ambos tomaram posse no Auditório do Teatro Municipal no dia 1º de janeiro de 2021.
A título de informação, a data de 09 de Julho foi instituída como Aniversário de Boa Vista, referindo-se à criação do município no dia 09 de julho de 1890. O autor da Lei Municipal de nº 227, datado de 06/07/1990, que instituiu o feriado comemorativo neste dia, foi o vereador Jaber Xaud (falecido no dia 18/12/2010).
Na Câmara Municipal de Boa Vista, foi vereador da 2ª legislatura no período de 1973 e 1978. Foi presidente da Câmara por dois anos e autor do projeto de lei que instituiu o feriado de 09 de julho, aniversário do município.
Faleceu no dia 18.12.2010.
Portanto, o aniversário de criação de Boa Vista é comemorado no dia 09 de Julho (conforme Lei Municipal de nº 227, datado de 06/07/1990
para projetar a urbanização da cidade. De 1944 a 1946 Darcy Derenusson dirigiu e coordenou uma equipe (composta entre outros por Murilo Teixeira Cidade, José Amador – o Batom, e Walter Bastos de Melo – autor da criação da Estátua do Garimpeiro, em 1969).
Com sua empresa, a Riobras, Darcy Derenusson realizou a urbanização da parte central do atual traçado da cidade, e das principais ruas que convergem para o Centro Cívico, dotando-as de obras de infra-estrutura: esgotos sanitários, esgotos pluviais, abastecimento d’água, energia elétrica, com sua rede distribuidora e a confecção em 1946 do primeiro Código de Obras de Boa Vista. Nessa época também foram realizadas as seguintes obras: cais de atracação às margens do Rio Branco; meios-fios, sarjetas e arruamento da Rua Floriano Peixoto (a que passa em frente à Escola São José); construção de 10 escolas rurais com sala de aula e residência para professor; construção da Praça de Esportes Capitão Clovis, constando de arquibancada com vestiário e instalações sanitárias, quadra de tênis, quadra de vôlei e basquete, etc; além da construção do Hotel Boa Vista (hoje o Aipana Hotel); construção do matadouro modelo; e construção de 20 casas para os funcionários do IPASE (em frente ao campo do Roraima, na Avenida Mário Homem de Melo – atrás do prédio Latife Salomão). Darcy Derenusson desenhou o centro da cidade em forma de leque, com ruas largas, bem iluminadas, e com as principais avenidas convergindo para o Centro Cívico, com belos monumentos e suave plasticidade. E, mesmo depois da partida do Governador Ene Garcez em 1945, sua equipe continuou o trabalhou de urbanização até 1951, já no governo de Miguel Ximenes de Melo.
Passado algum tempo, surgiu um problema: é que, em virtude do nome do Território ser “Rio Branco”, e a capital do Acre, também ser “Rio Branco”, havia muita confusão na entrega de correspondências, mercadorias, medicamentos, etc. entre essas duas cidades.
Fez-se necessário, então, encontrar uma nova denominação para o nosso Território. Muitos nomes foram sugeridos por estudantes, comerciantes e famílias pioneiras. Houve até plebiscito para se chegar a um consenso. O nome escolhido foi RORAIMA, que tem o seguinte significado: Rorô = verde, papagaio, cajuí; e Imã=monte, serra. Portanto, Roraima, significa: Monte Verde, Monte Roraima (na tri-junção dos países: Brasil, Venezuela e Guiana).
O deputado federal Valério Caldas de Magalhães, apresentou na Câmara Federal um Projeto de Lei mudando o nome de Território Federal do Rio Branco para Território Federal de Roraima. Foi aprovado e tornou-se Lei de nº 4.182, datada de 13 de dezembro de 1962.
Com a transformação do Território Federal de Roraima em Estado de Roraima pela Constituição da República, de 1988, a cidade de Boa Vista ficou consagrada como a Capital do novo Estado, a mais setentrional do País.
Atualmente sua população está estimada em torno de 250.000 habitantes, distribuídos em mais de 50 Bairros. Com suas avenidas amplas e floridas, Boa Vista é chamada também de Princesa Cabocla do Rio Branco, a cidade desposada pelo Sol, o que faz dela, sem dúvida, uma das mais belas cidades da Amazônia.
De clima quente e úmido, com duas estações bem definidas – a das chuvas, chamada de inverno, ocorre de abril a setembro, e a da seca, o verão, que vai de outubro a março – Boa Vista registra temperaturas que variam entre 20° a 38°C, ficando a média anual situada em torno de 27,4º C.
ARQUITETURA E URBANISMO
Os colonizadores trouxeram, junto com seus usos e costumes, a arquitetura presente nas construções mais antigas, erguidas nas áreas próximas ao rio Branco, realça o estilo encontrado nas grandes cidades no fim do século XIX e primeiras décadas do século XX.
Esse estilo é o neoclássico, que tentou resgatar com certa dose de romantismo as formas romanas e gregas da antiguidade. Os traços neoclássicos podem ser facilmente identificados nos contornos dos umbrais das construções ainda preservadas em vários pontos da cidade.
Quem vê Boa Vista pela primeira vez se surpreende não só com seu traçado urbanístico, mas principalmente com sua topografia plana, com raros declives. Visto do alto, o traçado urbano impressiona pela modernidade e pela incidência de verde, arborização na qual se mesclam espécies frutíferas, ornamentais e nativas.
A circulação de pessoas e veículos se dá por largas avenidas perimetrais, a maioria convergindo para o Centro, e avenidas radiais, que formam a figura de um leque urbano. Esse traçado, que tem por base a margem direita do rio Branco, nasceu nos anos 30 na prancheta do engenheiro e arquiteto carioca Darcy Aleixo Derenusson, que buscou inspiração na antiga Paris, a Cidade Luz, capital da França.
Assim é Boa Vista, cuja trajetória épica foi escrita na história da Amazônia pelas mãos de gente de todos os cantos do País, que fez dela seu ponto de encontro. Essa união de brasileiros deu origem a um povo alegre, gentil e amável. Por conta dessas características, as muitas gerações que se sucederam criaram uma cultura peculiar, com matizes representando inúmeras outras culturas, que faz de Boa Vista uma das mais modernas e belas cidades do Brasil.
A BOA VISTA DE HOJE
Praticamente restou muito pouco dos tempos da Freguesia de Nossa Senhora do Carmo da Boa Vista do Rio Branco e do estilo arquitetônico das construções erguidas pelos primeiros moradores em torno da fazenda em que originou a cidade de Boa Vista.
A cidade sofreu uma grande transformação, tanto no seu traçado original como na sua arquitetura. Os limites do desenho idealizado por Darcy Aleixo Derenusson ficaram restritos apenas à região central.
Com o perímetro urbano contando com 59 bairros, muitos deles fruto de invasões e do crescimento desordenado, Boa Vista cresceu para todos os lados e continua se expandindo. A arquitetura das construções mescla vários estilos, com predominância para o moderno e design de vários tipos e formas.
Atenta à importância do resgate histórico, a Prefeitura tem desenvolvido ações para a preservação de monumentos e sua catalogação como patrimônio a fim de que possam ser consolidados como pontos permanentes de visitação turística.
O prédio da Intendência foi reconstruído, obedecendo às suas linhas arquitetônicas originais de estilo neoclássico. O local abriga hoje a Centro de Informações Turísticas do Município
. A Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo também foi restaurada, seguindo os seus traços originais, com a participação da Ordem dos Beneditinos na execução da obra, concluída em julho de 2007.
Uma cidade cada vez mais linda de se ver, a modernização de Boa Vista acelerou nos últimos sete anos. As mudanças podem ser vistas a olho nu nas obras de grande impacto, como a Orla Taumanan, os terminais de ônibus do Centro e do Caimbé, o Complexo Ayrton Senna, a Vila Olímpica.
O Parque Germano Sampaio e o Centro Velia Coutinho são obras que embelezam Boa Vista. Duas boas opções de lazer à população. A duplicação das avenidas Carlos Pereira de Melo e Centenário proporciona mais conforto e segurança aos munícipes.
Também se destacam como inovações neste período a implementação eficaz da limpeza pública e da coleta de lixo, bem como as obras do aterro sanitário, com o fim do antigo lixão; de asfaltamento de mais de 800 ruas, mais do que o dobro do que foi asfaltado nos 110 anos anteriores; do novo sistema de iluminação pública, que reduz o consumo de energia; e dos restaurantes populares do Pintolândia e da Mecejana.
BOA VISTA EM DESENVOLVIMENTO
A maior obra em execução em Roraima está sendo feita em Boa Vista pela Prefeitura. Trata-se do Contorno Oeste. Serão asfaltados 19 quilômetros no entorno da cidade, fazendo com que a BR – 174 deixe de cruzar o perímetro urbano. Também serão construídos dois viadutos na entrada do Contorno Oeste e do bairro Raiar do Sol, além de duplicados sete quilômetros da BR – 174 e da ponte sobre o Igarapé Grande. O valor do investimento que ordenará o crescimento da cidade é R$ 63 milhões.
Outras obras importantes serão executadas. O Município está contemplado no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado pelo Governo Federal no início de 2007, para estimular o desenvolvimento econômico e social do País até 2010. Estão previstos R$ 50 milhões para macro e microdrenagem.
Os projetos incluem obras de drenagem tubuladas nos bairros Santa Teresa, São Francisco, dos Estados, Caçari e 13 de Setembro, além do canal do Mirandinha e do igarapé Pricumã. A conclusão vai direcionar águas das chuvas e evitar alagamentos em Boa Vista.
Portanto, o aniversário de criação de Boa Vista é comemorado no dia 09 de Julho (conforme Lei Municipal de nº 227, datado de 06/07/1990).