Crimes com requinte de crueldade e o preocupante silêncio geral que predomina
Jessé Souza*
São recorrentes casos de corpos esquartejados e abandonados em via pública dentro de sacos plásticos, cujo bairro 13 de Setembro, dominado pelo tráfico de droga, tem reúnido o maior número de casos este ano. E parece que este fato acaba se perdendo no noticiário do dia, sem que as autoridades sejam incitadas a se pronunciarem.
Em outros tempos, crimes dessa natureza despertavam a indignação da opinião pública a ponto de as autoridades policiais sentiam-se na obrigação em dar satisfação e os casos acabavam reverberando entre parlamentares e em entidades preocupadas com o avanço da violência.
Nesses últimos tempos, sequer a imprensa tem cobrado ou buscado respostas, muito menos as autoridades sentem qualquer obrigação de se explicar, além de os políticos fingirem que não é com eles. Desta forma, esses crimes bárbaros são esquecidos no dia seguinte, quiçá no mesmo dia diante da avalanche de correntes nas redes sociais e grupos de WhatsApp.
Mais um caso foi registrado na manhã de ontem, desta vez no Centro de Boa Vista, mais precisamente bem próximo do novo cartão postal da cidade. o Parque Rio Branco, onde o tráfigo de droga domina, bem próximo do Centro Cívico, onde estão as sedes dos poderes constituídos.
Ficou por isso mesmo, o crime ganhou um tímido destaque na crônica policial e hoje ninguém sequer mais irá comentar sobre o assunto, enquanto essa guerra urbana segue no submundo da criminalidade, onde a polícia sequer deu qualquer resposta sobre outros casos semelhantes que ocorreram em meses anteriores, a maioria no 13 de Setembro.
Não parece uma guerra de facção. Pelas características, provavelmente um acerto no mundo do tráfico de droga, que domina os arredores do Parque do Rio Branco, à luz do dia, se estendendo pelos bairros Calungá, São Vicente e 13 de Setembro, que por coincidência onde se concentra a maioria dos abrigos de imigrantes venezuelanos.
Já que a opinião pública não se alarma mais, as entidades de defesa da sociedade e o próprio Ministério Público têm a obrigação de se posicionar a fim de cobrarem uma posição das autoridades policiais sobre estes crimes com requintes de crueldade, aterrorizando moradores desses bairros.
Há algo muito sério ocorrendo sob o silêncio das polícias e passando ao largo das autoridades que estão no bem-bom de seus trabalhos em home office, onde sentem-se livres da pressão da sociedade, esta que parece apática diante do que está ocorrendo no país, descrente com a política.
Mas a sociedade não pode se render a esta pasmaceira social, em que todos optam pelo silêncio, seja por conveniência, pela descrença ou mesmo pelo desalento. Os usurpadores da socieade se alimentam da boca calada e do conformismo do cidadão, além da ausência das autoridades que deixam de cumprir com suas obrigações para as quais são bem pagas.
Os bárbaros crimes que estão ocorrendo em Boa Vista, com corpos esquartejados e corpos desovados nas cercanias da cidade, sem que haja questionamentos sobre o que está ocorrendo e sem que as polícias apontem quem são os executores e mandantes desta carnificina.
Já sabemos que, quando o crime se sente à vontade, um poder paralelo surge nesse vácuo. Temos um momento propício diante do avanço do tráfico, aumento da imigração desordenada, ociosidade nos bairros e autoridades fingindo que nada está ocorrendo. Isso é muito preocupante.
*Colunista