DICO ARAGÃO
– Personagem da nossa História –
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Os roraimenses das décadas de 1960 a 1970 tinham acesso aos principais jornais e revistas do País, graças à iniciativa comercial do senhor Dico Aragão (Raimundo Simões Aragão). Um dos seus filhos, o Adalberto, foi enviado para Manaus com a missão diária de comprar as edições dos jornais e revistas e as enviar pelo avião da Empresa Aérea Cruzeiro do Sul, que vinha semanalmente para Boa Vista.
Aqui o Dico Aragão tinha um comércio com o nome de “Casa Sônia”, na Avenida Glaycon de Paiva, no local onde hoje está a Loja “Doce Pimenta” (vestuário feminino/lingerie), situada entre a Imobiliária Potiguar e o Posto de Combustível Pioneiro (próximo do Fórum).
A Casa Sônia (nome em homenagem a uma de suas filhas) foi por muitos anos o único local em Boa Vista onde se podia comprar um jornal, uma revista ou um livro. Algumas pessoas optavam pela assinatura e recebiam em casa as encomendas que eram entregues pelos filhos do Dico Aragão.
Até o final da década de 1960 ainda não havia televisão em Boa Vista. A primeira a ser implantada foi a TV Roraima em 1975, no governo do coronel Fernando Ramos Pereira. E, na fase de implantação, era apenas uma TV repetidora de noticiários gravados em Manaus, e depois enviados para Boa Vista em malotes pelo avião da Cruzeiro do Sul. Tempos depois é que a TV Roraima passou a ter um telejornal local (e aqui registro saudosa lembrança do apresentador Edmur Oliva Filho, hoje trabalhando no Fórum Sobral Pinto). Tanto a TV Roraima, quanto a Rádio Roraima (inaugurada em 04/01/1957), complementavam seus noticiários local com as noticias dos jornais vendidos pelo Dico Aragão.
A BR-174 ainda não havia sido inaugurada e, praticamente, quase tudo que vinha de Manaus era transportado em barcos e batelões, ou no avião da Empresa Aérea Cruzeiro do Sul. Os voos eram em dias alternados, e às vezes, dependendo das condições do clima em Manaus (chuva forte, por exemplo, que dificultava as condições dos voos) o avião só chegava à noite em Boa Vista.
Quando isto acontecia o Dico Aragão, que era chefe do setor de abastecimento de combustível da empresa aérea Cruzeiro do Sul, ficava a espreita, olhando pro céu noturno, até a aparição do avião. Ao ouvir o ronco da aeronave no ar o Dico Aragão corria para a pista de pouso e colocava pequenos lampiões acesos (iluminados a querosene) para demarcar a pista de pouso e orientar o piloto.
Faz-se necessário lembrar que estamos falando de fatos ocorridos nos anos de 1960 a 1970, quando ainda não havia o instrumento GPS que hoje permite aos pilotos saberem com precisão as coordenadas geográficas de uma localidade e fazer um pouco com maior segurança.
Naquela época o nosso aeroporto tinha o nome de “Aeroporto Araujo Neto”, em homenagem ao advogado roraimense José Luis de Araujo Neto, que governou o Território Federal do Rio Branco no período de outubro de 1953 a maio de 1955. O prédio do pequeno Aeroporto é hoje o Terminal de Cargas do moderno Aeroporto Internacional de Boa Vista “Atlas Brasil Cantanhede”.
Além das atividades no Aeroporto, e da venda de jornais e revistas na “Casa Sônia”, o Dico Aragão foi o primeiro a instalar em Boa Vista o serviço de Loteria Esportiva.
As pessoas preenchiam seus cartões, anotavam os números, ficavam com um recibo como garantia, e os cartões eram enviados para Manaus. Dias depois, quando o avião chegava a Boa Vista, os apostadores se dirigiam à Casa Sônia, onde recebiam seus cartões devidamente perfurados (os números no cartão, escolhidos pelo apostador, eram furados manualmente com uma espécie de agulha pelo o atendente na casa lotérica). Ainda não havia a máquina com leitura digital. Muitos boa-vistenses conseguiram acertar os 13 jogos da Loteria Esportiva e receberam o dinheiro do prêmio.
Dico Aragão (Raimundo Simões Aragão) era filho do casal Marcos da Costa Aragão e Maria Francisca Aragão. Nasceu no interior do Amazonas, na cidade de Janaucá, no dia 22/01/1922, e veio para Boa Vista em 1944. Trabalhou durante 25 anos na Empresa Cruzeiro do Sul até que esta empresa foi incorporada pela Empresa de Aviação Varig. Dico Aragão se aposentou no final de 1979.
Mesmo aposentado, ele continuava trabalhando na sua distribuidora de jornais “Casa Sônia”. A loja só foi fechada no ano 2000 devido a problemas de saúde do Dico (ele sofreu dois derrames e ficou com seqüelas na visão, dificuldades na fala, e na locomoção).
Dico Aragão era casado com a senhora Alice Vieira Aragão. O casal teve 6 filhos: Sônia Maria, Pedro (trabalhou muito tempo no BASA), Marcos Neto, Ângela Maria, Adalberto, e Raimundo Simões. Todos os filhos têm o sobrenome “Vieira Aragão”.
Raimundo Simões Aragão (Dico Aragão) faleceu no dia 09/11/2006.
Em 2011 elaborei um Projeto de Lei denominando uma rua com o nome do Dico Aragão. O Projeto foi assinado pelo o à época, vereador Pelé (Sebastião Corrêa Lira Neto), aprovado em Plenário da Câmara Municipal e sancionado pelo Prefeito Iradilson Sampaio de Souza como Lei nº 1.345, de 06/06/2011.
Em seguida, a Lei foi publicada no Diário Oficial do Município de Boa Vista, sob nº 2964, datado de 15 de junho de 2011, renomeando a antiga Rua DI-G, no Distrito Industrial Governador Aquilino da Mota Duarte, com novo nome: “RUA DICO ARAGÃO”.