Opinião

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“Mensinho”, ontem, hoje e sempre…

Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar.

Drummond

A tarde passava com um misto de alegria, ineditismo e monotonia. A tarde passava e nós passávamos por ela. Sim, naquele quintal da casa pastoral, da casa mais fascinante daqueles dias. Afinal, não apenas a bola rolava, mas o som de cordas e teclados, de ensaios, de passos de dança, de uma amizade gratuita e cheia de cumplicidade. E nas teclas, no vôlei e na vida estava o menino Emerson Araújo.

À semelhança das teclas que conheciam tão bem a ligeireza dos seus dedos, sua vida contrastava entre o branco e o preto. Entre a brancura da paz de Deus, que excede todo o entendimento, e a escuridão das angústias, dores, adversidades, rotina, impotência de não poder ajudar a todos que por ele passavam, desde que se identificava com o samaritano ajuntador de gente e divertidor de pessoas, enquanto tocava canções pra Deus e para todos os que se inclinavam diante da harmonia e da voz de Gilmar Paes, da bateria de Vicente, da guitarra de “Pireca” e daquele teclado inesquecível.

Assim, as tardes passavam na liturgia dos pés descalços, na devocionalidade do campinho do Maranata, das águas profundas, transparentes e misteriosas do igarapé que serpenteava entre buritizais. Ali, naquela geografia do sagrado, aprendi a conversar com o silêncio de Emerson, com a sua infância rica de companhia e amizade na fé. Aprendi que o menino que me chamava de walbira e chamava o “Hilário” junto com os jovens e adolescentes de seu tempo, um dia cresceu. E como a idade adulta, chamada de fase das misérias, desemboca na responsabilidade e na força bruta da rotina, o homem Emerson mergulhou de cabeça no cumprimento de suas obrigações de pai, presbítero e funcionário público. O mais interessante é que não diferenciava uma da outra, cumprindo a todas com a mesma devocionalidade de quem vai de casa para o trabalho e do trabalho para o templo, para a Igreja Presbiteriana.

Emerson falava pouco, mas era um observador atento. Daí que a vida passou por ele e ele passou pela vida com enorme profundidade. De funcionário padrão a presbítero, homem amado por Deus e pelos irmãos, ele se despediu de todos por um tempo. Mergulhou no pleno entendimento e deixou a todos com uma saudade imensa e um sentimento de orfandade fraternal indescritível.

 Para sua esposa, filhos e irmãos ele será sempre o menino/homem exemplar; para mim, ele nunca vai deixar de ser o “Mensinho” que conheci nos dias simples, alegres e inéditos de Josué Araújo da Rocha e tia Flor.

Descanse em paz, amigo. Um dia nos encontraremos no maranata do infinito e nas teclas harmônicas da eternidade. Um dia…

*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras

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COTAS

Marlene de Andrade

  

“Quem segue a justiça e a lealdade encontra vida, justiça e honra.” (Provérbios 21:21)  

  

O sistema de cotas, nos vestibulares das universidades públicas do Brasil, é um absurdo. O objetivo dessa lei foi criar divisão na sociedade. Negros, índios e deficientes físicos não são “coitadinhos”, pois somos todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, então por que essas pessoas devem ser beneficiadas por cotas no vestibular, se elas são de carne e osso como qualquer ser humano?   

Na verdade, o sistema de cotas estigmatiza ainda mais as pessoas que  nasceram negras, deficientes físicas e indígenas. Será que o sistema de cotas não deixa claro que vivemos numa sociedade, a qual segrega de forma social e racial as pessoas? De fato a  reserva de cotas  confirma a segregação social e racial existente no país. Então o que se deve fazer? Acabar com a segregação e, não fomentá-la,  oferecendo a algumas pessoas um caminho tão equivocado.  

Brancos, negros pobres, índios e deficientes físicos devem passar no vestibular por mérito e não porque sejam considerados uns “coitadinhos”, pois de fato não são. É como se dissessem o seguinte: “Ah, coitados, vamos dar uma chance para essas pessoas porque elas não são como nós” e assim ficaria então uma pergunta no ar, ou seja, o branco vale mais que qualquer pessoa e por si só já é um “bem-aventurado”? Que barbárie!  

Existem pessoas analfabetas funcionais, sendo assim, se uma pessoa com direito a cotas, passar no vestibular sem ter qualificação, ou seja, mérito, vai ser ruim para ele mesmo, pois dessa forma ao começar o primeiro ano dentro da sala de aula da universidade, já passaria sentir dificuldades que iriam trazer muitos empecilhos para esses estudantes como quem sabe, complexo de inferioridade, o que na verdade não condiz com a ética, a moral e os bons costumes do viver em sociedade, pois como já foi dito acima, somos todos iguais perante a lei.   

Portanto, o que deveria ocorrer é melhorar cada vez mais o ensino, seja nas escolas públicas ou nas particulares, desde o ensino fundamental e não beneficiar negros, índios, PCD e agora por incrível que pareça até presidiários. Não podemos nos esquecer de que partes dos detentos são psicopatas e por isso não aprendem com os erros, não sentem remorsos, mas muito pelo contrário sentem prazer de praticar o mal.    

Marlene de Andrade  

Médica Especialista em Medicina do Trabalho – ANAMT/AMB/CFM  

Pós-Graduada em Pericias Médicas – Fundação UNIMED  

Perita Responsável Exame Condutores de Veículos Automotores/ABRAMET  

Médica do Trabalho Concursada pelo Estado/RR  

Especialização em Educação em Saúde Pública- UNAERP  

Treinamento na Unidade Integrada de Saúde Mental/HFA  

Técnica de Segurança no Trabalho – SENAI/IEL  

Eu e você somos nós

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Em nosso mundo moderno, simplesmente não alcançamos sucesso ou felicidade se não levarmos em consideração as outras pessoas”. (Les Giblin)

Estive refletindo, enquanto chovia, sobre o comportamento atual, das pessoas na sua profissão. As coisas e atitudes mudaram muito nos últimos tempos. Mas nem tanto quanto deveriam ter mudado. Podemos observar isso nos ambientes comerciais. É claro que devemos ser cuidadosos no assunto. Há uma evolução enorme nos atendimentos. Mas o que me interessa, no momento, é o que não está dentro dos padrões. Não sei se você se aborrece quando não recebe um atendimento adequado. Não se aborreça. Apenas analise o comportamento do atendente e faça sua parte, levando numa boa.

Já bati tantos papos com você, aqui neste espaço, que não sei se já falei do assunto que pretendo falar. Estou nessa gangorra. Mas vamos falar novamente, se já falei. É o exemplo do cidadão que saiu para o trabalho, pela manhã. Em frete a uma loja, ele lembrou-se de que precisava comprar um par de meias. Entrou na loja e foi atendido por um cidadão idoso. Foi muito bem atendido.

Depois que ele comprou o par de meias, foi que percebeu que já tinha comprado outras coisas que não estavam no programa. Admirou-se e comentou com o vendedor sobre como ele tinha o convencido a comprar tanto. Elogiou o vendedor e este sorriu e falou:

– Se quiser me ajudar fale isso para o meu gerente. É aquele senhor aí, que está nos olhando.

O cliente foi até o gerente da loja e falou:

– Você tem um excelente vendedor. Entrei pra comprar um par de meias e olha só o que comprei. E tudo por competência dele.

O gerente torceu o nariz e falou:

– Vendedor coisa nenhuma! Aquele infeliz é o dono da loja.

O exemplo sempre é a melhor didática. Aquele cidadão bem poderia ter indicado um vendedor para atender o cliente. Mas ele apenas fez o que um profissional qualificado deve fazer. Não importa o cargo que ele ocupava na empresa. O que importou mesmo foi o que você fez bem feito. Também já lhe falei de grandes exemplos a que já assisti nas grandes empresas em que trabalhei por três décadas.

O Swami Vivecananda disse: “Não se mede o valor de um homem pela tarefa que ele executa, e sim pela maneira de ele executá-la”. E se você ainda é dos que ou das que confundem o termo “homem”, corta essa. Os grandes pensadores quando se referem ao homem está se referindo ao ser humano. Portanto, não importa qual o seu sexo, o que importa é que você cumpra seu dever, fazendo o melhor no que você faz. Seja um bom profissional. Valorize sempre as outras pessoas, sejam clientes ou colegas de trabalho. Pense nisso.

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