Minha Rua Fala

MINHA RUA FALA 12369

MISS LOIS

– Missionária Evangélica Miss Lois e a Primeira Igreja Batista de Roraima –

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Eu inicio esta história fazendo algumas correções, começando pela placa da rua. Escreveram na Placa: “Rua Miss Loyd”. Quando, na realidade, o nome desta norte-americana era Lois (Lois Christina Martenson).

Aqui em Boa Vista se apresentou como “Miss Lois” que, em inglês, traduz-se por “senhorita Lois”, já que nos Estados Unidos a moça solteira é tratada como “miss” (senhorita). Ela só casou quando já tinha 50 anos de idade (nos Estados Unidos com o pastor americano Carl Knuston).

Miss Lois, como era tratada pelo povo, foi uma bondosa evangélica da Primeira Igreja Batista Regular de Boa Vista (situada na Rua José Magalhães, no Centro da cidade). Esta missionária evangélica prestou inestimáveis serviços educacionais, médicos e sociais ao povo roraimense, realizando dezenas de obras de caridade em suas viagens às comunidades no interior por todo o Território Federal do Rio Branco.

Amparada na sua formação superior em Enfermagem, Miss Lois tratava os doentes, aplicava injeções, importava medicamentos dos Estados Unidos e os doava à população, ao mesmo tempo em que distribuía livros bíblicos e falava das maravilhas do poder de Deus.

A segunda correção que faço é quanto ao nome do Bairro onde está a Rua Miss Lois. Não é “Bairro Nossa Senhora de Aparecida”, já que este nome se refere apenas à Padroeira daquela Igreja. O nome correto é somente “Aparecida”, uma homenagem à esposa do prefeito Francisco Zangerolane (prefeito no período de 1967 a 1969) que doou o terreno para a Associação do Clube de Mães, onde hoje é a Praça central do bairro. E, como gesto de gratidão, os moradores puseram o nome de “Bairro de Aparecida”.

A missionária evangélica norte-americana Lois Christina Martenson, nasceu no dia 19/01/1912, na cidade de Ferndale, condado de Whatcom, Washington, nos Estados Unidos. Era filha do casal Americano Nels Martenson (1871–1938) e Minnie Matilda Dahleen (1875–1953).

A missionária Lois Martenson chegou ao Brasil em 1940, permanecendo em Manaus até 1942, quando veio naquele ano para Boa Vista. Era uma mulher culta, falava vários idiomas e possuidora de talentos artísticos. Miss Lois tocava piano, acordeom (sanfona) e órgão musical de teclado.

Miss Lois foi a primeira mulher em Boa Vista a dirigir seu próprio veículo, uma camionete antiga tipo Jeep cabine dupla que ela mesma, quando necessário, consertava, e que lhe servia para viajar pelo interior do Território, pregando o Evangelho, prestando serviços de atendimentos à saúde e formando núcleos de evangelizadores.

Lois Martenson tinha um carinho especial para com as crianças. Contava de modo especial histórias bíblicas, usando pela primeira vez recursos visuais: desenhos, gravuras e figuras em várias cores, além de teatrinhos infantis, declamação de poesias e ensino da doutrina do Evangelho.

Em Boa Vista, Lois Martenson foi quem primeiro apresentou um Coral de vozes e cânticos com crianças. Trabalho este realizado na Escola Bíblica de Férias, chamada de Escola Popular. As crianças entravam cantando no templo da Igreja Batista ao som do órgão musical tocado por Miss Lois.

Miss Lois deixou um profundo legado cultural, além de um notável trabalho espiritual. Há muitos testemunhos de fé e relatos sobre o trabalho de assistência médica, social e evangélico de Miss Lois. Poderia citar aqui dezenas de casos em que a cura se deu pelo trabalho de enfermagem da Miss Lois.

Na década de 1950, aqui em Boa Vista, havia somente quatro médicos em atendimento à população: o doutor Silvio Lofêgo Botelho, o doutor Francisco Elesbão, o doutor Reinaldo Neves e o médico sanitarista Durval Araújo. Eles atendiam não só a capital, mas também às pessoas vindas do interior do Território Federal. O trabalho de auxiliar nas enfermarias (e às vezes até a realização de partos) era realizado pelas madres católicas no Hospital Nossa Senhora de Fátima e na primeira maternidade (onde hoje é a SEPLAN), na Rua Coronel Pinto – Centro.

Miss Lois, por ser evangélica, chamada à época, de “Crente”, não tinha acesso ao hospital “católico”, mas nem por isto deixava de prestar atendimento aos doentes. Ela visitava as famílias nas casas, praticava gratuitamente a enfermagem e doava os medicamentos necessários. Foram mais de 15 anos de bons serviços prestados à população de Roraima.

No dia 22/02/1957 Miss Lois foi chamada para desenvolver seu trabalho em Belém do Pará, e de lá retornou para os Estados Unidos onde passou a morar em Granite Falls, Chippewa, no Estado de Minnesota.

Miss Lois (Lois Christina Martenson) faleceu em dezembro de 1984, aos 72 anos de idade, vítima de um choque elétrico em sua residência.

A professora e geógrafa Dalva Honorato de Souza Dias, autora do livro “A História de Roraima, contada pela História da Igreja Batista Regular de Boa Vista”, citou à página 31, em relação à Miss Lois Martenson: “Grandes lições de vida podemos tirar do testemunho dessa maravilhosa mulher, que usou sua profissão para colocar-se a serviço de Deus. Que este exemplo sirva para cada um de nós, que muitas vezes desperdiçamos as oportunidades que Deus nos dá dentro da nossa profissão”. A escritora e professora Dalva Honorato faleceu no dia 30 de maio de 2015.

Em homenagem à missionária evangélica Miss Lois, a Prefeitura de Boa Vista denominou uma rua com o seu nome. A “Rua Miss Lois” (na Placa escreveram erroneamente: Miss “Loyd”) está situada no Bairro Aparecida entre as Avenidas Presidente Dutra e Capitão Júlio Bezerra.