A virtude como princípio moral da pessoa humana*
Sebastião Pereira do Nascimento
No mundo atual, o que assistimos é o fracasso da mobilização coletiva, submetido a um contínuo processo de desconstrução dos valores morais e sociais em detrimento das causas individuais, onde as pessoas manifestam seus mais intensos desejos de satisfazer seus próprios apetites, os quais conduzem sempre a um conflito com o meio social em que vivem. As pessoas que agem assim estão mobilizadas para conseguir seus objetivos sem, contudo, reparar os meios para tais fins; decorre daí as diversas formas de conflitos sociais, alimentados pela violenta disposição do indivíduo querer se dar bem em detrimento aos benefícios de todos.
Partindo dessa premissa, em Aristóteles, as boas ações humanas, do ponto de vista satisfatório para o bem comum, são os principais atributos para consolidar os benefícios coletivos, os quais só podem ser realizados diante da contínua aplicação das virtudes morais. Sendo as virtudes, disposições praticadas de um modo habitual em conformidade com o bem, o que consiste numa justa medida relativa a nós, em que a norma é a regra moral; sendo assim, qualquer virtude passa a ser um meio termo entre essas ações, sem o excesso e sem a falta.
Aristóteles faz distinção entre duas formas de virtudes: a virtude intelectual e a virtude moral. Tanto a primeira como a segunda não surgem no ser humano por natureza, elas são adquiridas. Nos dois casos é a natureza que lhe dá a capacidade de recebê-las. A virtude intelectual pode ser adquirida através da educação, do ensino ou da aprendizagem, que requer tempo e experiências. Enquanto a virtude moral, o que a caracteriza é ela está entre as coisas que só se adquirem pelo exercício contínuo da boa prática, o qual se dedica a deliberar valores e juízos morais e coisas de como devemos conduzir a nossa vida – aqui neste espaço já falei sobre as quatro virtudes morais (prudência, temperança, fortaleza e justiça), vistas por Aristóteles como as principais virtudes orientadoras da pessoa humana.
Para todo efeito, a virtude é voluntária. Pois, cada pessoa é responsável pelos seus próprios atos morais, onde é ela que escolhe agir de uma maneira ou de outra. Isso leva a dizer que o agir de cada pessoa não é determinado pela natureza e sim por ela mesma. A coisa se dá a partir da consciência moral, que é definida por Aristóteles, como uma das características humanas que mais se aproxima da grandeza da pessoa em sociedade, sendo um elemento muito importante na produção da realidade social. Nesse universo a pessoa humana possui um senso de valor – que se define também como uma habilidade intuitiva – e por isso está sempre avaliando e julgando as ações humanas, que por consequência, proporcionam a pacificação social entre os pares. A rigor, a consciência limpa dos humanos, desde sempre pronuncia juízos morais sem hesitação.
A ideia moral também reside em Sócrates no conhecimento e em vislumbrar na felicidade o fim da ação. Essa dualidade tem por objetivo preparar o indivíduo humano para conhecer-se, tendo em vista que o conhecimento é a base do agir correto e o vislumbrar é o efeito da plenitude. Para este filósofo grego o entendimento moral prima pelo bem do coletivo, onde a obediência à lei é o limite entre a civilização e a barbárie. Pois, ainda Sócrates, onde residem as ideias de ordem e coesão, pode-se dizer garantida a manutenção do corpo social e o encontro com a felicidade. Esta última, o sentido maior de nossa vida.
Nisso, a pessoa virtuosa torna-se boa e se interessa pelas honras, mas sempre age com moderação em relação ao poder ou à riqueza. O exercício da virtude leva a percebermos que os bens da fortuna não são objetos da soberba. Portanto, a virtude eleva os sentimentos humanos e torna o ser magnânimo, não rancoroso, não temerário, não bajulador. Isso tudo porque ele vive racionalmente, e viver racionalmente significa viver segundo a virtude.
E a pessoa sem virtudes, não é boa nem faz justiça e, ainda que possua riqueza, torna-se viciosa e insolente, revela seus piores instintos, é covarde e logo se dá ao desespero e à brutalidade contra qualquer coisa que a contraria. A pessoa desvirtuada é desabonadora da conduta do bem e indiferente às práticas de cidadania. Atitudes que fazem menções ao empobrecimento do ser humano e ao agravamento da despreocupação moral quanto à responsabilidade de cada um na sociedade. Pessoas assim, também não reservam perspectivas de conforto para suas inquietações.
Por outro lado, o bom hábito de virtude assegura a mediania e solidifica o caráter que tem relação com a escolha das atitudes. O ser virtuoso escolhe o justo meio de decidir algo sem a interface da dúvida, assegurando o domínio da vontade sobre os impulsos e mantendo os desejos nos limites da honestidade. Considerando isso, a mediania torna firme a decisão de resistir às tentações e de superar os obstáculos em prol da dignidade levando a respeitar os direitos de cada qual e estabelecer a harmonia que promove a equidade em relação às pessoas e ao bem comum.
Diante dessas preocupações, é aconselhável pensar nas virtudes morais, como elementos construtivos que trazem consigo a possibilidade de fortalecer a resiliência da sociedade e os valores morais como forma de ruptura das maleficências que tanto afetam a sociedade humana. Em muitos tratados filosóficos, as virtudes morais são tratadas ainda como regulação das forças que impulsionam a vida, numa afirmação sadia de nosso poder de existir, em especial, do poder de nossa ação ou reação sobre os nossos afetos e nossos apetites, como diz Spinoza.
*Filósofo, Escritor e Consultor Ambiental. Autor dos livros: “Sonhador do Absoluto” e “Recado aos Humanos”. Editora CRV.
Curtindo o tempo
Afonso Rodrigues de Oliveira
“Amas a vi
da? Então não desperdices o tempo, pois é de tempo que a vida é feita”. (Benjamin Franklin)
Por que desperdiçar o tempo quando ele está nos levando? Cada momento na sua vida deve ser vivido com a riqueza mental. E esta está dentro de você, e não deve ser desperdiçada. O Bob Marley também nos disse: “Não viva para que sua presença seja notada, mas para que sua falta seja sentida”. Faz sentido. As boas lembranças são uma riqueza que deixamos para a felicidade de quem as tem. E, sobretudo quando fazemos parte das boas lembranças. E todos nós somos capazes. Todos temos tudo de que necessitamos para sermos felizes. Simples pra dedéu.
Seja um bom observador. E o bom observador não perde tempo observando o mau. O bom está sempre na frente do mau. Assim como o bem está sempre na frente do mal. Tudo depende de quem os observa. Tudo depende do seu modo de ver as coisas. E é aí que vivemos nossas vidas, sem saber o que queremos dela. Nada de ficar se preocupando em mostrar sua beleza física, quando a beleza espiritual é muito mais importante. Seu sorriso sincero é muito mais importante do que a beleza da roupa que você veste. E você nunca irá sorrir num sorriso sincero se você não for uma pessoa feliz. Então cuide da sua felicidade.
Ontem pela manhã joguei o receio pra debaixo do fogão, e saí numa caminhada sem rumo. Foi a melhor coisa que fiz, durante o dia. Se eu lhe contar as coisas importantes que fiz, você vai rir. Todas foram coisas absolutamente simples. Fui cortar os cabelos, mas o barbeiro ainda dormia, e já passava das nove horas da manhã. Saí cabeludo e entrei numa das lojas mais bonitas e ricas da cidade. Caminhei por dentro da loja e me senti rico. Porque ela pertence a um dos amigos que mais respeito. Um dos maiores empresários de Roraima.
Saí da loja e caminhei pela Avenida, e entrei no prédio da FOLHA, para cumprimentar o pessoal que fazia tempo que eu não via. Alguns até nem me conheciam. Bati um papo curto e legal. Já perto de casa, entrei na Oficina de carros, do meu amigo Olímpio. Batemos um papo longo e rico, até que o celular tocou: “Ei… onde você está? Vem almoçar, não? Se não chegar logo, vai ficar sem comida”. Despedi-me do amigo e me arranquei. Foi uma manhã que me fez lembrar dos dias felizes que vivi, aqui, nesta terra de Macunaíma, e de todos nós.
Não permita que os dias difíceis que estamos vivendo, por conta da pandemia, façam de você um coitado. Nada tem o poder de fazer você se sentir infeliz, se você não estiver a fim. O que significa que o poder está em você. Então seja poderoso. Vença sempre. Você pode. Pense nisso.
99121-1460