A importância de uma escola transformada em birra política
Jessé Souza*
É inconcebível a postura da Prefeitura de Boa Vista em não querer ceder um terreno para o Governo do Estado construir uma escola pública no bairro Cidade Satélite para atender 1.300 alunos, conforme o projeto já aprovado pelo Ministério da Educação. O embate começou ainda na administração da então prefeita Teresa Surita (MDB), que é moradora daquele bairro.
Apesar desse entrevero estar perto de se resolver, com a desapropriação da área municipal pelo governo, alguns ainda insistem em alimentar uma briga política. A alegação é que existiriam outras escolas no Centro para serem reformadas, em vez de se construir uma no Cidade Satélite.
Quem conhece a realidade daquele bairro, que é o setor da cidade que mais cresce, sabe da necessidade urgente de se construir uma escola para atender a grande demanda que só aumenta com o surgimento de novos loteamentos após o Residencial Vila Jardim, conjunto habitacional que abriga quase 15 mil pessoas em 2.992 apartamentos.
De fato, o Governo do Estado tem permitido que alguns prédios de escola se deteriorasse, como é o caso da Escola Ayrton Senna, no Centro. Mas a necessidade mais urgente é a construção de uma unidade escolar no Cidade Satélite, um bairro que tem merecido toda a atenção por parte das autoridades.
Com a expansão rápida do bairro, as escolas não conseguirão mais atender a necessidade de vagas. Essa é a importância da obra, a qual vem sendo transformada propositalmente em mais um embate política que em nada contribui, a não ser para satisfazer interesses eleitorais de quem já está em campanha eleitoral antecipada.
Além de novos loteamentos que estão surgindo e se ampliando, também tem crescido a população do vizinho bairro João de Barro, que ainda não dispõe de escolas, por isso as crianças e adolescentes recorrem às vagas no Cidade Satélite.
Em vez de birras políticas, as autoridades deveriam estar mais preocupadas com a situação daquele bairro, especialmente do Vila Jardim, onde a violência tem espantado os moradores não só daquele residencial, mas também da vizinhança, onde se pode ver com mais frequência a placa de “vende-se” na frente das casas. São famílias que querem fugir para longe dali.
O João de Barro também precisa de atenção urgente, especialmente com relação à construção de escola, creche, posto de saúde e outras estruturas para garantir o bem-estar dos moradores, os quais sentem-se abandonados pelas autoridades.
É por isso, e por outros motivos, que não faz sentido algum a Prefeitura tentar impedir ou retardar a construção de uma escola no Satélite. O único sentido que se pode ver nisso é uma briga política que só prejudica a população daquele setor da cidade. Também não há sentido algum em vereadores estarem mais preocupados em rebatizar locais públicos enquanto os bairros estão pedindo socorro.
*Colunista