Opinião

Opiniao 12542

Um breve sobrevoo pelos arredores do planalto*

Sebastião Pereira do Nascimento

Fazendo um breve sobrevoo pelo cenário político montado por Bolsonaro, a primeira coisa que percebemos é que o país está desgovernado, ou seja, o governo de Jair Bolsonaro acabou. Agora faltando um pouco mais de um ano para as eleições de 2022, Bolsonaro sabendo que não vai ser reeleito entra cada vez mais no desespero. Isolado no seu cercadinho, desde o início do seu desgoverno, Bolsonaro age dissimuladamente e subvertendo as coisas, tentando passar uma ideia equivocada de que é o governo ideal para o Brasil.

Nos manuais da antiga filosofia, esse tipo de subversão reacionária aparece como forma de proteção da incompetência, da falta de autoestima e da insanidade mental. Algo que é bem ajustado ao comportamento psicopático de Bolsonaro. Um sujeito doentio que fala compulsivamente sobre uma coisa que defende momentaneamente até se desgastar e partir para outra coisa que não existe como sendo parte da sua realidade. Bolsonaro não tem limites, ele só age pelos extremos, onde suas ameaças geram efeitos em seu público, constituído de pessoas debilitadas que agem e repetem tudo o que ele diz, sem ter a capacidade de refletir. Portanto, Bolsonaro não demonstra nenhum interesse em resolver os problemas do país. O pouco que faz é no sentido de proteger seus pares (familiares e aliados) dos males que comentem.

O governo de Bolsonaro é a imagem de um país em ruínas. Um país com graves feridas na saúde, na educação, na economia, no meio ambiente, entre outros setores, resultante de seu mau governo. Feridas essas que vêm provocando um imenso desconforto na população brasileira, principalmente nesse momento de pandemia. No entanto, para Bolsonaro esse desconforto do povo é a causa do seu conforto doentio, o qual busca mais aconchego insuflando seus apoiadores – cada vez mais minguantes – que lhe passam a ideia de que estar fazendo a coisa certa.

Tais apoiadores, assim como o próprio presidente, são pessoas perturbadas que sempre navegam por águas turbulentas e que têm como ponto alto a imoralidade, a violência e a hipocrisia, visto que são elementos imorais que não hesitam em desrespeitar normas e princípios legais, que vão desde o ataque à constituição às regras preconizadas pelas autoridades sanitárias contra a disseminação do coronavírus.

Da mesma forma, assistimos por parte de Bolsonaro e seus milicianos (grupos violentos que acompanham Bolsonaro desde o início da sua vida política), atitudes que levam à brutalidades das coisas, como as recorrentes ameaças de morte de autoridades públicas; a obsessão por arma de fogo que inconteste conduz à violência; as hostilidades antidemocráticas com ameaças de golpe e fechamento do Superior Tribunal Federal.

No campo da hipocrisia, são pessoas com narrativas nacionalistas, mas que não respeitam o patrimônio cívico e cultural do país, vivem do ódio da democracia e na primeira oportunidade de negócios com os entes públicos (federal ou estaduais) usurpam o erário, burlam o fisco e desmontam o país. Além disso, vivem falando de liberdade atropelando os direitos libertários e tolhendo a liberdade do outro; são elementos farsantes que falam da moral na família, mas que são pervertidos, desregrados e violentos na vida doméstica.

Portanto, é com esse desprezível grupo fascista que Bolsonaro busca de todas as maneiras dar um golpe civil, ou melhor, um autogolpe na democracia brasileira. Assim, Bolsonaro seguirá ameaçando e tentando dá as cartas até às eleições de 2022, fazendo intimidações, discursos de ódio e outras arruaças com intenção de ganhar tempo e tentar provar que tem barganha política, pensando que a população brasileira o apoia e como se o Brasil fosse a mesma coisa de antes do golpe militar de 1964. Todavia, no decorrer das eleições, Bolsonaro vai ter que prestar contas com o povo brasileiro, desde as centenas de mortes causadas por sua incompetência administrativa até o enriquecimento ilícitos dos filhos e de seus aliados – os filhos são todos alvos de investigações em diferentes inquéritos no STF, na Polícia Federal e na Justiça.

Quanto às últimas manifestações do dia 07 de setembro, uma insurreição que transcende o lado fascista de alguns brasileiros, serviu de termômetro para que o Brasil medisse o apoio popular ao presidente. Segundo o Valor Econômico – o mais importante veículo de economia e negócios do Brasil – os atos de 07 de setembro só conseguiram reunir cerca de 5% do esperado pelos organizadores, embora outras fontes falam também em 10%. O próprio vice-presidente Mourão divulgou cerca de 150 mil pessoas no ato em Brasília e o mesmo número em São Paulo e no Rio. Contudo, em Brasília os organizadores esperavam acima de 200 mil pessoas e em São Paulo o presidente falava em 2 milhões de apoiadores, algo que ficou muito longe da meta. Em Boa Vista, os organizadores falam em 20 mil pessoas, mas pela longa experiência em grandes eventos na velha praça do centro cívico, estimamos no máximo 10 pessoas. Considerando todo país, diversas fontes estimam entre 600 a 700 mil pessoas. Dos apoiadores, a maioria era homens mais velhos, cheios de ódio e violência e poucos jovens. Detalhe que chama atenção do desgaste de Bolsonaro perante esse público. Segundo a última pesquisa do Atlas Político, 73% dos jovens entre 16 e 24 anos desaprovam o governo de Bolsonaro.

Fazendo uma livre comparação com a população brasileira, cerca de 213,5 milhões de pessoas (IBGE, 27/08/2021) e 147 milhões de eleitores, o número de apoiadores é muito insignificante para um presidente que diz que está no caminho certo. E comparando com as manifestações de 2014 a 2016 pelo impedimento da Dilma Rousseff, média de 3 milhões de pessoas por manifestações em todo país, o número de apoiadores de Bolsonaro é realmente muito pobre. Não sei se por ser uma coisa inédito, o governo chamando o povo para rua ou se pela larga rejeição popular como têm mostrado as últimas pesquisas, só sei que a frustração foi grande, o que vem aborrecendo ainda mais o Bolsonaro, e ainda que ele tenha cerca de 25% do eleitorado, não é suficiente para reelegê-lo em 2022.

*Filósofo, escritor e consultor ambiental. Autor dos livros: “Sonhador do Absoluto” e “Recado aos Humanos”. Editora CRV.

É apenas mais uma ida e vinda

Afonso Rodrigues de Oliveira

“A alma humana é como a água: ela vem do céu e volta para o céu, e depois retorna à Terra, num eterno ir e vir”. (Goethe)

Somos seres em transformação. E o que ainda não preocupa a maioria dos seres é que ainda não nos transformamos. Continuamos os mesmos do início. O mundo precisa ser mudado. Mas ainda não nos convencemos de que somos nós que devemos mudar para mudar o mundo. E só há um caminho que ainda não descobrimos: a Educação. Nelson Mandela avisou: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. E por que ainda não acreditamos nisso? Porque ainda não nos educamos. Simples pra dedéu.

Todos os grandes pensadores da humanidade nos alertaram para a importância da educação. Vamos fazer nossa parte nessa tarefa imensurável. Eu ainda era criança, e isso faz tempo pra dedéu, quando na escola, li na capa do meu caderno: “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira”. Uma verdade que os educadores ainda não perceberam. Já citei esse pensamento, várias vezes, por aqui, e nunca citei o autor. É que como criança eu ainda não entendia a importância do autor. E por isso não prestei atenção a ele. Coisa que ainda perdura até hoje, na maioria dos que leem frases de autores desconhecidos.

Vamos descomplicar. Tudo é muito fácil e simples. É só uma questão de respeito ao próximo. Não precisamos ser intelectuais para sermos considerados educados. O que temos de diplomados mal-educados, não está no gibi. O que temos de pessoas educadas e que quase não sabem escrever, não está no gibi. E o importante é que não sabem escrever porque não frequentaram escolas, além do primário. E se isso está lhe parecendo tolice, pare de criticar e reflita. Você deve se lembrar do caso do operário que mudou seu comportamento para melhor, na empresa, por conta de uma carta do seu pai, quase analfabeto. Eu testemunhei o caso.

Eduque seu filho dentro de sua casa, com bons exemplos. Também já lhe falei da frase citada pelo mestre Moysés Hausen: “O bom exemplo é e sempre será a melhor didática”. Estamos vivendo uma época importantíssima no desenvolvimento da humanidade. E as transformações dependem da nossa observação nos eternos ir e vir. Então vamos fazer nossa parte como ela deve ser feita. Vamos nos educar para que mereçamos o pensamento do Bob Marley: “Não viva para que sua presença seja notada, mas para que sua falta seja sentida”. O Dom Elder Câmara, antes de falecer agradeceu a Deus, por ter vivido no século XX. Ele se referia ao desenvolvimento da humanidade. E não sei o que ele diria hoje. Mas imagino. Pense nisso.

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