Bom dia,

Hoje é sexta-feira (10.09). O final de semana será, com certeza, de reflexão sobre os primeiros resultados políticos dos movimentos populares realizados desde a terça-feira, o Dia da Independência mais diferente desses quase 200 anos do Brasil como nação soberana, ou quase soberana. Ainda outras consequências virão, e com certeza, o ambiente político brasileiro não vai ser o mesmo, especialmente o governo de Jair Bolsonaro. De qualquer forma, já é possível especular sobre os primeiros resultados do cabo-de-guerra que vinha sendo mantido entre o presidente da República e  parte dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ontem, o dia foi particularmente cheio de acontecimentos que forneceram elementos de análise do cenário pós 7 de Setembro. Em primeiro lugar, a reação do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mesmo depois da disposição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de mediar o conflito, foi de quem não está minimamente disposto à conciliação. Na mais dura reação ao presidente da República, Barroso aproveitou a abertura da sessão plenária do TSE, ontem, para desfechar as mais duras críticas a Bolsonaro. Só não o chamou de “Excelência” , preferindo adjetivá-lo de farsante, mentiroso, despreparado, fascista não cumpridor de palavras, e principal responsável pelas mazelas do país. Em vez de concertação, Barroso chamou Bolsonaro para a briga.

Fragilizado, Bolsonaro preferiu ouvir Temer e assinar uma declaração escrita quase que totalmente  pelo ex-presidente para dizer que não quer mais briga, e pelo telefone disse ao ministro Alexandre Morais, que nunca foi sua intenção ofendê-lo, e que até reconhece sua boa formação acadêmica e qualidade de professor. E Bolsonaro fez estas afirmações quando muitos de seus correligionários ainda estavam nas ruas dizendo exatamente o contrário. O resultado da nova postura do presidente da República, aplaudida por quase todos do mundo político de Brasília, ainda vai ser sentido pelos meses que ainda restam de seu governo. O certo é que, aparentemente, ele é cada dia mais refém dos dois outros poderes da República.           

       

NÃO FOI

Logo depois da divulgação do almoço do presidente Jair Bolsonaro com o ex-presidente Michel Temer (MDB), alguém mais apressadinho, e evidentemente com outros interesses, fez espalhar pelas redes sociais que o encontro fora intermediado pelo ex-senador Romero Jucá (MDB). Mais um fakes News, o ex-senador estava em Boa Vista, e segundo fontes da Coluna, não foi sequer informado do encontro, soube dele através da imprensa, como qualquer cidadão comum. A notícia foi espalhada, talvez, por algum correligionário interessado em encher a bola do ex-senador, que tem ficado mais em Boa Vista para ajudar a administração da Prefeitura de Boa Vista e cuidar da própria eleição em 2022.

SUPREMO ?

Como resultado das escaramuças entre Jair Bolsonaro e os ministros do STF, voltou a circular pelas redes sociais um vídeo gravado com o ex-ministro José Dirceu, considerado por muitos, ainda hoje, como a melhor e mais estratégica cabeça pensante do PT, onde ele questiona a toponímia da Corte maior do Poder Judiciário brasileiro. Para Dirceu, a palavra “Supremo” passa a ideia de que a instituição está acima de tudo, que pode tudo, até mesmo decidir sobre o que está fora das “quatro linhas” da Constituição. Para o petista, o STF deveria ser chamado de Tribunal Constitucional, seria menos pomposo e não haveria esta história de Suprema Corte. Petista, ou não, é difícil discordar do ex-ministro.

FILIAÇÃO 1

Em Brasília era dada como grande a probabilidade de filiação do presidente Jair Bolsonaro ao Progressistas do ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, senador Ciro Nogueira. Fontes chegaram a afirmar que era desejo de Bolsonaro voltar a filiar-se àquele partido, e Ciro Nogueira defende seu ingresso na sigla, mas, a bancada federal baiana do Progressistas, que tem cinco deputados federais, que não aceitam sua filiação. É que naquele estado nordestino, o Progressistas tem o vice-governador do governador petista Rui Costa, que deve deixar o cargo em abril próximo para concorrer ao Senado Federal. Se não resolver esse imbróglio, Bolsonaro terá de procurar outra legenda, uma tarefa nada fácil depois de restar ainda mais fragilizado politicamente, e quem sabe, enfraquecido eleitoralmente.

FILIAÇÃO 2

Aqui, como o governador Antônio Denárium sempre tem afirmado que seguirá o mesmo destino partidário do presidente da República, também era dada como quase certa sua filiação ao Progressistas do deputado federal Hiram Gonçalves. E se Bolsonaro não se filiar ao partido do senador Ciro Nogueira, como ficará Denárium? O governador vem adiando várias vezes o anúncio de sua decisão, e agora, parece que não vai ser diferente. E se vingar mesmo essa aproximação do MDB e Bolsonaro, que risco corre a candidatura de Denárium?

CANDIDATURA

E um grupo de evangélicos, filiados ao Podemos, já parecem dispostos a colocar no cenário eleitoral a possibilidade da candidatura ao governo do estado na eleição de 2022, do pastor Izamar Ramalho, da Assembleia de Deus. Ex-aliado de Antônio Denárium, com quem compôs a chapa majoritária na eleição de 2018, Ramalho continua bolsonarista de quatro costado e deseja disputar com o governador a preferência do eleitorado do presidente em Roraima, que aparentemente ainda é majoritário por aqui.