Bom dia,

Hoje é quarta-feira (16.09). Embora viva há mais de três décadas participando diretamente no mundo dos políticos, o presidente da República parece não ter aprendido algumas coisas sobre a natureza e a lógico da disputa de poder, que é a essência da atividade. Depois de ter anunciado que precisava -no que foi em grande parte atendido-,  da presença de seus seguidores nas ruas como elixir para enfrentar a arenga com os ministros do Supremo Tribunal Federal (Alexandre de Morais, Luís Roberto Barroso e Luís Fux), Jair Bolsonaro mudou o discurso, e fez publicar sua Carta a Nação, que o ex-presidente Michel Temer (MDB) reivindica a autoria da maior parte do texto.

Apesar da reação inicial de desencanto, os seguidores do presidente passaram a elogiar sua atitude como um recuo estratégico para ganhar governabilidade e avançar em algumas questões entre as quais a grave crise orçamentária provocada pela determinação do Supremo Tribuna Federal (STF) de mandar pagar no próximo ano a bagatela de R$ 90 bilhões. Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, querem que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) defina uma regra para permitir que o governo pague R$ 39 bilhões, menos da metade dos precatórios em 2022. Bolsonaro, também segundo seus seguidores, estaria desejoso de ganhar alguma tranquilidade para enfrentar entre outros problemas, a inflação e o desemprego causas fundamentais da queda de sua popularidade.

Pois bem, no mesmo dia da divulgação da Carta a Nação de Bolsonaro, o ministro Luís Roberto Barroso, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fez um duro discurso, na abertura da sessão plenária daquela corte especializada, contra o presidente da República. Barroso só não chamou Bolsonaro de excelência, o adjetivou, citando nominalmente o presidente, de tudo, desde mentiroso, fascista e descumpridor de palavra; numa clara demonstração de que não aceitara o pedido de armistício feito. E, ontem, o TSE anunciou que abrirá investigação sobre a presença de populares nas manifestações do 7 de Setembro para saber se elas tiveram financiamento. O objetivo da investigação é criar provas para indeferir a eventual candidatura de Bolsonaro pelo cometimento de abuso de poder econômico e propaganda eleitoral antecipada.                       

No outro front da briga com o Judiciário a coisa também está complicada para o presidente. Ao responder o apelo “dramático” do ministro da Economia, Paulo Guerra, para que o CNJ defina a regra que permita aliviar o pagamento dos precatórios em 2022, o ministro Luís Fux, que o preside, disse que apesar da amizade que nutre pelo auxiliar de Bolsonaro, não o atenderia, afinal, o “filho não é meu”. Sem a redução do valor do pagamento dos precatórios em 2022, o governo não tem espaço no orçamento para instituir o novo programa de auxilio emergencial, fundamental para reverter a impopularidade de Bolsonaro.

Na esfera do Parlamento os ventos não sopram a favor do presidente. Ontem, quarta-feira, o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) deu mais uma estocada que atinge diretamente a Bolsonaro. Renan Calheiros (MDB) anunciou um relatório jurídico feito sob a coordenação do jurista Miguel Reali Jr -um tucano de carteirinha-, que enquadra o presidente num rol de crimes cometidos na condução do combate a pandemia da Covid19, material que será utilizado em mais um pedido de impeachment. Por outro lado, a maioria dos senadores, aprovou o requerimento de convocação da ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina, para depor naquela CPI da Covid19. Ela é mãe do quarto filho do presidente da República. Não é pouca coisa.

CONFIRMADA

Conforme a Parabólica antecipou, faz muito tempo, o governador Antônio Denárium assinou da ficha de filiação do Progressistas, presidido no estado, pelo deputado federal Hiram Gonçalves. Com ele, também entram naquele partido o deputado estadual Jânio Xingu e o ex-deputado federal Luciano Castro, que de longa data era filiado ao PL. A ida de Denárium e de Luciano Casto para o Progressistas pode fortalecer um eventual candidatura de Hiram Gonçalves ao Senador Federal em 2022. Mas, tudo depende de uma negociação com o atual senador Telmário Mota (PROS).  

         

VELHA QUESTÃO 1

O esboço de acordo entre o governo e a oposição na Venezuela mexeu com o antigo problema fronteiriço com a República Cooperativista da Guiana envolvendo a região do Essequibo, que já foi mediada internacionalmente, mas não tem a aceitação venezuelana. As recentes descobertas de ricos mananciais de petróleo em águas marinhas daquela região no Mar do Caribe, reascendeu a cobiça da Venezuela, e tanto o governo de Nicolás Maduro quanto a oposição prometem continuar lutando para reconquistar o Essequibo, que representa mais da metade do território guianense.

VELHA QUESTÃO 2

O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional da Guiana, Hugh Todd, aproveitou a 14ª Reunião Extraordinária do Conselho de Relações Exteriores e Comunitárias (COFCOR) da Comunidade das Caraíbas (CARICOM), realizada na segunda-feira (13.09), para tratar da participação dos países caribenhos na próxima reunião da Cúpula do Clima (COP 26), e fez um relato da querela entre seu país e a Venezuela. Todd disse que seu governo e o povo guianense encaram com preocupação a ambição de seu vizinho em relação ao Essequibo, e que isso ameaça à integridade de seu território e soberania do país.

RESPOSTA

E o governo da República Cooperativista da Guina já deu a resposta ao pedido feito na reunião entre os administradores das cidades gêmeas de Bonfim e Lethem, que pedia a abertura da fronteira entre o Brasil e a Guiana. Considerando a fragilidade da rede hospitalar guianense na fronteira  – Lethem só dispõe de 5 leitos hospitalares-, o governo do pais vizinho atendeu o pleito em parte: agora a fronteira vai ser aberta para apenas cargas, todas as sextas e quintas-feiras.