O grande golpe da PEC 32 está aí e não tem essa história de ‘cai quem quer’
Jessé Souza*
Os servidores públicos de Roraima deveriam estar muito preocupados com o golpe contra o funcionalismo que está em curso no Congresso Nacional. Na verdade, os políticos deveriam estar, pois o Estado vive da economia do contra cheque, e a Reforma Administrativa pode trazer consquências danosas, caso seja aprovada.
O nome do golpe chama-se Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32/2020, que neste momento está em tramitação na Câmara Federal. Essa PEC 32 é chamada popularmente de Reforma Administrativa, mais uma tentativa do atual governo de arrochar o Estado brasileiro em favor de uma política econômica que só beneficia os donos do dinheiro.
Essa proposta retira direitos conquistados pelos servidores ao longo de anos e precariza o atendimento à população que depende dos serviços públicos em todos os setores, especialmente na saúde e educação, uma vez que acaba com concursos públicos e permite a contratação de terceirizados ou temporários.
O arrocho é bem amplo. A proposta do governo pode resultar em uma redução de salário do servidor de até 25%, bem como promove a desvalorização das carreiras com o fim da estabilidade, que é uma porteira para a corrupção, omissão aos esquemas e perseguição de todos os tipos.
Apesar de todos os graves riscos, parece que os servidores não estão muito preocupados com o seu futuro. O mínimo que poderia ser feito é se indignar e cobrar da bancada federal uma posição firme contra esse desmonte do serviço público brasileiro e demissões que vão provocar mais pobreza no país.
Por sua vez, é a nova geração que também será golpeada, pois o fim do concurso público acaba com o sonho de muitos jovens que investem nos estudos e sonham com uma carreira segura, com estabilidade e bem remunerada. Ou seja, esse desmonte atinge também até o futuro de quem ainda não vota.
Assim como ocorreu com a Reforma da Previdência, essa Reforma Administrativa é mais um pesadelo que precisa ser desfeito o quanto antes, no Congresso, para que os mais pobres não paguem a conta sozinhos, pois a PEC não inclui os políticos, os militares e servidores do Judiciário.
Só aí dá para perceber que a proposta favorece uma política liberal, em favor do mercado, e mantém uma eleite de funcionalismo público inatingível. O golpe está aí e não tem essa de “cai quem quer”, pois muitos não têm noção do que está acontecendo. Mas os parlamentares sabem muito bem do que se trata. Enntão, é hora de cobrá-los e intimá-los a enterrar a PEC 32, para o bem do Brasil.
*Colunista