Jessé Souza

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Aniversário de 33 anos do Estado: comemorar sim, mas não é momento para festa

Jessé Souza*

Não há clima para qualquer tipo de festa pública na atual conjuntura política e econômica pela qual passa não só Roraima, mas todo o país, diante de uma inflação que avança e da pobreza que atorriza as famílias brasileiras. Os 33 anos de criação do Estado, neste 05 de outubro, deveriam servir para um grande momento de reflexão.

Comemorar, sim, mas realizar festa pública, não! O governador Antonio Denarium (PP) está acreditando que está em condições folgadas de lançar sua pré-candidatura, aproveitando-se de uma data importante, que é o aniversário de instituição do Estado. Nenhuma festa pública será capaz de encobrir as aflições pelas quais os roraimeses estão passando.

Além disso, os vídeos da visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mostram que sua popularidade não está nada boa e que sequer conseguiu criar qualquer carisma perante a população. E isso tem muito a ver com a situação do Estado, que é severamente atingido pelas mazelas que persistem por culpa dos mesmos políticos que fazem parte de sua base de apoio.

Não há como comemorar diante do alto custo de vida, com os preços dos alimentos aumentando a cada ida ao supermercado, com as famílias inseguras diante do avanço da criminalidade, que só não está pior porque a Força Nacional e a Guarda Municipal estão auxiliando no policiamento, e dos reflexos assustadores da imigração desordenada que mudou definitivamente o cenário de um Estado acolhedor de outrora.

O ar fétido que sai do esgoto da política, nesses últimos dias, também denunciam que não há qualquer motivação para festa, pois o desenrolar dos fatos revela a necessidade de uma verdadeira transformação pela moralidade na política partidária, que foi uma promessa de campanha deste atual governo, mas que viveu seguidos casos de corrupção na saúde pública, cujo ápice foi o caso do dinheiro na cueca.

Não se trata de pessimismo. Absolutamente não. Mas da necessidade de uma introspecção sobre o que a sociedade roraimense vai querer daqui para frente, nesses 33 anos de autonomia como Estado, cujos problemas históricos ainda persistem com toda força, diante de uma classe política que aprendeu a se perpetuar no poder.

A festa que o governo irá realizar hoje, no Parque Anauá, aos moldes de governos populistas de um passado recente, não irá conseguir encobrir a realidade vivida pela população, que é de muita insegurança e incerteza, principalmente porque os riscos da pandemia ainda não cessaram e muitos perderam familiares vítimas do coronavírus.

Temos o que comemorar, sim. Mas esses pequenos avanços não são motivos para festa em um local que representa o reflexo do desleixo com o bem público de seguidos governos. Diante dos casos que vão do dinheiro na cueca à prisão de deputado, o melhor que o cidadão deve fazer, neste momento, é uma profunda reflexão sobre que Estado queremos daqui para frente.  

*Colunista