O fogo começou a arder e a fumaça deu o sinal de que a seca promete ser rigorosa
Jessé Souza*
Depois de praticamente dois anos sem um verão rigoroso, chovendo bastante em períodos que deveriam ser de estiagem, ainda não se sabe como o Governo do Estado e o Governo Federal irão reagir diante da seca que se apresenta especialmente nas regiões Norte de Roraima.
O governo de Antonio Denarium (PP) foi poupado, durante todo o seu governo, dos grandes incêndios que aterrorizam especialmente a população da zona rural. E não se sabe se sua administração está realmente preparada para enfrentar as queimadas descontroladas que provocam prejuízos a pequenos e grandes produtores.
A lógica é que houve tempo suficiente para se ter um plano de enfrentamento para impedir que o fogo provoque novas tragédias. Porém, não se ouviu nenhuma campanha ou ação mais incisiva para equipar brigadas e montar um plano estratégico durante o período em que as chuvas deram trégua até aqui.
Historicamente, os governos nunca tiveram um plano efetivo nem para as queimadas muito menos para as chuvas, que este ano provocaram estragos e revelaram a verdadeira face do abandono a que são submetidos principalmente os pequenos produtores e famílias que vivem em regiões distantes dos olhos das autoridades.
Desde que Roraima se entende por Estado, o governo sempre ficou correndo atrás do prejuízo, seja para apagar fogo ou para tentar aliviar os alagamentos. É o que se chama de política de enxugar gelo. Se este governo agir no improviso, teremos um ano de muito sofrimento não só para produtores rurais e moradores de vinais, mas também para quem vive na cidade e transita nas rodovias.
Quem viajou para a região Norte, nesses últimos dias, especialmente no Município do Amajari, pôde observar que o fogo está ardendo nos lavrados e matas, há três semanas, com cortinas de fumaça podendo ser avistadas de qualquer lugar. Por sorte, tem caído alguma chuva esporádica nesse período, aliviando a situação.
Mas o verão está apenas começando. Haverá muito chão pela frente até o perído de chuva, a partir de abril do próximo ano. Se o governo não se planejou, e continuar agindo na base do improviso, teremos um perído muito difícil por causa dos grandes incêndios e queimadas descontroladas, uma vez que é hábito cultural de produtores e comunidades indígenas usarem o fogo para limpar a terra para produção ou renovação do pasto para o gado.
Não haverá desculpa de que o fogo pegou todos de surpresa, uma vez que os incêndios já mostraram sua força no passado, revelando do que ele é capaz, além da trégua por dois longos anos que proporcionou às autoridades tempo suficiente para que se prepararessem para o retorno de uma seca rigorosa.
Como já sabemos que o Governo Federal tem negligenciado com suas responsabilidades na área ambiental, então será mais uma prova literalmente de fogo para o governo estadual, que até hoje procura encontrar um caminho que mostre suas verdadeiras intenções com os pequenos. Porque com os grandes sempre houve prioridade, anunciada ainda na campanha eleitoral.
*Colunista