Bom dia,
Hoje é sexta-feira (08.10). Faz poucas semanas, quando se discutia no Congresso Nacional a implantação do Distritão nas eleições no Brasil, vozes que se levantavam contra alegavam que essa medida iria enfraquecer o sistema partidário do país, pois os eleitos não guardariam qualquer fidelidade aos partidos aos quais estariam filiados já que seriam eleitos por seus próprios votos. A narrativa, para usar um termo da moda, incluía o argumento de que os pequenos partidos feneceriam sob o peso do pouco voto que conseguem e isso diminuiria o direito da minoria em ter representantes nas casas congressuais.
Pois bem, a menos de um ano das eleições gerais de 2022 o quadro partidário brasileiro nunca esteve tão confuso. A fusão do Democratas com o PSL , resultando na criação do União Brasil – que parece mais um movimento que uma agremiação partidária-, ainda pendente de aprovação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fez com que o novo partido passe a ter a maior bancada na Câmara Federal e oito senadores. Nessa condição o União Brasil contará com a maior fatia de recursos financeiros advinda do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário para 2022, cujo montante ainda não foi definido pelo Congresso Nacional.
O fato é que muitos dos atuais parlamentares devem deixar a nova sigla, cujas lideranças já anunciaram ser oposição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido); enquanto outros devem nela ingressar atraídos pela grana alta para financiar a campanha. O certo é que não se pode avaliar, agora, qual o saldo final dessas saídas e entradas, que dependerá evidentemente de qual candidato à Presidência da República será lançado, ou apoiado, pelo novo partido. Esses fatos, aliados, à questão do fissuramento de outros partidos quanto à disputa presidencial espelham com bastante clareza a confusão reinante no quadro partidário brasileiro.
PRESIDENCIÁVEIS
O União Brasil conta de cara com dois dos presumíveis candidatos à Presidência da República: o presidente do Senado Federal Rodrigo Pacheco (MG) e o ex-ministro da Saúde do Bolsonaro Henrique Mandetta (RJ). O senador mineiro (ex-Democratas) conta adicionalmente com o apoio quase explícito do PSD, comandado pelo ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, e por isso sai com pequena vantagem em relação à Mandetta, também ex-Democratas. É a partir daí que começa a ser desenhada a possibilidade concreta de uma alternativa a Bolsonaro e Lula em 2022. Faltará apenas a inclinação de outros partidos da Centro-Direita e da Centro-Esquerda para a viabilização da terceira via.
COMANDO
Luciano Bivar é o presidente do União Brasil e Antônio Carlos Magalhães Neto é o secretário-geral da nova sigla. O primeiro, que foi um dos maiores apoiadores da eleição de Jair Bolsonaro, presidia o PSL; enquanto o segundo era o presidente do Democratas. Juntos vão distribuir a maior fatia do bolo financeiro bilionário decorrente do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário destinado ao financiamento das eleições no ano que vem. “É grana para Dedéu!”, diria o mestre Afonso Rodrigues, colunista cá da Folha. E aqui, em Roraima, como ficará a partilha entre Antônio Nicoletti e Chico Rodrigues?
AQUI
Em Roraima, o surgimento do União Brasil deixou num mesmo partido o deputado federal Antônio Nicoletti (ex-PSL) e o senador Chico Rodrigues (ex-Democratas). Ambos são declaradamente apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro, e se não mudarem de lado devem sair do União Brasil, buscando abrigo em siglas que apoiarão, em parte ou no todo, a reeleição do atual presidente, que ainda nem sabe em que partido vai buscar filiar-se. Embora lhes reste as alternativas do Progressistas, do Republicanos e do PTB.
PREPARANDO
O movimento de algumas lideranças do PTB nacional de expulsar do partido a ex-deputada federal Cristine Brasil, que foi nomeada ministra do Trabalho e não conseguiu tomar posse, parece ser indicativo de que está sendo preparado o terreno para o desembarque de Jair Bolsonaro nas hostes petebistas. Cristiane Brasil é filha do bolsonarista Roberto Jefferson, presidente nacional licenciado do PTB, que está preso por determinação do ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal (STF). São cruéis os caminhos da política.
DE NOVO!
Ontem, um apresentador de um programa da Rádio Folha FM 100.3 ao anunciar que na próxima terça-feira (12.10) será feriado – e para muitos como sempre será feriadão-, disse em reação natural: “Você, meu ouvinte e minha ouvinte, pode não acreditar, mas na próxima terça-feira será de novo feriado!”. Ele, evidentemente, se referia ao fato que na terça-feira (05.10) desta semana os roraimenses já ficaram de feriado por conta da transformação de Roraima em estado, com direito a Ponto Facultativo, uma invenção dos políticos populistas para agradar quem não gosta de trabalhar. Aliás, os que deixam de trabalhar são principalmente os funcionários públicos porque empresários, especialmente, os pequenos-, trabalhadores autônomos e assalariados do setor privado não param.