Bom dia,

Hoje é terça-feira (12.10). Mais um feriado, mas que fazer, temos que trabalhar. Um leitor assíduo e respeitável pediu que escrevêssemos hoje sobre algumas vantagens da construção da Hidroelétrica do Cotingo. Pois bem, vamos começar por dizer que boa parte da população que mora na região correspondente à Terra Indígena Raposa Serra do Sol é carente de proteína animal. A caça e a pesca são escassas por séculos de exploração predatória, mas necessária por conta do aumento da população indígena. A pouca opção de fornecimento desse tipo de proteína fica por conta da pecuária bovina extensiva, e nalguns casos concentrada nas mãos de poucas famílias. O criatório de pequenos animais é muito pequeno e residual em virtude da falta crônica de grãos para alimentá-los. Em muitos casos, o milho é comprado pelos indígenas em Boa Vista.

A formação de uma bacia d’água com superfície em torno de 10 Km² criaria as condições para a piscultura em larga escala fornecendo peixe para o consumo local e para a venda ao mercado de Boa Vista e Manaus. Por outro lado, o manancial de água disponível poderá ser utilizado na irrigação tanto de grãos quanto de frutíferas, propiciando emprego e renda para os indígenas, que já têm alguma experiência nessas atividades, de outra forma, de fácil difusão e aprendizado. Experiência de piscultura já foi realizada na localidade de Água Fria, com relativo sucesso e a rizicultura irrigada na região já é do conhecimento da população local.

Não custa lembrar, para quem conhece a realidade de pobreza das populações indígenas, que naquelas comunidades a renda que circula fica por conta dos funcionários públicos e dos aposentados, e de uma elite que continua sendo beneficiada por certas “pensões” do governo federal. Promover atividades econômicas geradoras de emprego e de empreendedorismo individual ou coletivo é, sobretudo, uma política pública inclusiva, tirando da situação de pobreza extrema um contingente humano e desprotegido representado pelos indígenas, sobretudo os jovens, que doutra forma continuarão migrando para Boa Vista.

Ninguém de sã consciência pode negar aos indígenas da Raposa Serra do Sol, o direito de receber royalties provenientes da eventual construção de uma hidroelétrica no rio Cotingo.  Esse recebimento, que não seria de pouca monta, poderia induzir a criação de um fundo de financiamento permanente, administrado pelos próprios indígenas, para financiar programas sociais, de educação e saúde; e projetos econômicos, capazes de revolucionar o padrão de vida naquela região. É claro, não se faz nada sem trabalho, sendo clara a necessidade de um projeto educacional e de práticas de governança para evitar desperdícios e corrupção.

Para além dos benefícios perenes, a população indígena seria naturalmente beneficiada com a construção fornecendo parte da mão-de-obra necessária à construção, e também com o estabelecimento de cotas dentre os empregados para a operação e conservação da hidroelétrica. É tudo uma questão de boa negociação, diretamente com as lideranças indígenas assistidas como manda a lei pelo governo federal e outras organizações civis comprovadamente de boa-fé.

Finalmente, do ponto de vista do macro interesse de Roraima, além de dotar o estado de uma fonte segura, não poluente e barata de energia elétrica, a construção da hidroelétrica do Cotingo, integrada ao Sistema Elétrico Nacional, via Linhão de Tucuruí, permitiria exportar o excedente de energia elétrica para todo o Brasil e também para a vizinha República Cooperativista da Guiana, que tem excelente perspectiva de crescimento econômico para os próximos anos. E quem sabe, num horizonte otimista, vender energia para a Venezuela diante da eventual possibilidade daquele país curar suas feridas políticas, econômicas e sociais.

Nada disso é sonho.

FILIAÇÃO

De uma fonte muito confiável e bem situada em Brasília, ouvimos esta, e fizemos questão de transferi-la aos nossos leitores e leitoras: “Dentro das próximas duas semanas o presidente da República estará anunciando sua filiação ao Progressistas. As chances disso acontecer são de 99,99%. O restante e imponderável 0,01% – parece teste de DNA-, fica por conta do jeito Jair Bolsonaro de ser. Ele quase sempre surpreende, por tanto não é possível dizer que o martelo já foi batido e a ponta do prego virada”. Só o tempo dirá do acerta da previsão.

ELOGIOS

O cirurgião dentista, empresário rural e ex-secretário estadual de Agricultura, Álvaro Callegari, mandou mensagem, via Whatsapp, elogiando a abordagem feita cá na Parabólica, sobre a construção da hidroelétrica do Cotingo. Ao dizer que o programa de biodiesel é hoje questionável, Callegari lembra o potencial de Roraima para o aproveitamento da energia solar e eólica, esta também na região Norte do estado. Tem razão, quanto mais energia gerado melhor, afinal, a demanda é crescente. O problema é que o aproveitamento potencial dessas duas outras fontes limpas e renováveis depende de tecnologia importada, enquanto a construção de hidroelétricas o Brasil dispõe de sobra.