Recuperação do asfalto da BR-174 está se tornando um pesadelo sem fim Jessé Souza*
Algo muito estranho está ocorrendo com a obra de recuperação do trecho norte da BR-174, em direção à fronteira com a Venezuela. A empresa responsável pelo serviço não consegue avançar, a ponto de ser necessário fazer uma espécie de operação tapa buraco onde já houve serviço de recuperação.
Está parecendo uma obra sem fim, em que a recuperação avança alguns quilômetros, mas semanas depois a empresa é obrigada a voltar para tapar os buracos que se abriram onde já houve recapeamento. É algo muito parecido com que vem ocorrendo com a recuperação da RR-203, que dá acesso à Serra do Tepequém, no Municipio do Amajari.
Já surgiram vídeos de caminhoneiros mostrando que, em alguns trechos da 174, a qualidade do asfalto é tão questionável que há partes onde o material está se desmanchando apenas com o peso dos veículos, o que levanta dúvidas sobre a qualidade da obra que está sendo realizada.
A desconfiança aumenta quando se compara essa obra com o trabalho de recuperação da BR-401, em direção à Guiana, obra que foi realizada pelo 6º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC). A qualidade do asfalto é digna de estradas de primeiro mundo.
Na BR-401, o Exército usou uma tecnologia chamada de microrrevestimento asfáltico, uma camada de 1,5 cm que foi jogada em cima do asfaltamento antigo, que apresentava rachaduras e fissuras. A qualidade do serviço permite aproximadamente cinco anos de sobrevida ao asfalto.
A obra custou R$ 20 milhões, incluindo o trabalho de tapa buracos e asfaltamento de alguns trechos, as sinalizações horizontais e verticais da rodovia, além da limpeza do matagal na margem da rodovia federal. E a estrada está lá, concluída com êxito para segurança de todos.
Realidade completamente diferente do que vem ocorrendo no trecho norte da BR-174, onde o recapeamento sequer é concluído onde a camada asfáltica foi retirada. E a todo momento surgem novos buracos onde já houve serviço de tapa buracos. Fora a recuperação paliativa de buracos com barro, já que a empresa não consegue concluir a obra com êxito entre a zona rural de Boa Vista até o Município do Amajari.
Em situação mais crítica está o trecho sul da BR-174, especialmente entre os municípios de Iracema e Caracaraí, onde a buraqueira obriga os veículos a transitarem em zigue-zague ou na contra-mão, para desviar das enormes crateras. É um tormento para quem sai do Amazonas, no Sul, e segue para o Norte de Roraima, especialmente para quem vai buscar o turismo na Serra do Tepequém.
Algo precisa ser feito para evitar que a recuperação daquela rodovia vire um pesadelo sem fim, em que a empresa não consegue avançar nas obras, sendo necessário novos aditivos, o que significa mais recursos públicos e prejuízos para os usuários da rodovia, sujeitos a acidentes e prejuízos financeiros. É inadmissível, especialmente quando se tem a BR-401 como parâmetro.
*Colunista