Jessé Souza

Um crime de execucao e a vinda do presidente que vai ignorar a fronteira Norte 12753

Um crime de execução e a vinda do presidente que vai ignorar a fronteira Norte

Jessé Souza*

A execução a tiros de um venezuelano, na noite de ontem, no estacionamento de um supermercado no bairro Caranã, seria “apenas” mais uma cena dos bárbaros crimes que têm ocorrido em Boa Vista envolvendo imigrantes, cujos casos logo são esquecidos dentro do contexto da crônica policial diária.

Seria apenas “mais um” se este caso, que sugere fazer parte de uma queima de arquivo do crime organizado ou acerto de conta, somando-se a outras ocorrências policiais semelhantes, aconteceu  na noite anterior à segunda visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a Roraima, programada para esta terça-feira.

Como as informações davam conta de que Bolsonaro não deverá mais ir pessoalmente verificar a situação da fronteira com a Venezuela, no Município de Pacaraima, isso confirmará que o Governo Federal está satisfeito com o trabalho da Operação Acolhida em relação à chegada em massa de venezuelanos pela fronteira Norte do Estado.

Significa que a política em relação a esta imigração desordenada não terá qualquer modificação além do que já está em prática, com a chegada diária de centenas de venezuelanos, muitos deles utilizando caminhos clandestinos, o que leva a uma fronteira aberta para pessoas de má índole, muitas delas envolvidas com o crime no país vizinho e que virão somar-se à criminallidade que aumenta em Roraima.

O crime da noite passada acaba apontando esta preocupante realidade, sem que o Governo do Estado e as prefeituras da Capital e do interior tenham condições de assumir todo o ônus que advém dessa imigração desornedenada, com uma Operação Acolhida que está fadada a não ter mais condições de atender toda a crescente demanda de estrangeiros que chegam em maior número a cada dia.

As informações que chegaram de Pacaraima mostram que uma maquiagem da realidade foi estrategicamente preparada naquela fronteira, visando tentar colocar o mínimo de ordem no caos em que se tornou a cidade que faz fronteira com a Venezuela. Porém, a situação é tão caótica que levou a equipe de segurança do presidente a cancelar a visita dele.

Mas esse cancelamento não irá mudar nada mesmo, uma vez que a intenção de Bolsonaro, revelada em um vídeo publicado nas redes sociais, era apenas gravar um vídeo de cunho ideológico com a finalidade de alimentar seu discurso contra o socialismo a fim de agradar seu eleitorado fiel, que se habituou a se alimentar desse tipo de pregação.

Sendo assim, diante da crise nacional que o brasileiro já vive, a população roraimense deve se preparar para o que estar por vir diante dessa crise migratória que se agrava diariamente, a começar com os reflexos sentidos com o aumento da criminalidade, sem que as forças policiais consigam enfrentar à altura o poderio do crime organizado.

Não se vê um cenário otimista para enfrentar o quadro que se desenha, com um governo que se apresenta nitidamente preocupado com as próximas eleições, cujos políticos brigam em suas disputas por espaço e poder. A própria visita de Bolsonaro acabou se tornando parte desta disputa, uma vez que ele irá participar de um culto evangélico que terá mais um significado político partidário do que realmente de fé cristã.

Os analistas apontam que o governador Antonio Denarium (PP) é o mais afetado politicamente por esse encontro que mistura política e fé na Assembleia de Deus, que se mostra uma força partidária que se apresenta para as próximas eleições, uma vez que Denarium foi praticamente excluído da agenda presencial depois do fiasco que foi a visita anterior, em que as vaias aos seus aliados repercutiram mais do que realmente representava a vinda do presidente ao Estado.

Então, enquanto a caravana do presidente passa, nesta segunda visita, as fronteiras abertas com a Venezuela continuarão representando uma bomba relógio em contagem regressiva que poderá estourar nas mãos dos roraimenses em um futuro bem próximo.

*Colunista