Jessé Souza

Mais esperteza no pais da disputa por ossada de boi e pes de galinha 12756

Mais esperteza no país da disputa por ossada de boi e pés de galinha

Jessé Souza*

Era para ser apenas uma propaganda de uma solícita funcionária na entrada do supermercado, que oferecia um produto a um valor promocional. A sorridente abordagem fazia com que as pessoas pagassem o produto, para as quais era solicitada uma foto como divulgação da empresa.

O problema é que muitos não se davam ao trabalho de verificar o prazo de validade, por isso acabaram por levar para casa um produto pela metade do preço, mas que iria se perder, pois venceria no mesmo dia da promoção. Os poucos que olhavam a data se sentiam lesados, pois davam conta de que o sorriso e a foto serviam como encenação para ludibriar o consumidor.

Cena semelhante se repete em outros estabelecimentos que, estrategicamente, com a nítida esperteza de tentar enganar, não alertam para o prazo de validade. Avisar não seria apenas honesto, mas também uma forma de proteger a saúde dos clientes que por ventura a colocariam em risco, caso consumissem produtos vencidos.

Mas não são todos que agem assim. Um supermercado no Centro dispõe de um espaço reservado exclusivamente para expor apenas produtos perto de vencer, inclusive com aviso claro sobre a data do prazo de validade, deixando o consumidor à vontade para avaliar se leva ou não aquele determinado produto.

Essa é a forma correta de agir por parte de uma empresa comprometida com seu público. Tentar utilizar-se de estratagemas para ludibriar o consumidor não só é uma falta de honestidade com o cliente, mas também um flagrante desrespeito aos direitos do consumidor. E por isso tal prática deve ser combatida.

Muitos acabam caindo nesse golpe de esperteza devido ao momento de crise, quando os consumidores têm buscado por promoções com a finalidade de aliviar o peso da carestia no orçamento familiar. Tem sido cada vez mais difícil ser obrigado a reduzir a lista de compras, a cada mês, sem ver redução de valor porque os produtos têm aumentado de preço a cada três meses ou menos.

Famílias de baixa renda são as que mais estão sofrendo, pois se veem obrigadas a reduzir ou até mesmo cortar o consumo de carne bovina, ou mesmo optar por produtos de baixa qualidade apenas por causa do preço, a fim de se ajustar aos constantes aumentos que reduzem bruscamente o poder de compra do trabalhador.

Então, aproveitar-se desse momento de incerteza e desespero de muitos pais de família, para empurar produtos vencidos ou mesmo no mesmo dia do prazo de validade, é mais que um desrespeito. O mínimo que o consumidor pode pedir é honestidade por parte dos empresários ou dos gerentes dessas empresas.

A situação tornou-se crítica diante dos constantes aumentos no preço da gasolina, o que reflete na majoração de preço dos demais produtos da cesta básica. Com isso, o Brasil se tornou o país onde as pessoas mais pobres passaram a disputar ossada de boi e pés de galinha para se alimentar.

Já basta o desespero de chegar a um mercado e perceber que os preços estão disparando e ainda ter que buscar forças para driblar o sorriso de funcionários, na entrada do supermercado, que querem ludibriar aqueles que buscam uma promoção para aliviar seu orçamento familiar no fim do mês.

*Colunista