Opinião

Opiniao 12839

Amor de solidão?  

Walber Aguiar*

O amor não se doma, não se encabresta, nem se submete… 

Era Inverno. Insetos e fecundações, de desejos reprimidos e comunhão de afetos, de aventuras conjugais e ilusões necessárias. Ali, entre a sobriedade da dor e a loucura do sentimento, brotou da lama das chuvas, a intensa vontade de partilhar, de criar vínculos, de entender a felicidade do ponto de vista do jugo, da parceria, do homem enquanto ser gregário.

Condenado a ter esperança, surgia agora uma alternativa. Isso porque, confrontado com a ótica divina da conjugalidade, ao homem restava apenas a felicidade a dois, a tentativa de fundir as vontades, o desejo de caminhar e olhar na mesma direção.

Ora, sob a dimensão e a realidade da queda, o que era sólido tornou-se esboroável, o que se afigurava como eterno, relativizou-se diante da dúvida, das angústias e da complexidade conjugal. Nesse tempo de hermeticidade do sentimento, não há mais a inocência em relação ao mal; advindo daí o ciúme, a inveja, a cobiça, as relações por interesse.

Assim, nesse tempo das flores vermelhas da paixão e das flores amarelas do medo, da busca desesperada pelo complemento afetivo, há uma necessidade premente de se ver e se perceber como uma espécie de náufrago do afeto, onde seguir sozinho é uma possibilidade.

A partir daí nos deparamos com  as paixões de Vinicius de Morais e seu essencial existencialismo do “mas que seja infinito enquanto dure”. Por outro lado, Mário Quintana optou pela solidão, pela ruminância das horas silenciosas, à semelhança de Carlos Drummond de Andrade.  Dizia ele que as mulheres são seres complicados.

O que fazer com o casamento,  a união estável, a proposta divina, a família como idéia de Deus? O “pra sempre” foi relativizado na poeira dos dias apressados, da desconfiança, da incompatibilidade de gênios, do cansaço relacional, quase sempre desgastado pela sufocante poeira do cotidiano sem aventura.

Era inverno. Tempo de solidão, de imaginação fertilizada pelo desejo de amar e ser amado; ou de, simplesmente, amar a si mesmo, incondicionalmente, lançando um novo olhar sobre a felicidade desacompanhada.

Estaríamos preparados para essa inquietante filosofia do afeto?

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras

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Os bens materiais são passageiros 

Marlene de Andrade 

“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua Justiça e todas as coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6. 33) 

 “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.” (Provérbios 9:10). Esse temor nada tem a ver com medo e sim com um respeito profundo e suprema gratidão a Deus que nos deu a vida e nos supre continuamente. Nesse viés é bom lembrar o rei Salomão, o qual foi um pesquisador por excelência e o rei mais inteligente de Israel. 

Mesmo sem o avanço da tecnologia que temos hoje, Salomão se notabilizou por sua insuperável inteligência e descobertas. Esse rei era profundamente reconhecido pelas pessoas de seus dias, pois se aprofundou em grandes pesquisas estudando plantas e também animais de variadas espécies, inclusive peixes. Sua simpatia atraia pessoas de vários lugares daquele mundo antigo, pois queriam ficar sabendo quais eram suas últimas descobertas e conhecê-lo pessoalmente. 

Apesar de ter sido o homem mais rico do antigo Israel e ser dotado de uma inteligência rara, acabou caindo em um profundo quadro de frustração, pois começou a questionar do que lhe valia o conhecimento que adquirira, riquezas e um harém? Essa sua frustração foi tão forte que ele a manifestou escrevendo o livro de Eclesiastes. Deveras esse livro é belíssimo e cheio de ensinamentos importantes às nossas vidas. 

Algumas das frustrações de Salomão estão reveladas nos versículos abaixo: “Tudo é vaidade. Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol? Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece. Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de aonde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos. Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr.Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.” (Eclesiastes 1:2-8).Como podemos perceber, apesar de Salomão ter sido um rei tão admirado por todos, passou a achar tudo muito enfadonho.

De fato, Salomão foi muito bem sucedido, todavia, como colocou Deus em último lugar em sua vida, acabou entendendo que nada mais havia feito do que dar socos ao vento. Se sempre tivéssemos absoluta confiança em Deus, acreditaríamos que Ele é, e sempre será a maior prioridade de nossas vidas.

Marlene de Andrade  Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT  Técnica de Segurança/SENAI-IEL  CRM-RR 339 RQE341 

Estamos todos no grupo

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Se cada um de nós fizer uma pequena parte, todos teremos feito uma grande obra”. (Legrand)

Não meça o tamanho da obra pelo volume dela. Às vezes nos enganamos conosco mesmo. O importante nem sempre é o que você faz, mas como você faz. Você se lembra do Swami Vivecananda: “Não se mede o valor de um homem pela tarefa que ele executa, e sim pela maneira de ele executá-la”. É na maneira que você faz a obra, que você vai mostrar o seu valor. Então nunca rejeite uma proposta para fazer alguma coisa, por achar que ela é insignificante. Lembre-se do Miguel Ângelo: “Na arte as insignificâncias causam a perfeição. E a perfeição não é uma insignificância”. 

Você pode estar colaborando para o desenvolvimento da cultura, com sua arte aparentemente insignificante. Não há como uma pessoa, de mente clara, não reconhecer o valor da obra. E o valor não é material. Este é outro assunto que merece critério para a análise. Mas não faz parte deste papo. O que nos interessa é que nos atentemos para a importância de colaborarmos com o próximo, para que juntos construamos o mundo que depende de nós para se construir. E podemos estar colaborando com apenas uma fatia do que fazemos. Se todos fizermos, a obra será concluída. 

Não desperdice seu tempo. Aproveite sua folga, ocupando o tempo livre, para produzir algo que possa enriquecer seus pensamentos no futuro. É muito gostoso quando nos sentimos felizes ao recordar momentos simples do nosso passado. Quando nos lembramos, por exemplo, de momentos alegres vividos na infância, com brincadeiras livres, leves e soltas. E todos nós já vivemos uma infância feliz. E o importante é que nunca tiremos a criança que há e está dentro de nós, independentemente da nossa idade cronológica. Não perca seu
tempo com notícias desagradáveis, nem programas e notícias que nos tragam tristezas. O dia está aí para ser vivido, e não sofrido. 

Nunca permita que os maus momentos lhe tragam o mal. É o bem que interessa, para que sejamos felizes. E o bem, está ao lado do mal. E este pode muito bem se antecipar na chegada. E é aí que você deve ser esperto para saber qual dos dois realmente lhe interessa. Se você abraçar o bem, o mal cai fora. Pode até ficar cutucando sua costela, mas não lhe dê bolas e ele cai fora. E nunca duvide disso. Toda a força de que você necessita para dominar o mal, está em você. Está nos seus pensamentos, dirigidos por seu subconsciente, seguindo os recados transmitidos por você, com seus pensamentos. O que indica que você tem tudo de que precisa para participar do grupo e construir o futuro, com o melhor de você. Pense nisso. 

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