Breve entendimento sobre a moral
Sebastião Pereira do Nascimento*
Moral é uma palavra que tem sua raiz no latim mos, ou mores, no plural, termo que pode ser livremente traduzido como “costume”. Dentre os diversos conceitos contemporâneos, a moral pode ser entendida como o conjunto de comportamentos que são aceitos, esperados e incentivados pelos indivíduos de uma sociedade, compreendendo toda uma série de crenças, normas e valores que determinam esses comportamentos e definem o que está certo e errado, o que é bem e mal no âmbito do convívio social.
Os valores morais são passados e se consolidam de geração em geração, sendo transmitidos pelo convívio em sociedade, pela cultura e tradições vigentes, e também pela educação formal. Contudo, no atual nível de desenvolvimento da civilização podemos dizer que a moral também é transmitida e consolidada pelos inúmeros meios de comunicação de uma forma geral.
Ciências como a psicanálise, a sociologia e a antropologia fazem da moral um dos seus principais temas de estudo, desenvolvendo teorias que explicam os diferentes tipos de moral em diferentes épocas e sociedades, grupos e classes sociais. E além da ciência, a moral também está presente de forma muito significativa, há mais de vinte séculos, dentro das reflexões filosóficas compondo um dos temas centrais da ética, e nesse sentido a expressão “moral” é um substantivo.
Noutro sentido, a palavra “moral” torna-se um adjetivo quando é usada para se referir a alguém ou a um comportamento. E nesse universo ter moral ou ser uma pessoa de moral, significa uma pessoa de bons costumes, que se comporta de forma aceitar as convenções sociais tendo como base a consciência moral, a qual Aristóteles define como uma das características da ação humana muito importante na produção da realidade social, pois toda pessoa possui um senso de valor – que se define como uma habilidade intuitiva –, e por isso está sempre avaliando e julgando as ações humanas, que por consequência, proporcionam a pacificação social entre os pares. A rigor, a consciência limpa dos humanos, desde sempre pronuncia juízos morais sem hesitação, e reivindica autoridade para submeter a críticas contínuas às instituições e às formas de vida social que ela mesma ajudou a criar.
O entendimento moral também reside em Sócrates, no conhecimento e no vislumbrar da felicidade. Essa dualidade tem por objetivo preparar o indivíduo humano para conhecer-se, tendo em vista que o conhecimento é a base do agir correto e o vislumbrar é o efeito pleno no fim de cada ação. Para Sócrates, o entendimento moral prima pelo bem do coletivo ao invés do bem individual, onde a obediência às normas é o limite entre a dignidade e a imoralidade.
Os conceitos de ética e moral estão intimamente ligados, contudo, possuem significados distintos. Moral são os costumes aceitos que regulam o convívio social, que definem o que é permitido e o que é condenável dentro de um conjunto de entendimentos impostos pela sociedade, visando proporcionar a saudável convivência entre todos. Já a ética, que também compõe um dos ramos da filosofia, é um fenômeno teórico, analítico e crítico que se estabelece como um caráter eminentemente singular sustentado por cada pessoa.
No caso da moral dentro da filosofia, ela trata, sobretudo, em conjunto com a ética, de todos os campos com que se ocupa, juntamente com a estética, política, metafísica e epistemologia. Onde ao longo da história e da cultura ocidental, muito se refletiu e muito se disse sobre a moral.
Na Grécia antiga, buscou-se enfatizar o caráter universal que a verdadeira moral deveria ter, para ser correta deveria ser válida para todos em todas as épocas. Na idade média buscou-se conciliar as reflexões éticas dos gregos com os princípios cristãos, isto é, o que ficou definido como a moral cristã.
Ao passar dos tempos, já na idade moderna voltou-se a se ressaltar o valor das reflexões gregas ao mesmo tempo que buscou-se cada vez mais colocar a moral sob as rédeas da razão por um lado e diminuir a influência cristã por outro. E a partir de então as reflexões acerca da moral tomaram os mais diversos caminhos, aparecendo ideias como as do filósofo alemão Nietzsche para quem a moral transforma seus seguidores num conjunto de pessoas com a visão pragmática de que a moral é aquilo que é útil para o indivíduo e a sociedade.
E diante dessa visão, inclui também, amparados pela filosofia, os atributos: imoral e amoral. Sendo imoral todo aquele comportamento que contraria a moral vigente de um determinado grupo social, por exemplo, ficar despido numa praça pública é imoral de acordo com os valores em voga em nossa sociedade. Portanto, a pessoa imoral é aquela que contraria a decência, os bons costumes, bem como alguém que afronta às convenções morais. Já amoral é todo aquele comportamento desprovido de moral; aquele que está fora do campo da natureza moral, que não a leva em consideração. Logo, amoral é aquela pessoa que não é nem moral nem imoral.
Em vários tratados sobre a moral, muitos filósofos colocam que toda a racionalidade prática visa um fim ou um bem e a moral tem como propósito estabelecer a finalidade suprema, a qual justifica todas as maneiras de alcançá-la. E não se trata dos prazeres, riquezas e honrarias, e sim de uma vida inteiramente moral. Por conseguinte, essa prática do bom hábito moral, assegura a moderação, solidifica o caráter e obriga a atitude de coerência entre o pensar e o agir. Pois, no entanto, nenhuma pessoa dispõe do direito de depreciar os valores morais de uma sociedade, que não seja de tudo a pessoa imoral.
*Filósofo, escritor e consultor ambiental. Autor dos livros “Sonhador do Absoluto” e “Recado aos Humanos”. Editora CRV. Coautor de “Vertebrados Terrestres de Roraima”, publicado na edição especial da revista científica Biologia Geral e Experimental.
O roubo da identidade
*Por Paulo Akiyama
O que seria o roubo de identidade? Não é o roubo de seus documentos, mas da sua personalidade como cidadão, de sua privacidade, de seus sigilos financeiros.
Me lembro quando nos idos anos de 2005 acompanhava uma série de televisão em que um dos personagens teve sua identidade roubada e começaram seus terríveis pesadelos, ações na corte americana de cobranças, problemas com a polícia, inclusive sendo presa indevidamente.
O que acontece hoje em nosso país é o roubo de identidade dos cidadãos brasileiros, quando pessoas mal-intencionadas de posse de números dos documentos, RG, CPF e nome completo, baixam aplicativos de supostos bancos virtuais e abrem uma conta corrente.
Por que supostos bancos virtuais? Muitos bancos virtuais em seus APP e website induzem as pessoas acreditarem tratar-se de um banco quando, na verdade, são empresas de pagamentos autorizadas a operarem no sistema PIX.
Atualmente o Banco Central possui mais de 760 empresas cadastradas para trabalh
arem com o sistema PIX, sendo emissores e receptores das transferências de numerários via esta modalidade recém-inaugurada.
Ainda há mais de 60 empresas aguardando a homologação ou autorização do BACEN para atuarem nesta atividade.
Geralmente os meliantes que se utilizam deste tipo de golpe, invadem um perfil de uma empresa que vende no Instagram, por exemplo, e abrem uma conta em uma destas operadoras de meios de pagamentos, anunciam a venda neste post falso de algum produto por um preço muito atrativo, abaixo do mercado, e fornecem os dados para pagamento da conta também fraudada.
Após decorrido o prazo para que o comprador receba a mercadoria, ele se dá conta de que foi lesado, comparece a uma delegacia de polícia, abre um boletim de ocorrência e representa na mesma data.
É nessa situação quando a pessoa que teve sua identidade roubada é informada que há um inquérito policial que está apurando a má conduta.
Começa assim o pesadelo daquele que roubaram a identidade.
Como algumas empresas de meio de pagamento limitam o volume de transferências, os meliantes abrem contas em diversas outras, e com o passar do tempo inicia-se uma nova maratona do cidadão que teve sua identidade roubada, torna-se um martírio, uma penitência sem fim e cada dia mais problemas.
Você busca socorro junto ao Banco Central do Brasil e este diz que não tem como fiscalizar ou fazer qualquer coisa, mas o número do seu CPF está rodando como chave de PIX para os meliantes aplicarem cada vez mais golpes.
Muitos pensavam, antes deste artigo, que o PIX era autorizado apenas aos bancos comerciais, instituições autorizadas a funcionar como bancos pelo Banco Central do Brasil. Engano seu, estas empresas de meios de pagamento, de crédito direto, algumas cooperativas, estão habilitadas pelo Banco Central a operar com o PIX.
Ao invés de o PIX vir para facilitar a todos, está criando um enorme problema para muitas pessoas, aquelas que são vitimas do golpe de vendas e as vítimas que têm suas identidades roubadas.
Mais uma informação importante, caso seja vítima de roubo de identidade, dificilmente conseguirá contato direto com estas empresas de pagamento, pois, em sua maioria não atendem pessoas físicas.
Vale ainda acrescer que a fragilidade do sistema favorece a lavagem de dinheiro, passando de uma conta para outra sem deixar rastros significativos.
Os golpes dados pelo WhatsApp muitas vezes utilizam uma conta digital para pagamento, certamente contas de empresas de meios de pagamento.
Não há segurança no sistema para a abertura de conta nestas empresas, basta baixar o APP e preencher um formulário básico sem precisar enviar cópia dos documentos e nem a foto do correntista.
Sobre Paulo Akiyama
Paulo Eduardo Akiyama é formado em economia e em direito desde 1984. É palestrante, autor de artigos, sócio do escritório Akiyama Advogados Associados e atua com ênfase no direito empresarial e direito de família. Para mais informações acesse http://www.akiyamaadvogadosemsaopaulo.com.br/ ou ligue para (11) 3675-8600. E-mail [email protected]
Felicidade é sucesso
Afonso Rodrigues de Oliveira
“O grande néctar da vida é a possibilidade de realizar o divino que existe dentro de cada um de nós”. (Roberto Shinyashiki)
Você nunca irá ser feliz se não se encontrar em você mesmo. E é simples pra dedéu, você se achar. Porque, na verdade, todos nós vivemos perdidos neste universo pequeno, que é a Terra. Então vamos nos encontrar. Se você é uma pessoa num grau de evolução evoluído, vai se encontrar. É só pensar nisso e viver. E viver é ser feliz. E quando sabemos disso não tem como não ser feliz.
Vez por outra você se lembra de alguma coisa que aconteceu na sua infância e que fez você feliz. Aí é só você pensar que todos nós temos dentro de nós a criança que fomos no passado. E se a lembrança veio à nossa cabeça é porque ainda estamos vivendo o vivido. Nas minhas últimas falas, aqui, tenho falado de coisas e acontecimentos vividos na minha infância. É que fui feliz pra dedéu, naqueles tempos. E tempos em que vivemos um dos momentos mais terríveis da humanidade: a Segunda Guerra Mundial. Foi um período de minha infância que presenciei coisas e acontecimentos que me divertiam e me ensinavam. E eu aprendia sem saber que estava aprendendo. Talvez você se lembre. Já falei da lição que aprendi com aquela senhora norte-americana, em Parnamirim, quando os norte-americanos estavam deixando o Brasil e voltando para os Estados Unidos.
Muitas vezes as lições mais simples nos enriquecem culturalmente. Naquela manhã, eu estava na calçada de minha casa, quando dois americanos vinham pela rua, acompanhados por uma senhora americana. De repente a mulher retirou algo minúsculo, da bolsa, desembrulhou-o e ficou amassando o papel, como se quisesse jogá-lo fora. Ela continuou caminhando e eu a observando. Em frente à minha casa havia um bar. Ao passar, ainda amassando o papel, a mulher foi até ao bar e atirou o papel dentro da lixeira. Enquanto isso, os dois homens pararam, e ficaram esperando pela mulher. Ela voltou, juntou-se aos dois e seguiram.
Isso foi em mil novecentos e quarenta e sete. E desde então, nunca mais alguém me viu jogando algo na rua, nem mesmo um papelzinho de bala. Não devemos nos esquecer de que sempre há alguém nos observando. E a observação pode ser importante, tanto para o observado quanto para o observador. Você tanto pode estar ensinando quanto aprendendo. Em todas essas décadas passadas, nunca esqueci a imagem daquela mulher e aqueles dois homens, caminhando pelo meio da rua, em Parnamirim, e na minha infância. Faça sempre o melhor que você puder fazer, e sem a preocupação de ser observado. O importante é o que você faz bem feito. Pense nisso.
9912191460