Bom dia,

Hoje é terça-feira (21.12). É de todo alvissareira a movimentação de funcionários públicos, especialmente de professores, diante a iminência da votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) do estado para 2022 pelos deputados estaduais. Eles, os professores, como tantas outras categorias de servidores públicos do estado, alegam que estão com salários congelados faz seis anos e enfrentam uma brutal perda de poder aquisitivo frente a uma inflação anual que já ultrapassa 10%. Por isso, os manifestantes pressionam os parlamentares para que a LOA/2022 traga verba consignada para cobrir eventual reajuste salarial, que possa o governo decretar no próximo ano, afinal, estaremos em plena época de colheita de votos.

É também, aceitável, do ponto de vista democrático que cerca de quatro centenas de aprovados em concurso público feito para recrutar novos soldados para a Polícia Militar de Roraima (PMRR) pressionem os mesmos parlamentares para que eles aprovem na LOA/2022 verba necessária para suas contratações como servidores efetivos militares do estado. É claro, aberta essa cobertura orçamentária, eles mudam de posição na Praça do Centro Cívico deixando a frente do Palácio Antônio Martins e indo para o Palácio Senador Hélio Campos, pressionar o governador Antônio Denárium (PP) pelas contratações.  E têm boa probabilidade de conseguirem seus intentos, afinal, Denárium, em 2022, concorre à reeleição.

Os dois exemplos citados devem ser considerados como alvissareiros porque atendem ao chamamento do público para discutir, com alguma transparência, o destino que deve ser dado ao dinheiro público. Eles ocorrem, sem que os deputados estaduais cumpram o dever constitucional de abrir em ampla discussão, e com transparência, o destino de quase R$ 5 bilhões estimados de receita pública para o próximo ano. Se dependesse da vontade deles, tudo seria discutido e aprovado entre quatro paredes, e se possível, com isolamento acústico para que ninguém ouvisse o que falam.

Para além do mérito, que os atuais servidores públicos estaduais reivindicam de aumento salarial, e também do desejo desses mais de 400 concursados em se tornar policiais militares do estado, seria recomendável que os deputados e deputadas da Assembleia Legislativa do Estado (ALE) lessem um pouquinho sobre Edmund Burke, pensador e político inglês do Século XVII, considerado o fundador do moderno conservadorismo. Respeitado integrante do Parlamento inglês daquele Século, Burke dizia que um parlamentar não devia obrigatoriamente votar como pediam seus eleitores, mas, como representante do povo, deveria agir conforme mandasse sua consciência, sempre comprometida com o interesse maior da coletividade.

PODEROSOS 1

Sobre a iniciativa do deputado federal Édio vieira Lopes (PL), que apresentou uma emenda à Medida Provisória 1078, que autoriza uma verba de 90 milhões de reais a ser levantada pelo Consórcio TNE para complementar o pedido de indenização dos Wamiri-Atroari pelos danos ambientais irreversíveis causados pela construção e operação do Linhão de Tucuruí, um leitor da Parabólica fez o seguinte reparo: “Embora a proposta do parlamentar roraimense seja meritória, e represente quase nada em relação ao valor total de R$ 18 bilhões contidos na MP, não é bom baixar a guarda. Não custa lembrar que faz algum tempo, a Petrobrás não conseguiu construir um gasoduto de Urucum até Manaus porque poderosos empresários e políticos amazonenses eram donos das balsas que traziam o gás até a capital amazonense”.

PODEROSOS 2

“Também é bom lembrar que muita gente não acredita no asfaltamento da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho porque as balsas que fazem hoje esta ligação pelo rio Madeira pertencem a empresário e políticos poderosos do Amazonas. Com o Linhão de Tucuruí é a mesma coisa. Tem gente poderosa, políticos e empresários de Roraima e do Amazonas, que ganha rios de dinheiro com o isolamento do estado do Sistema Elétrico Nacional e o funcionamento de usinas térmicas movidas a diesel e a gás. Essa gente não vai abrir mão com facilidade desse privilégio. Não importa se esteja em jogo o futuro e o presente de mais de meio milhão de pessoas”, finalizou o leitor.

RÁPIDAS

Segundo o engenheiro elétrico Raimundo Costa Filho, já tem grupo privado interessado em provocar a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que sejam aprofundados os estudos, e se foro caso, levar a leilão a construção de uma hidroelétrica no rio Mucajá. ### Em matéria de marqueteiro político, o governador Antônio Denárium (PP) parece ter saído na frente, em relação a sua principal oponente, a ex-prefeita Teresa Surita (MDB). Gilberto Musto, marqueteiro da eleição de 2018, já trabalha faz quatro meses na campanha de Denárium e tem contrato pré-eleitoral até abril do próximo ano. ### Aliás, sobre a pré-campanha da ex-prefeita Teresa Surita, fontes da Parabólica dizem que o apoio a sua candidatura pelo ex-governador Neudo Campos conta com a aprovação da ex-governadora Suely Campos. ### De um correligionário do presidente Jair Bolsonaro (PL) recebemos a seguinte observação: “Não é verdade que a resistência da população contra a vacina anti-Covid19 seja por conta do exemplo que vem do presidente. Se fosse assim, quase todos os brasileiros seriam pinguços, afinal, já tivemos dois apreciadores de bebida alcoólica  inveterados ocupando o Palácio do Planalto: Jânio Quadros e Lula da Silva”. Está feito o registro. ### Até amanhã.