Dinheiro tem… falta a sociedade tomar consciência do que se passa Jessé Souza*
A frase dita pelo governador Antonio Denarium (PP), quando era candidato, e que ficou marcada em sua campanha eleitoral é: “Dinheiro tem, falta gestão”. Três anos depois, a opinião pública ainda se surpreende com a veracidade. O autor sabia que isso era real porque sempre atuou junto aos políticos como empresário.
Denarium não só sabia como também comprovou esta prática ao anunciar que o Governo do Estado tem mais de R$ 1,7 bilhão em caixa, enquanto vários setores importantes enfrentam dificuldades, a exemplo da própria saúde pública onde faltam medicamentos e material exatamente por falta de gestão.
A realidade fica mais explícita quando se analisa os números referentes aos 15 municípios roraimenses, que receberam R$390 milhões de repasse do Governo do Estado de janeiro a novembro deste ano referentes à arrecadação do ICMS e IPVA. Os números vêm aumentando ano a ano: em 2018, antes da atual administração assumir, foram R$226 milhões de repasses.
Quando se foca no geral, a frase do governador se perde nos fatos, pois percebe-se que não se trata apenas da falta de gestão. Neste caso, a corrupção também é o maior fator que impede que os recursos cumpram sua principal finalidade, que é o investimento no bem-estar da socidadade.
Aí surgem as lembranças dos escândalos denunciados e aqueles investigados durante grandes operações da Polícia Federal, cujas mais recentes levaram ao caso do dinheiro na cueca do senador e de deputados estaduais cassados, os quais atuam normalmente sem ser acossados pela Comissão de Ética.
A má aplicação de recursos, que vai muito além da má gestão, pode ser vista nos municípios do interior, onde somente a visão da entrada de cada cidade já dá uma sensação de abandono e penúria. Ou seja, os prefeitos não fazem questão sequer de trabalhar a fachada para enganar os olhos de quem chega, como pode ser visto na Capital.
Nos 11 meses do ano, nenhum município do interior do Estado recebeu menos de R$10 milhões de repasse de ICMS e IPVA, o que significa dizer que não era para muitas cidades estarem em situação de aparente abandono, como se vê logo na chegada do Município do Amajari, que recebeu R$11.155.926,00 de repasses estaduais, um aumento de 225% de em relação a 2018.
Os números falam por si mesmos. A falta de recurso não passa de falácia de políticos e administradores não apenas incompetentes, mas também que estão acostumados com a malversação de recursos públicos. Em muitos casos, com a conivência de vereadores, que também contribuem para incompetência e/ou a corrupção.
Nada justifica ficar “economizando” dinheiro em caixa enquanto a população enfrenta dificuldades. Da mesma forma, a corrupção não pode mais ser tolerada em qualquer nível e instância de poder. Se os municípes estão na dificuldade, não falta fartura no meio político. E isso precisa acabar se quisermos uma sociedade menos injusta.
*Colunista