A diáspora venezuelana ignorada pelas autoridades em berço explêndido Jessé Souza*
Quem transita pelo trecho sul da BR-174, que dá acesso à Venezuela, tem percebido o aumento no número de estrangeiros caminhando em direção a Boa Vista, confirmando o crescimento do número de venezuelanos que fogem de seu país em direção ao Brasil. São famílias inteiras na diáspora de um povo em busca da sobrevivência.
Significa que a imigração desordenada será um dos principais desafios de Roraima nesse novo ano que começa no próximo fim de semana. O desesperador é saber que o Estado não poderá contar com o presidente Jair Bolsonaro, que a cada dia se confirma como um inepto para governar um país dessa envergadura e com grandes desafios.
Não bastasse a incompetência explícita em suas atitudes, é uma pessoa insensível aos problemas brasileiros, o que o torna um dos piores mandatários de todos os tempos. Basta lembrar que até hoje ele fala de Roraima como se fosse “a menina dos olhos”, mas com o olhar de garimpeiro que quer apenas o que tem no subsolo sem medir as consequências.
O êxodo venezuelano se ampliou nesse fim de ano, enquanto temos uma Operação Acolhida, sob o comando do Exército, que não é mais suficiente para acolher e abrigar a grande quantidade de estrangeiros. O cenário de pessoas dormindo na calçada dos comércios na frente da Rodoviária Internacional de Boa Vista é o resumo do grande problemas que temos.
Pelos orçamentos aprovados tanto na Assembleia Legislativa quanto na Câmara Municipal de Boa Vista, vê-se claramente que a imigração é ignorada, como se não fosse o problema nosso, da população roraimense, obrigação esta ancorada apenas na Operação Acolhida a esperar pelas ações do Governo Federal. Zero de ação por parte das autoridades locais.
A imigração desordenada já provoca reflexos na infância, em que é possível ver o grande número de crianças nas ruas com o ofício de pedintes. Também pode ser sentida na pobreza avançando nos bairros periféricos e que pode ser observada no cenário diário das feiras e dos centros comerciais.
Embora a pobreza não seja autorização para ser bandido, a miséria empurra jovens para o tráfico de drogas, que é o passo principal passo para engrossar o mundo das facções criminosas, refletindo na violência observada em todo o Estado, inclusive com a ação de uma facção venezuelana que já se instalou em Roraima.
É este cenário que precisa ser visualizado a partir da intensificação da chegada em massa de venezuelanos em uma fronteira aberta tanto para pessoas de boa índole quanto para bandidos que transitam livremente por caminhos clandestinos que é de conhecimento de todos, inclusive do Exército, que sofre de contradição interna, pois é o responsável tanto por vigiar a fronteira quanto acolher venezuelanos que chegam ilegalmente.
Então, o ano de 2022 será de grande desafio para superar os problemas que se ampliarão com o crescimento mais célere da imigração. E parece que nossos políticos estão ingorando ou submestimando o problema, jogando todas as responsabilidades e culpas para a Operação Acolhida. Esse poderá ser um grave erro pelo qual todos pagaremos em um futuro bem próximo, caso providências não forem tomadas a partir de já.
*Colunista