Indignação que não vemos por aqui, enquanto se trava uma guerrilha no trânsito
Jessé Souza*
São muitos o desafios a serem apontados neste ano que se encerra diante da pandemia. Mas a questão do trânsito em Roraima precisa ser outro desafio a ser destacado como prioridade também, ao lado da imigração desordenada, se quisermos um Estado que continue garantido o bem-estar da coletividade, especialmente em Boa Vista.
Ainda não surgiu um parlamentar ou outra autoridade de qualquer nível que venha a público assumir esse desafio e cobrar mais empenho para melhorar o trânsito. Nesta quinta-feira, 30, o deputado Antonio Nicoletti (PSL) apareceu em um vídeo durante uma blitz pedindo as policiais “mais educação no trânsito e menos repressão”.
Só que essa cena do parlamentar ocorreu durante um blitz da Operação Lei Seca na cidade de São Miguel do Gostoso, no litoral do Rio Grande do Norte. Enquanto isso, até hoje, como policiail rodoviário federal de carreira, o deputado nunca se posicionou sobre o trânsito roraimense, muito menos direcionou suas emendas para educação no trânsito ou quaisquer outras ações de mobilidade na Capital.
Um novo ano vai começar sem que apareça um gestor ou um parlamentar cobrando empenho na melhoria do trânsito no mesmo nível em que Nicoletti apareceu vigoroso dando discurso a policiais durante um blitz no Rio Grande do Norte. As mortes no trânsito são corriqueiras na Capital roraimense e nunca indignaram nenhuma autoridade a esse ponto. Sequer um vereador!
Que neste ano de 2022 que se inicia amanhã o trânsito seja colocado como desafio no Estado, em todas as esferas, junto com saúde, educação, imigração e segurança. Já seria um bom começo se Nicoletti, quando sair de seu recesso parlamentar, tenha esse mesmo vigor em Roraima, puxando essa ponta de indignação que tanto se almeja por aqui.
Na Capital, a maior fatia do orçamento aprovado para este novo ano continua indo para a urbanização, inclusive maior do que o recurso destinado para a saúde em tempo de pandemia. A maior parte do orçamento segue para manter a jardinagem nas principais ruas e avenidas da Capital, assim como vem ocorrendo nas últimas gestões.
Sequer temos estatísticas divulgadas para que a sociedade tenha noção do grande desafio. Enquanto isso, muitos pais e mães de famílias morrem semanalmente, deixando filhos órfãos, ou ficam sequelados para a vida toda, ou vão passar muito tempo de sua vida no hospital, esperando por uma cirurgia, ou nas clínicas de fisioterapia para tentar se recuperar das graves lesões.
É uma guerrilha urbana que se trava diariamente nas ruas e avenidas da Capital.
*Colunista