Jessé Souza

A saude indigena dentro do mais alto grau da velha politica que bem conhecemos 13203

A saúde indígena dentro do mais alto grau da velha política que bem conhecemos

Jessé Souza*

Como já sabemos, a “nova política” foi apenas uma farsa que ajudou no surgimento do bolsonarismo, fato que ficou muito bem comprovado quando o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) se entregou ao Centrão, historicamente um grupo fisiologista que sempre negocia apoio ao Executivo em troca de cargos na administração pública.

Essa é a prática do toma-lá-dá-cá, a qual foi duramente criticada e combatida por Bolsonaro ainda em campanha levantando a bandeira da “nova política”. Mas… Enfim, a velha política segue comandando o país, o que significa dizer que as antigas práticas fisiologistas é que mandam na política em todos os níveis de governo.

No artigo de quinta-feira passada, 13, intitulado “Uma prisão em Santa Catarina que puxa o fio de um escabroso enredo em Roraima”, foi exposto o rumoroso caso do assassinato do empresário de aviação Chico da Meta, resultado do desdobramento dos antigos esquemas amplamente conhecidos dentro da saúde indígena.

Naquela época, o setor estava nas mãos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão que era sempre mantido na cota do toma-lá-dá-cá do fisiologismo político negociado por lideranças políticas locais. Conforme o artigo do dia 13, a Operação Metástase, executada em 2009 pela Polícia Federal, acabou por revelar o grande esquema de corrupção.

Hoje, o comando da saúde indígena está nas mãos da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), mas os últimos acontecimentos demonstram que a forma de comandar o setor segue aos mesmos moldes do tempo da Funasa e de outros órgãos federais que entram nessa cota do balcão de negócio em troca de apoio, que é a base da velha política.

O mais recente fato foi a troca coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), cujo novo titular é um ex-vereador de Mucajaí filado ao partito Republicanos, Ramsés Almeida da Silva. Essa sigla partidária é comandada pelo senador Mecias de Jesus, que também detém fatias do governo Antonio Denarium (PP).

Ou seja, a velha política vem sendo responsável por indicações desde sempre na saúde indígena. Não se pode dizer que o setor esteja como em anos anteriores, quando ocorreram a operação da PF e o rumoroso caso do assassinato de Chico da Meta (os dois motivados por contratação de voos para a saúde indígena). Mas a saúde continua em precárias condições.

Antes dessa mudança no comando, o Dsei-Y vinha sendo alvo de seguidas denúncias e protestos por partes dos indígenas Yanomami, os quais ganharam visibilidade internacional depois de uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, que mostrou “a grave situação de desnutrição e malária entre crianças que vivem nas comunidades”.

Em outra ponta, os indígenas também denunciam a falta de interesse do governo em combater a atuação do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, responsável não apenas por levar doença e destruir a floresta, mas também por conflitos armados entre garimpeiros e indígenas, inclusive essas milícias armadas atacaram policiais federais que estavam em incursão na terra indígena.

É a velha política no seu mais alto grau de atuação, em que os cargos são negociados dentro da cota de apoio ao governo, enquanto se faz vistas grossas para a atuação do garimpo ilegal. Aliás, o senador Republicano é um barulhento defensor do garimpo e sempre tem se posicionado contra os direitos dos povos indígenas.

Vamos acompanhar a cena dos próximos capítulos…

*Colunista