As vergonhosas cifras do Orçamento de 2022 no país do toma-lá-dá-cá
Jessé Souza*
O presidente Jair Bolsonaro (PL) deu todos os indicativos de que teremos um grande farra eleitoral este ano oficializando a manutenção da “velha política”. Ao sancionar o Orçamento de 2022, ele manteve as verbas do orçamento secreto, que chegaram R$ 16,48 bilhões, e confirmou o fundo eleitoral de R$ 4,96 bilhões.
Não custa lembrar que os recursos do orçamento secreto é uma forma de toma-lá-dá-cá em que distribui recursos a aliados políticos, no Congresso, em troca de apoio político. E tudo sem a transparência devida, conforme ocorreu nos dois últimos anos, esquema esse denunciado pelo jornal Estadão.
Com os vetos do presidente, as emendas parlamentares irão representr R$ 35,6 bilhões em 2022. Embora esses vetos possam ser derrubados pelo Congresso, é quase se certo que isso não ocorrerá, pois tudo está sob o controle do chamado Centrão, que controla inclusive a Casa Civil.
A manutenção do fundo eleitoral com valores bilionários também deverá ser mantido, estimado em em R$ 4,96 bilhões para este ano eleitoral, uma cifra recorde que irão alimentar as campanhas eleitorais. Esse valor superou o dos anos eleitorais anteriores; R$ 1,7 bilhão para a eleição de 2018 e R$ 2 bilhões em 2020. Isso é mais que o dobro do aprovado para 2022.
Esses números do Orçamento 2022 contrastam com a realidade brasileira, cuja população enfrenta um cenário econômico em que alimentação, energia e combustíveis estão muito caros, massacrando os pais de famílias, sem contar om o alto índice de desempregados. E o cenário desenha um futuro pior para ano que vem, seja qual for o próximo presidente.
Conforme os dados do Orçamento deste ano, que é o maior da história, há uma cifra de R$ 90 bilhões para o Auxílio Brasil, programa social que substituiu o Bolsa Família, cujo valor mínimo é de R$ 400 mensais aos beneficiários. Porém, o recurso aprovado só manterá o benefício até após as eleições deste ano.
Significa que 2023 será um ano sombrio para os mais pobres, pois além do desemprego que deve aumentar, não haverá mais o programa social para aplacar essa situção. E será especialmente pior para o Estado de Roraima, que vive o problema da imigração desordenada de venezuelanos, a maioria deles desempregados, uma pequena parcela vivendo em abrigos e outros recebendo auxílio do governo.
Enquanto se desenha um cenário crítico para o país, os políticos terão a maior montanha de recursos públicos para financiar suas campanhas eleitorais, com um presidente que entregou o país nas mãos do Centrão e que tem se mostrado inábil para conduzir a crise. Precisamos nos preparar para o pior, especialmente quem é assalariado.
*Colunista