Bom dia,
Hoje é terça-feira (25.01). E no apagar das luzes do prazo legal, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), sancionou a Lei Orçamentária Anual (LOA) da União Federal para o já corrente exercício fiscal de 2022. O total previsto para ser gasto pelos três poderes e órgãos com autonomia orçamentária e financeira será de R$ 4,7 trilhões, o que corresponde a 44% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2022, estimado em pouco mais de R$ 8,33 trilhões. A imprensa brasileira, na sua quase totalidade, ocupou boa parte de sua pauta tratando de alguns números internos do Orçamento – é assim que é conhecida a LOA-, da União. O foco dos questionamentos, que serve para alimentar a narrativa da imprensa engajada em provar que o governo de Jair Bolsonaro já acabou antes de terminar, concentrou-se nalguns números, que em valores absolutos são insignificante.
É lamentável constatar a pobreza dos argumentos que toma conta da pauta das discussões no país. No fundo, o que significa destinar R$ 4,7 bilhões para o fundo eleitoral frente aos R$ 4,7 trilhões do orçamento? Relativamente, isso é apenas 0,1%. Ou ainda, os R$ 16,5 bilhões destinados a emendas do relator, que significam algo em torno de 0,35% em relação ao mesmo teto? Na verdade, essas discussões – ainda que necessárias-, são de fundo moral e ético, mas não revelam absolutamente nada quanto ao significado desse Orçamento da União, que revela um país perdido em contradições, dividido no topo de suas instituições republicanas e esquecido de que a maior parte de sua população vive às portas da miséria, marginalizada das riquezas que ela ajuda a produzir.
Angústia dos que se arriscam a pensar fica maior quando se dá uma olhada no que se está discutindo mundo a fora. Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo discute com seu Parlamento medidas e recursos para enfrentar a inflação, o desemprego e a reativação da economia, e de quebra a nação estadunidense discute as consequências da migração de seu sistema energético. Na Alemanha, o governo e seus parlamentares discutem o desastre que foi a opção alemã por energia eólica e solar, que sujeitou a matriz energética daquele país aos caprichos do clima. Na França, onde a matriz energética tem 60% da energia consumida no país fornecida por reatores nucleares, os franceses querem retomar, com vigor; a construção de usinas nucleares, menos poluentes que termoelétricas movidas a combustíveis fósseis. E assim, por diante.
Aqui no Brasil, que vive um processo que os economistas chamam de estagflação – uma combinação de inflação com queda da economia-; onde metade da população precisa de ajuda estatal para comer; com cerca de 40 milhões de trabalhadores e trabalhadoras vivendo no desalento e no desemprego; os políticos agem na base do “farinha pouca, meu pirão primeiro”. E o pior, tudo isso, alimentando uma divisão profunda e interesseira do meio político, revelando que só uma coisa os une: a vontade incontrolável de colocar a mão na maior parte possível do butim, isto é, do dinheiro que o Estado suga de seus trabalhadores. Triste realidade!
ESPECULAÇÃO
Os políticos brasileiros, detestam fazer suas articulações à luz do dia. Essa preferência em articular nas sombras, faz surgir hipóteses nem sempre críveis, mas, seguramente, possíveis. A última, sobre o processo político/eleitoral local da conta de que o governador Antônio Denárium pode trocar o PP, partido a que se filou recentemente, pelo PL do presidente Jair Bolsonaro. O que pode fazer o encontro do interesse de Bolsonaro, com a vontade de Denárium de ter seu apoio, é uma possível candidatura ao Senado Federal por Roraima, do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.
INDÍCIO 1
Vários indícios alimentam a possibilidade de Pedro Guimarães, um economista carioca de 50 anos e homem de confiança de Bolsonaro, vir disputar uma vaga no Senado Federal por Roraima. Nos últimos dois meses, ele visitou o estado – numa delas acompanhado da mulher e de filhos-, com andanças por Boa Vista e outras cidades do interior roraimense, sem aparente agenda oficial. Outro indício é o desejo de Bolsonaro de fazer uma grande bancada de senadores na eleição de outubro próprio, tendo vindo a público, parte de suas conversas e acertos com o presidente nacional do PL, Waldemar da Costa Neto, onde o presidente organizaria as candidaturas ao Senado Federal em cada estado pelo partido.
INDÍCIO 2
Nos últimos dias, correligionários do governador Antônio Denárium, inclusive deputados estaduais, falam do incômodo dele por não ter o controle efetivo do PP no estado, que é presidido pelo deputado federal Hiram Gonçalves. Esses correligionários têm dito a Denárium que ele não pode abrir mão de coordenar, com direito de veto e indicação, a formação das chapas ao Senado Federal, de deputados federais e de deputados estaduais. Essa condição, segundo esses correligionários, Denárium não tem atualmente, nem no PP e muito menos no PR, os dois maiores partidos que lhes dão sustentação no governo e a sua tentativa de reeleição.
INDÍCIO 3
Muitos dos políticos que pretendem disputar as eleições, apoiando e sendo apoiados, por Denárium – inclusive vários integrantes de primeiro e segundo escalão do governo-, ainda não definiram suas filiações esperando que o governador tenha um partido sob seu controle. E a maioria desses políticos fala abertamente na possibilidade de ingresso no PL, mediante uma negociação direta com o presidente Jair Bolsonaro. E para além de falarem, os políticos ligados ao governador Antônio Denárium, trabalham nos bastidores junto aos assessores políticos do presidente para viabilizar a empreitada. Que pode ter desfecho nos próximos dias.