Minha Rua Fala

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𝐄𝐌 𝐑𝐎𝐑𝐀𝐈𝐌𝐀, 𝐀 𝐅𝐀𝐌Í𝐋𝐈𝐀 “𝐆𝐑𝐀𝐗𝐀”

Em Boa Vista era comum alguém de uma família receber um apelido e dai em diante os seus descendentes receberem o mesmo apelido. Um exemplo são os da família “Cafuti”, “Maçarico”, “Sabiá”, “Piauí”, “Bem-te-vi”, e tantos outros.

Na reportagem de hoje, uma homenagem à Família “Graxa”, do “Pedro Graxa” (Pedro Lopes de Melo). Ele está vivo e reside no Bairro São Francisco. O apelido “Graxa” foi lhe dado por um cearense, quando o Pedro trabalhava no garimpo do Suapi, de lavra de propriedade de Levindo Inácio de Oliveira. Resulta que na área de garimpagem de diamante, o local onde os homens trabalhavam, tinha muitos “Piuns” (“Simulium Pertinax”).

O nome é derivado das palavras da língua indígena Tupi: “Pi” (mosquito) e “um” (pequeno), mosquito muito pequeno. No Brasil existem mais de 40 espécies diferentes desse mosquito. Os piuns surgem sempre no início do verão e permanecem incomodando até a chegada do próximo inverno. E, havia também os “borrachudos” (mosquitos um pouco maiores), adaptados aos banhos de igarapés, fazenda e garimpos.

Naquele tempo não tinham inventado ainda os repelentes, tão conhecidos hoje, e os garimpeiros tinham que fabricar alguma coisa para afastar esses terríveis mosquitos, cujas picadas causavam alergias na maioria das pessoas. Uma das defesas utilizadas era acender uma fogueira, pois eles se afastam com a fumaça. Outro método de defesa repelente aos Piuns e borrachudos, era a Graxa industrial para azeitar as máquinas no garimpo. Os homens costumavam passar uma leve camada de graxa no corpo a fim de evitar a picada do Pium.

Ai é que vem a história do Pedro “Graxa”. Ele, não sabendo do que se tratava, e até pensou ser uma lata de doce marmelada, meteu a mão na vasilha e pôs na boca. Os colegas de garimpo, ao ver o Pedro com a graxa na boca, deram uma risada e puseram-no o apelido de: “Pedro Graxa”. Pronto! Dai em diante, não o chamavam mais de Pedro Lopes de Melo. Agora era o “Pedro Graxa”. E, dai, os seus descendentes e outros familiares seus, também passaram a ser chamados com o sobrenome: “Graxa”.

A graxa é um composto químico à base de sabão de cálcio e óleo lubrificante de alta viscosidade, recomendada para uso automotivo, industrial, maquinário agrícola e uso genérico. Oferece alta adesão e boa proteção contra corrosão e oxidação.

O Pedro nasceu no dia 18/10/1932, na cidade de Presidente Dutra, no Maranhão. É filho de Doroteu Lopes de Melo e Antônia Dias de Souza. A sua adolescência e inicio da fase adulta passou na agricultura ajudando os pais. Tem como irmãos: Raimundo (faleceu no dia 08/11/2020. São filhos de Raimundo: Wilson da Silva Melo e William (Big Star) da Silva Melo; José, Maria de Jesus, Luzia, Anorata e Sebastiana.

E, em 1951, acompanhado do cunhado Expedito, deixou o Maranhão e veio para Boa Vista. Quando chegou passou a trabalhar nas fazendas do interior, realizando trabalhos braçais, capina e construção de cercas, entre outros.

Em 1953, retornou ao Maranhão e depois voltou de vez para Boa Vista. Foi casado inicialmente com a senhora Zefinha, com a qual tem o filho, o Sargento Campos (62 anos), hoje na reserva do Exército, residindo em Brasília.

Em 1960, Pedro casou-se com a senhora Efigênia Garcia de Almeida Melo (irmã da ex-deputada estadual Rosa Rodrigues). Ela é filha do casal Maria Sérgia Garcia de Almeida e José Márcio de Almeida (conhecido como “José Delmiro”, 1907-2006). Aliás, o “José Delmiro” tem seu nome numa rua (antiga Rua DI-06) no Distrito Industrial em Boa Vista.

Efigênia Melo, trabalhou muitos anos na primeira Maternidade de Boa Vista (a Divisão de Assistência à Maternidade e à Infância – DAMI-, na Rua Coronel Pinto, onde hoje é o prédio da Seplan. Iniciou em 1956 e deixou o trabalho em 1960, para se dedicar à família. O marido Pedro (Graxa) sempre foi muito trabalhador e, nesta época, dedicava-se à várias atividades: garimpeiro, taxista e dono de um pequeno comércio com vendas de gêneros alimentícios e produtos de utilidade doméstica.

O casal Efigênia e Pedro “Graxa” mora na Rua Capitão Franco de Carvalho, no Bairro São Francisco, e tem os filhos: Matarazzo, Maria Cloves, Pedro Lopes Filho, Marco Aurélio, Marcelo Sérgio, Marta Terezinha e Juliana Aparecida (todos com sobrenome: “Almeida Melo”). Deles descendem 14 netos e 01 bisneta (Valentina).