Com fratura exposta, os fatos e seus desdobramentos cobram uma ‘operação faxina’
Jessé Souza*
A guerra está declarada na Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE-RR). E uma batalha, que não é de confete, está marcada para ocorrer na manhã desta segunda-feira gorda de Carnaval, quando o grupo político ligado ao Palácio do Senador Hélio Campos diz ter 16 deputados prontos para convocar uma sessão extraordinária a fim de cassar o presidente da ALE, deputado Jalser Renier (SD).
O tempo urge para esse grupo ao ter apontado Jalser como o maior mal a ser combatido neste momento na política partidária roraimense. Acusado de ser mandante do sequestro e tortura de um apresentador de televisão, o processo na Comissão de Ética tramitou tão rápido dentro de um enredo que envolve cinco policiais como acusados e dois jornalistas como vítimas, além do próprio deputado e de vários outros citados.
Dentro desse caldeirão, existem ainda os desdobramentos que já provocaram uma nota de repúdio da Associação dos Magistrados, sob o silêncio do Colégio de Procuradores de Justiça do Ministério Público, bem como várias denúncias como gafanhotagem na ALE, má aplicação de recursos públicos, farra com verba de gabinete e parlamentares pegando propina. Sem contar com a acusaça de agiotagem contra o próprio governador Antonio Denarium (PP).
Neste fim de semana, mais denúncias que chamam os órgãos de controle a agirem, sendo a principal delas a existência de uma grande e imoral farra na folha de pagamentos da Assembleia Legislativa, com senadores, deputados federais, integrantes e ex-integrantes do Executivo e Legislativo apontados como detentores de indicações de cargos comissionados na Assembleia Legislativa.
Jalser Renier denunciou que secretários e ex-secretários ligados ao Governo de Roraima teriam R$ 200 mil em indicações; senadores e deputados federais teriam mais de R$500 mil; até vereadores estariam com R$ 120 mil em cargos; deputados da Mesa Diretora são citados como indicadores de cargos que chegam a R$ 3,8 milhões!
Antes dessas revelações feitas em coletiva à imprensa, no sábado, durante o processo de cassação por quebra de decoro parlamentar, Jalser já havia levantado suspeita sobre R$ 40 milhões de crédito suplementar do governo para a Assembleia. E ainda citou o aumento da verba de gabinete dos deputados e o aumento da folha de pagamento da ALE em 25%.
Independente da trincheira entre os que querem cassar e os que querem se manter no Legislativo, a fratura está exposta diante das graves denúncias que não podem deixar de ser apuradas, pois elas são tão graves a ponto de exigirem uma imediata “operação faxina” nas contas do Legislativo, a começar pelo que já foi exposto nesses últimos dias de embate na Comissão de Ética.
Impossível tentar antecipar o que pode ocorrer dentro dessa guerra de “cassa e não cassa”, mas espera-se que a Assembleia Legislativa seja passada a limpo o mais urgente possível, pois o Poder Legislativo tem o importante papel de fiscalizar o Executivo, principalmente neste ano eleitoral em que Executivo tem R$2 bilhões em caixa para gastar.
Cenas dos próximos capítulos…
*Colunista