“Mulheres não são fáceis, mesmo se forem pobres…”
A violência contra a mulher
Dolane Patrícia
No dia 8 de março comemoramos o dia internacional da mulher! No entanto, os índices de violência contra as mulheres tem aumentado de forma colossal!
Quando se fala em violência é normal pensar logo na esfera física, mas existe uma violência muito mais comum do que imagina “a vã filosofia”. Trata-se da violência psicológica, também conhecida como emocional.
Nesse ínterim, podemos citar o comportamento do deputado estadual conhecido como mamãe falei, de São Paulo, que declarou para amigos em um grupo de whatsApp, que: “As mulheres ucranianas são fáceis porque são pobres”!
Por causa dessa conduta, segundo as mídias faladas e escritas, a namorada do deputado terminou o relacionamento, teve declaração explícita de Sérgio Moro, o deputado também retirou seu próprio nome da candidatura ao governo de São Paulo e já se fala em cassação de mandato. Tudo isso porque as mulheres merecem respeito e não apenas as ucranianas, estas já fragilizadas com a guerra que assola o país.
E isso só é possível falar graças ao direito de liberdade de expressão expresso na CF/88.
As mulheres não são fáceis, alguns homens que se aproveitam da fragilidade e da vulnerabilidade de mulheres que precisam de proteção em vez de falácias descompassadas em conversas entre homens machistas.
É impressionante também o aumento da violência contra a mulher em todo país e em Roraima não é diferente. Alguns homicídios simplesmente chocam, pelo requinte de crueldade. Uma mulher de 22 anos foi encontrada morta em seu apartamento, deixando uma filha de 5 meses de idade, o marido a matou e se suicidou depois.
Não é fácil falar sobre isso, mas é necessário!
Vários Estados da Federação estão desenvolvendo projetos para o combate da violência contra a mulher, até porque, o número de mulheres mortas com requinte de crueldade tem aumentado em todo país.
Segundo a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), cerca de 2 milhões de mulheres são espancadas por ano no Brasil, o que equivale a 15 mulheres por segundo. Mas ela lembra que esse número pode ser bem maior, pois a maioria dos casos de espancamentos não é levada às autoridades e não consta das estatísticas.
Em 1994, o Brasil assinou o documento da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, também conhecida como Convenção de Belém do Pará. Este documento define o que é violência contra a mulher, além de e explicar as formas que essa violência pode assumir e os lugares onde pode se manifestar. Foi com base nesta Convenção que a definição de violência contra a mulher constante na Lei Maria da Penha foi escrita.
O caso nº 12.051/OEA, de Maria da Penha Maia Fernandes, foi o caso homenagem à lei 11.340. Ela foi espancada de forma brutal e violenta diariamente pelo marido durante seis anos de casamento. Em 1983, por duas vezes, ele tentou assassiná-la, tamanho o ciúme doentio que ele sentia. Na primeira vez, com arma de fogo, deixando-a paraplégica, e na segunda, por eletrocussão e afogamento.
Após essa tentativa de homicídio ela tomou coragem e o denunciou. O marido de Maria da Penha só foi punido depois de 19 anos de julgamento e ficou apenas dois anos em regime fechado, para revolta de Maria com o poder público. A lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006, e já no dia seguinte o primeiro agressor foi preso, no Rio de Janeiro, após tentar estrangular a ex-esposa.
Anos atrás, em Fortaleza, o corpo de uma mulher queimada pelo marido foi enterrado, no Cemitério do Iguape, em Aquiraz, Região Metropolitana. De acordo com a Polícia, João Lopes Filho, 42, teria jogado combustível em sua ex-esposa e ateado fogo.
O Tribunal de Justiça do Tocantins chegou a sediar o seminário de lançamento da campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha: a Lei é mais Forte. Fruto de parceria entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a campanha fomentou o combate à violência doméstica no Brasil. Uma das ações visa sensibilizar magistrados de todo o País para que tribunais do júri priorizem o julgamento dos processos criminais que envolvem assassinatos de mulheres.
A Lei nº 11.340/2006, Lei Maria da Penha, alterou o Código Penal Brasileiro e possibilitou que agressores de mulheres no âmbito doméstico ou familiar sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva decretada. Essa legislação define que são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher todas às agressões de caráteres físico, psicológico, sexual, patrimonial e moral.
Segundo a ONU, “Cerca de 70% das mulheres sofrem algum tipo de violência no decorrer de sua vida. As mulheres de 15 a 44 anos correm mais risco de sofrer estupro e violência doméstica do que de câncer, acidentes de carro, guerra e malária, de acordo com dados do Banco Mundial.”
A forma mais comum de violência experimentada pelas mulheres em todo o mundo é a violência física praticada por um parceiro íntimo, em que as mulheres são surradas, forçadas a manter relações sexuais ou abusadas de outro modo.
Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizado em 11 países constatou que a porcentagem de mulheres submetidas à violência sexual por um parceiro íntimo varia de 6% no Japão a 59% na Etiópia. Diversas pesquisas mundiais apontam que metade de todas as mulheres vítimas de homicídio é morta pelo marido ou parceiro, atual ou anterior.
Precisa matar? Não seria melhor seguir a vida? É como diz uma publicação muito compartilhada no facebook:
“Lindo, é quando um pássaro pousa ao seu lado, podendo voar, quando, mesmo sabendo que existem outros ninhos e que pode procurar, resolve ficar.”
É o que todos nós devemos pensar. Ofender? Tirar a vida? Espancar? Queimar? Esfaquear? Só vai causar mais feridas, às vezes no coraç
ão de pessoas que não tem nenhuma culpa, como no caso da criança de 5 meses que foi deixada órfã, em razão da morte brutal da sua mãe pelo seu amante.
“Quem bate na mulher, machuca a família inteira!”
E quanto as mulheres Ucranianas, elas não são fáceis, são fragilizadas e alguns homens tiram proveito dessa fragilidade, e tudo que aconteceu com o deputado de São Paulo após suas declarações, mostram o quanto a mulher é importante, o que faz oportuno trazer a baila a frase de ZuKawaguchi: “Para quem não tem nada a perder sempre terá uma mulher fácil pra amar, agora perder tudo que se tem por coisas fáceis é perda de juízo, é não saber dar valor às suas conquistas e às dificuldades vividas para tê-las.” (sic)
Mulheres são fortes, e são unidas. Mulheres merecem respeito!
Advogada, Juíza Arbitral, Coach, Escritora, Apresentadora de TV Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, Pós Graduada em Direito Processual Civil e Direito de Família, Pós Graduanda em Direito Empresarial, Tributário, Neurociência e Alta Performance. Personalidade da Amazônia e Brasileira Acesse: dolanepatricia.com.br.Whats 99111-3740. Baixe o aplicativo Dolane Patricia. #dolanepatricia
Pautando a sociedade: povo Wapichana, histórias e o Bem Viver
Evandro Pereira[1]
Nós indígenas brasileiros aprendemos viver em tempos de paz e sobreviver em tempos de guerra. Temos resistido bravamente à exploração de nossas terras há séculos. Especialmente o meu povo, os Wapichana, tem consciência de que a vida nesta região de fronteira norte amazônica, sempre foi desafiadora e tudo foi conquistado com luta e enfrentamento.
Estamos habitando aqui na atual fronteira do Brasil e Guiana há cerca de 4 ou 5 mil anos. Nossos ancestrais conviveram com outros povos indígenas, mantendo suas culturas, realizando suas trocas, mas sempre com a convicção de que nossas tradições nos capacitam a convivermos com os diferentes e a buscar o entendimento para uma vida coletiva. Nosso bem viver reflete-se na habilidade que temos de lidar com as crises e superá-las coletivamente, assim como no modo como tratamos a natureza que é nossa mãe e nosso respeito pela vida em comum, com nossos rituais e nossa espiritualidade.
Natural da Terra Indígena da Malacacheta, região Serra da Lua, município de Cantá, no estado de Roraima, tenho a honra e privilégio de fazer aqui minhas homenagens a homens e mulheres desta rica região que, com dignidade e coragem construíram nossas comunidades, repassando as tradições às novas gerações, em diálogo com o estado nacional.
Meu bisavô foi o líder Wapichana, Augusto Amazonas da Costa Pinto. Nasceu no ano de 1907 e viveu na fazenda Areia Branca, sua propriedade na região da Malacacheta, até o fim dos seus dias. É considerado o maior criador de gado da região, bem antes do projeto da Diocese, instituição que incentivou a produção de bovino em terras indígenas a partir da década de 1970.
Vovô Augusto foi exemplo de diálogo entre o mundo indígena e o mundo dos brancos, é parte da história de nosso povo. Ele, juntamente, com o saudoso tuxaua Constantino Viana Pereira, nascido em 1910 e um dos fundadores da comunidade, estavam presentes na inauguração da ponte dos Macuxi sobre o Rio Branco, em 1975.
Na histórica cerimônia, o tuxaua Constantino descerrou a fita junto com o presidente da república, General Ernesto Geisel, na presença do governador, coronel Fernando Ramos Pereira e várias autoridades. A obra foi considerada a maior ponte em sistema de aço construída na América do Sul até aquele ano. É a ligação da capital Boa Vista aos municípios do Cantá, Normandia, Bonfim, permitindo a integração terrestre com a República Cooperativista da Guiana. Os registros ficaram na história de Roraima.
Meu pai, Evodio Pereira foi catequista, ex-tuxaua e rezador da comunidade Malacacheta. Na condição de tuxaua da comunidade, executou um importante projeto de piscicultura, com recursos oriundos do governo italiano, por meio da Diocese de Roraima. Foi representante da região da Serra da Lua junto ao Conselho Indígena de Roraima/CIR.
Lembramos com carinho também do legado dos professores, Consolata de Oliveira e Delson de Oliveira, nossos mestres que nos ensinaram as primeiras letras, assim como o apego aos estudos, o respeito pelo outro e a valorização de nossa cultura. Infelizmente ambos nos deixaram em 2020, vítimas das complicações da pandemia do Covid-19. Grandes perdas para a comunidade, mas que sempre serão lembradas em nossos corações e mentes, pois nesta terra estão suas raízes ancestrais e suas sementes de saber.
Em vida, homenageamos aqui nossos anciãos e anciãs, que são nossos sábios. Nossa juventude também tem o merecido reconhecimento, pois tem feito a diferença dentro e fora da comunidade. Como exemplo de luta e resistência, destaco a vida e a obra da ex-tuxaua, Maria Inês Mota Rodrigues. Parteira, artesã com mãos habilidosas na produção da panela de barro da Malacacheta, dona Maria Inês foi a responsável pela criação do Festival da Damurida, a maior celebração da culinária indígena de Roraima. A ela, nossos agradecimentos por acreditar em nossa cultura e perpetuar a arte e a sabedoria dos povos amazônicos.
Dentre muitos jovens, destacamos a liderança de Roberlândio Rodrigues Messias, sociólogo, acadêmico de Odontologia, ex-vereador do município de Cantá e filho de dona Maria Inês. Roberlândio, nosso Beija-Flor, além da projeção política e acadêmica, é figura central nos eventos culturais e pedagógicos, pois, fez parte da comissão organizadora da Festa da Damurida e foi secretário da Escola Estadual Sizenando Diniz.
Estes e muitos outros tem construído com dedicação nossa comunidade e apontado para um futuro ainda mais promissor, mantendo esta fronteira intercultural aberta ao diálogo. Temos orgulho de nossa Malacacheta, ela é nosso bem viver, nossa mãe, nossa memória e cultura ancestral.
Evandro Pereira Sociólogo, ex- coordenador da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores indígenas de Roraima e membro do Comitê Pró-cultura de Roraima.
Chute a lata
Afonso Rodrigues de Oliveira
“A vida é para quem topa qualquer parada, não para quem para em qualquer topada”. (Bob Marley)
Viver a vida é viver os bons momentos sem ter parado nas topadas dos trancos. A topada geralmente impulsiona para a frente, nunca para trás. Quando prestamos atenção a isso não nos aborrecemos com as topadas. Mesmo que elas doem. Já lhe falei do dia em que, ainda garotinho, vesti-me elegantemente, para ir ao funeral do pai do meu amiguinho, da escola. Lá na frente encontrei uma lata-galão, jogada no chão. Sem refletir, chutei a lata. Só que a lata estava cheia de cimento. Imagine a dor que senti, e tive que voltar para casa. Quase nos consegui tirar o sapato, por conta do inchaço do pé. Acredite, a dor não foi maior do que a minha burrice. Portanto, cuidado quando for chutar a lata.
Mas vamos falar sério. A vida deve ser vivida com parcimônia, cautela, mas com decisões e determinação. O Harry Benjamin nos sugere: “Não acrescente dias à sua vida, mas vida aos seus dias”. Viva livre, leve e solto. Mas com racionalidade para não cometer chutes desnecessários na hora de escolher a vereda da vida. Mas fique tranquilo, ou tranquila, porque você tem o poder de que necessita para dirigir sua vida. Todos somos donos do nosso timão. O importante é que saibamos como dirigi-lo. E o cabo “Sivirino” nos dá o exemplo de que a razão está com quem sabe onde ela está.
As Amazonas estão de volta. E ninguém as ama mais do que eu. E estou me desculpando por ter esquecido de parabenizá-las pelo seu dia, ontem. E estou feliz porque elas estão vencendo. Só me preocupa a euforia que as está invadindo. Um abração do tamanho do mundo, para todas as mulheres. Prometo que nunca mais serei negligente com os parabéns. Vamos citar uma mulher extraordinária, que nos deixou um legado na alegria, apesar dos pesares, a Helen Keller. Ela nos deixou esse pensamento: “A alegria é o fogo que mantém aceso o nosso objetivo, e acesa a nossa inteligência”.
Então vamos viver a alegria de viver. Não vamos perder tempo com os erros dos outros. O ser humano é um animal em evolução. E independentemente de sua posição social, intelectual, seja lá qual for, ele está num grau de evolução. Mas mesmo assim, isso o mantém na condição se ser igual nas diferenças. Só no dia em que o ser humano entender isso não teremos mais guerras. Mas até lá vamos encarar as topadas, mesmo quando elas são dos outros. Senão não seriamos iguais.
Respire fundo, porque isso faz vem ao coração. E um coração sadio nos traz alegria e felicidade. Viva seu dia, como ele deve ser vivido. Muito amor, dedicação e respeito ao próximo. Pense nisso.
99121-1460